Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

RONALDO, NÓS É QUE TEMOS VERGONHA DE VOCÊ...!

"Nem a contradição é sinal de falsidade nem a falta de contradição é sinal de verdade". (Blaise Pascal)



“Nunca antes na história desse País” um evento da grandeza de uma Copa do Mundo foi tão achincalhado pela “mídia nativa” e por setores conservadores como esse mundial no Brasil. Aliás, nesse sentido o grande Cientista Político, Wanderley Guilherme, assinala:”...o imenso planejamento das benfeitorias que serão deixadas pela Copa, muitas das quais já operando, foi até aqui esmagado por uma das mais estúpidas campanhas jamais patrocinada pelo conservadorismo oposicionista e uisquerdóides de todos os tempos...”

A explicação para esse bombardeio midiático é simples e têm dois motivos: o primeiro é político, pois, os neolacerdistas pensam que o fracasso dessa Copa será a redenção para a oposição raivosa; o outro motivo é o “complexo de vira-latas” que é inerente aos colonizados que compõe às forças conservadoras do país, incluindo aqui, figuras de “peso”, como por exemplo, Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Ronaldo “Fenômeno”, membro do Conselho de Administração do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo da FIFA.

O craque do futebol, e agora da demagogia, cumprindo o seu fiel papel de porta-voz das elites não hesitou em mudar de lado. Deu um drible no COL, e durante uma entrevista politizou e afirmou que tinha vergonha de ser brasileiro, dizendo ainda, que pretende morar fora do Brasil, e como empresário, investirá no exterior. E finalizou declarando seu voto no amigo Aécio Neves.

Aliás, o garotão propaganda da Rede Globo e de Aécio “Never”, além de traíra e demagogo, é contraditório, pois, nessa mesma entrevista disse:”...posso dizer que em todas as outras Copas do Mundo houve muito atraso. Em 2006, a Alemanha, que é primeiro mundo, não entregou um estádio para a Copa das Confederações e acabou fazendo o torneio com um estádio a menos. Isso não é um problema. Dá-se um jeito. Mas os atrasos que eu acho que são uma grande pena para o nosso povo são os que acontecem em infraestrutura, em aeroportos e em mobilidade urbana....”

Diante dessa posição de Ronaldo, podemos abstrair três coisas: primeiro, como bem assinalou o Ministro Aldo Rebelo, “...ter vergonha do país não é algo que alguém que tem responsabilidade pública possa dizer”; segundo, ao afirmar que vai embora do Brasil, Ronaldo está prevendo a derrota do seu amiguinho playboy, Aécio “Never”; terceiro, demonstra que o seu oportunismo como centroavante agora é utilizado de maneira suja, antiética e a favor da “viralatice” tupiniquim, e finalmente, mostra a sua total ignorância, pois, qualquer cidadão de mediana inteligência sabe que as obras de infraestrutura que não foram concluídas a tempo da Copa, serão continuadas e entregues ao povo brasileiro.

Aliás, com relação a essa entrevista de Ronaldo vale citar o jornalista, Davis Sena:”...Nada mais coxinha, nada mais patético e colonizado. Nada mais subserviente e subalterno do que o pensamento e as intenções do Ronaldo. Contudo, ele apenas, e aposto que não sabe disso, retrata a "viralatice" de milhões de brasileiros inquilinos das classes médias tradicionais e ricas....Aqueles que se olham no espelho e se lamentam todos os dias por terem nascidos brasileiros. São os narcisos ao avesso ou às avessas...”

Ademais, nos parece que Ronaldo não é a pessoa mais indicada para criticar a Copa do Mundo ou para falar de corrupção, basta lembrarmos a sua íntima amizade com o gangster, Ricardo Teixeira. Outro fato que nos chama atenção é o gritante conflito de interesse entre sua empresa e o COL. Não podemos nos esquecer, também, que a “9ine” é preposto (laranja) da gigante empresa de comunicação inglesa, a WPP, ligada ao escândalo do "Valerioduto", além de que, o “Fenômeno”, como membro do COL, é também responsável pela organização da Copa. E tudo isso, sem contar o péssimo exemplo de sua vida particular.

Assim, e longe do ufanismo de alguns, e tampouco, do pessimismo de outros, podemos afirmar, que mesmo diante dos problemas relacionados às obras o legado do Mundial já está garantido aos brasileiros, fato também, é que o Brasil realizará uma  inesquecível e grandiosa Copa do Mundo. Quanto ao “Fenômeno” só nos resta lamentar e dizer: Ronaldo, nós é que temos vergonha de você..!

terça-feira, 27 de maio de 2014

O PAVOR DOS ABASTADOS

Um brilhante texto do Teólogo, Leonardo Boff que vale a pena ler:

"Está causando furor entre os leitores de assuntos econômicos, economistas e principalmente pânico entre os muito ricos um livro de 700 páginas escrito em 2013 e publicado em muitos países em 2014. Transformou-se num verdadeiro best-seller. Trata-se de uma obra de investigação, cobrindo 250 anos, de um dos mais jovens (43 anos) e brilhantes economistas franceses, Thomas Piketty. O livro se intitula "O capital no século XXI” (Seuil, Paris 2013). Aborda fundamentalmente a relação de desigualdade social produzida por heranças, rendas e principalmente pelo processo de acumulação capitalista, tendo como material de análise particularmente a Europa e os USA.

A tese de base que sustenta é: a desigualdade não é acidental, mas o traço característico do capitalismo. Se a desigualdade persistir e aumentar, a ordem democrática estará fortemente ameaçada. Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos USA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceber que é uma democracia mais formal que real.

Esta tese sempre sustentada pelos melhores analistas sociais e repetida muitas vezes pelo autor destas linhas, se confirma: democracia e capitalismo não convivem. E, se ela se instaura dentro da ordem capitalista, assume formas distorcidas e até traços de farsa. Onde ela entra, estabelece imediatamente relações de desigualdade que, no dialeto da ética, significa relações de exploração e de injustiça. A democracia tem por pressuposto básico a igualdade de direitos dos cidadãos e o combate aos privilégios. Quando a desigualdade é ferida, abre-se espaço para o conflito de classes, a criação de elites privilegiadas, a subordinação de grupos, a corrupção, fenômenos visíveis em nossas democracias de baixíssima intensidade.

Piketty vê nos USA e na Gran Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais, o que é atestado também por um dos maiores especialistas em desigualdade Richard Wilkinson. Nos USA executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio. Eric Hobsbawn, numa de suas últimas intervenções antes de sua morte, diz claramente que a economia política ocidental do neoliberalismo "subordinou propositalmente o bem-estar e a justiça social à tirania do PIB, o maior crescimento econômico possível, deliberadamente inigualitário”. 

Em termos globais, citemos o corajoso documento da Oxfam Intermón, enviado aos opulentos empresários e banqueiros reunidos em Davos em janeiro deste ano como conclusão de seu relatório "Governar para as elites, sequestro democrático e desigualdade econômica”: 85 ricos têm dinheiro igual a 3,57 bilhões de pobres do mundo.

O discurso ideológico aventado por esses plutocratas é que tal riqueza é fruto de ativos, de heranças e da meritocracia; as fortunas são conquistas merecidas, como recompensa pelos bons serviços prestados. Ofendem-se quando são apontados como o 1% de ricos contra os 99% dos demais cidadãos, pois se imaginam os grandes geradores de emprego.

Os prêmios nobéis J. Stiglitz e P. Krugman têm mostrado que o dinheiro que receberam do Governo para salvarem seus bancos e empresas mal foram empregados na geração de empregos. Entraram logo na ciranda financeira mundial que rende sempre muito mais sem precisar trabalhar. E ainda há 21 trilhões de dólares nos paraísos fiscais de 91 mil pessoas.

Como é possível estabelecer relações mínimas de equidade, de participação, de cooperação e de real democracia quando se revelam estas excrecências humanas que se fazem surdas aos gritos que sobem da Terra e cegas sobre as chagas de milhões de co-semelhantes?

Voltemos à situação da desigualdade no Brasil. Orienta-nos o nosso melhor especialista na área, Márcio Pochmann (veja também Atlas da exclusão social – os ricos no Brasil, Cortez, 2004): 20 mil famílias vivem da aplicação de suas riquezas no circuito da financeirização, portanto, ganham através da especulação. Continua Poschmann: os 10% mais ricos da população impõem, historicamente, a ditadura da concentração, pois chegam a responder por quase 75% de toda riqueza nacional. Enquanto os 90% mais pobres ficam com apenas 25%”(Le Monde Diplomatique, outubro 2007).

Segundo dados de organismos econômicos da ONU de 2005, o Brasil era o oitavo país mais desigual do mundo. Mas graças às políticas sociais dos últimos dois governos, diga-se honrosamente, o índice de Geni (que mede as desigualdades) passou de 0,58 para 0,52. Em outras palavras, a desigualdade que continua enorme, caiu 17%.


Piketty não vê caminho mais curto para diminuir as desigualdades do que a severa intervenção do Estado e da taxação progressiva da riqueza, até 80%, o que apavora os super-ricos. Sábias são as palavras de Eric Hobsbawn: "O objetivo da economia não é o ganho mas sim o bem-estar de toda a população; o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas”." Leonardo Boff

quinta-feira, 8 de maio de 2014

HÁ LIMITES PARA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO?

"O ódio é a vingança do covarde" - George Bernard Shaw

Uma das maiores conquistas do povo brasileiro com a Constituição Federal de 1988 foi à liberdade de pensamento e de expressão.  Essas duas garantias, que são cláusulas pétreas, possuem um valor imensurável, pois, foram décadas sem que o cidadão brasileiro e a imprensa pudessem se expressar livremente.

Mas, malgrado, toda relevância da liberdade de pensamento e expressão, a mesma impõe limitações, aliás, a própria Constituição Federal estabelece esses limites, como por exemplo, vedando o anonimato e a difusão de pensamentos tendentes a ceifar a vida ou a incitação à violência.

No entanto, o que se vê é um verdadeiro abuso dessa garantia constitucional. A “mídia nativa”, por exemplo, se valendo da liberdade de expressão vem cometendo inúmeros excessos em suas matérias e opiniões.

Um dos casos mais gritantes desse abuso ocorreu com o Promotor de Justiça de São Paulo, Rogério Zagallo, que preso no trânsito, devido as manifestações, disse essa impropriedade: “...Estou há duas horas tentando voltar para casa, mas tem um bando de bugios revoltados parando a Faria Lima e a Marginal Pinheiros. Por favor alguém pode avisar a Tropa de Choque que essa região faz parte do meu Tribunal do Júri e que se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial..” Aliás, parece que esse Promotor tem forte inclinação ao fascismo, pois, ao arquivar um inquérito, assim se manifestou: ”...Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer. Lamento, todavia, que tenha sido apenas um dos rapinantes enviados para o inferno. Fica aqui o conselho para Marcos Antônio [policial]: melhore sua mira..”    

Depois desse caso apareceram vários outros abusos, o mais recente, mais grave e que teve uma enorme repercussão, foi a opinião da jornalista do SBT, Rachel Sheherazade. Ao informar que um adolescente do Rio de Janeiro foi espancado e amarrado nu em um poste por justiceiros, a “cretina” jornalista fez o seguinte comentário: “...O marginalzinho amarrado ao poste era tão inocente que, ao invés de prestar queixa contra seus agressores, preferiu fugir antes que ele mesmo acabasse preso...No país que a violência é endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que ainda por cima foi desarmado? Se defender, é claro! O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva”.....E aos defensores dos direitos humanos que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um bandido”.

Não há dúvida de que esses tipos de comentários são incompatível “com o axioma da igualdade moral humana, não sendo, também por isso, publicamente razoáveis”. Ademais, essas opiniões vão muito além da liberdade de expressão, elas incitam a violência, a barbárie, tem forte viés fascista e é um fragrante atentado ao Estado Democrático de Direito.

A propósito, Maurício Gentil, ensina:”...com efeito, a liberdade de expressão não pode ser apanágio para que, sobretudo em meios de comunicação, seja efetuada a apologia para a prática da “justiça com as próprias mãos” e nem tampouco para que tal “justiça” seja efetuada em forma de barbárie, com evidente e inaceitável supressão dos direitos fundamentais essenciais à dignidade da pessoa humana... A liberdade de expressão e de comunicação social não pode ser utilizada para preparar ambiente para um regime nazista, fundado ideologicamente em um crime contra a humanidade...”
Aliás, com relação ao perigo da instigação à violência, no dia 03/05/2014, na cidade de Guarujá/SP, acompanhamos outro caso assombroso e extremamente cruel. Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi linchada e morreu ao ser espancada por populares, confundida com o retrato falado de uma pessoa que estaria sequestrando crianças para atos de magia negra.

Esse abjeto caso teve uma grande repercussão, e está fazendo com que as cabeças pensantes liguem essa barbárie à tese defendida pela jornalista, Rachel Sheherazade. É o caso, por exemplo, do jornalista Roberto Boechat, que fez um duro comentário: “...Esse crime aí, minha gente, tem tanta responsabilidade, o autor do boato espalhado pela internet, no 'Guarujá Alerta', quantas pessoas que, mesmo em emissoras de televisão, estimulam a cultura da justiça com as próprias mãos. Isso está dentro do mesmo panorama, que propicia, estimula, que justifica o linchamento. É hora dessas pessoas, agora, virem a público [e dizerem] como se sentem depois da consumação de sua própria teoria, na prática".

Nesse diapasão, outro jornalista, Luciano Martins Costa, assinalou: “...As manifestações de não-civilidade das classes privilegiadas podem ser observadas na opinião de colunistas da imprensa que estimulam o radicalismo e a intolerância... Ao despejar seletivamente suas rajadas contra as instituições públicas, a imprensa provoca a demonização dos poderes republicanos, criando no imaginário da [sociedade] uma aversão ao regime democrático e à legitimidade da ordem social...É função da imprensa fazer a crítica pública do poder, mas também é sua obrigação fazer a defesa do regime democrático...”

Diante de tudo isso é incontestável a necessidade de se aprovar uma “lei de médios”, não para censurar, mais para impor um limite a essas intolerâncias. O grande perigo para o Brasil não são os governos trabalhistas, como apregoam a imprensa, o maior risco são os fascistas, travestidos de jornalistas, contratados a peso de ouro pelo baronato da mídia, para desestabilizar o país com o seus comentários carregados de ódios, preconceitos, mentiras e agressões. Com a palavra o Congresso Nacional!
                                                      

terça-feira, 6 de maio de 2014

#SomosTodosDeÁfrica


“Não ligo que me olhem da cabeça aos pés..porque nunca farão minha cabeça e nunca chegarão aos meus pés” – Bob Marley


Malgrado alguns senões, podemos afirmar que o Brasil é um exemplo em matéria de legislação no combate ao racismo. Temos leis infraconstitucionais, como, por exemplo, o “Estatuto da Igualdade Racial” e a própria Lei Maior do País que prevê que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” (art. 5º, XLII).

Mas, mesmo diante desse arcabouço legal, parece que as leis não são suficientes para constranger as inúmeras atitudes e atos de racismo no Brasil e mundo afora. Dessa forma, não obstante a importância das mesmas nos afigura que o fim dessa barbárie somente ocorrerá a partir da educação e do momento que se tratar a luta contra o racismo sem desvios, hipocrisias ou mentiras. 

A falsidade no debate sobre o preconceito racial, lamentavelmente, toma conta de quase todos os segmentos da sociedade, e por mais paradoxal que seja até mesmo na grande mídia. O jornalista global, Ali Kamel, por exemplo, teve o desplante de lançar um livro cujo título é: “Não somos racistas”. Nessa “obra” ele sustenta que não há discriminação racial no Brasil e que todos vivem em total harmonia. Está claro de que se trata de um antagonismo que em nada contribui para o bom debate, ao contrário, distorce e tenta encobrir os rotineiros casos de racismo no Brasil, que saltam aos olhos.

O racismo, como sabemos, não é uma prática, meramente “tupiniquim”, o mundo está cercado por todo tipo de intolerância, em especial a racial. No dia 27 de abril, por exemplo, o planeta foi surpreendido com mais um terrível caso de racismo. Desta feita foi na Espanha, e a vítima foi o brasileiro Daniel Alves, jogador do Barcelona.  O caso ocorreu durante a Partida contra o Villarreal. Quando Daniel Alves se preparava para cobrar um escanteio um torcedor jogou uma banana fazendo alusão ao macaco. Em ato contínuo e com uma pronta e inteligente reação, Daniel Alves pegou a fruta e a comeu. Essa imagem ganhou o mundo e obteve reações duras e firmes contra o racismo, mas, também, houve ações oportunistas e hipócritas.

Logo em seguida ao episódio, o Atleta Neymar, em “solidariedade” ao colega, Daniel Alves lançou, nas redes sociais, uma campanha denominada #somostodosmacacos. Essa campanha ganhou apoio de inúmeras personalidades, dentre elas, Luciano Huck. No entanto, descobriu-se depois que tal campanha foi idealizada pela agência de publicidade “Loducca”, e o mais terrível: Luciano Huck pegando carona na campanha, colocou à venda camisetas com o slogan #somostodosmacacos, ou seja, para Neymar foi uma jogada de marketing, e para o apresentador global, a luta contra o racismo se transformou em fonte de renda.

Aliás, essa campanha mereceu inúmeras críticas, a contar do próprio Daniel Alves, que disse: “...."Eu não gosto muito do #somostodosmacacos, porque acho que a gente é a evolução disso. Somos humanos e todos iguais. Acho que é isso que devemos defender...Marcas me procuraram, mas eu não quero ganhar com isso, não quero popularidade. Não quero ganhar nada a não ser a luta contra o racismo..."

Nessa mesma linha a Ministra a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, manifestou: "...Essa imagem do macaco associada à pessoa negra é uma imagem muito poderosa. E se você assume essa imagem como válida, corre o risco também de reforçar o estereótipo. Eu entendo a campanha e a motivação da campanha, mas não é possível assegurar que ela tenha o sucesso necessário para reverter a representação negativa que a palavra 'macaco' tem quando associada à pessoa negra...."

Por sua vez, o Professor e militante do Movimento Negro, Douglas Belchior, assim se posicionou:“...a atitude de Daniel Alves não há o que interpretar. Ele elaborou uma reação objetiva ao racismo: Vamos ignorar e rir!....Neste país, assim como em todo o mundo, a comparação de uma pessoa negra a um macaco é algo culturalmente ofensivo....Eu como negro, não admito. Banana não é arma e tampouco serve como símbolo de luta contra o racismo. Ao contrário, o reafirma na medida em que relaciona o alvo a um macaco e principalmente na medida em que simplifica, desqualifica e pior, humoriza o debate sobre racismo no Brasil e no mundo...Eu adoro banana. Aqui em casa nunca falta. E acho os macacos bichos incríveis, inteligentes e fortes...Viemos deles e a história da evolução da espécie é linda. Mas se é para associar a origens, por que não dizer que #SomosTodosNegros  ou #SomosTodosDeÁfrica ? Porque não lembrar que é de África que viemos, todos e de todas as cores? E que por isso o racismo, em todas as suas formas, é uma estupidez incompatível com a própria evolução humana? E, se somos, por que nos tratamos assim?"

Diante de tudo isso cabe a nós rechaçar qualquer forma de preconceito, em especial o racial, bem como confrontar e denunciar, publicamente, todos aqueles oportunistas que deturpam o debate ou que fazem da luta contra o racismo trampolim para seus interesses pessoais. Essa luta é muito mais ampla, ela é coletiva e o debate deve ser aberto, radical, sem subterfúgios e pautado nos conhecimentos sociológicos e políticos de todo o processo histórico que envolve o embate contra o racismo. Diferente disso é puro oba,oba...!