Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A MOLECAGEM DO PODER JUDICIÁRIO

Por: Odilon de Mattos Filho

Sabe-se que o Poder Judiciário brasileiro, historicamente, sempre esteve a serviço dos interesses das classes dominantes. Mas nestes últimos doze anos, essa vassalagem do judiciário e o seu ativismo político/partidário são descarados e vergonhosos. 

A Ação Penal 470, conhecida como mensalão, marca o início do ativismo político que tomou conta do Sistema Judiciário brasileiro e da mudança de visão doutrinária de boa parte dos magistrados e membros do MP que abandonaram o garantismo que prima pela dignidade da pessoa humana, corolário do Estado democrático de Direito, para cair na praga do punitivismo que propõe mais sanções e menos direitos e que se tornou um mantra das classes dominantes e dos barões da mídia. A gênese dessa mudança veio com o voto da ministra Rosa Weber e de Joaquim Barbosa na AP 470. Diz a Ministra: “Não tenho provas contra José Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura assim me permite”. Já o Ministro Joaquim Barbosa, corroborando a parcialidade deste julgamento respondeu assim ao Ministro Luiz Roberto Barroso: "foi feito para isso" se referindo à exacerbação nas penas, como impulso para superar a prescrição do crime de quadrilha imputado aos réus. 

Depois desta ação penal veio a malfada Operação Lava-jato comandado pelo ex-juiz Sérgio Moro, que estava, em tese, a serviço dos interesses do governo estadunidense, de suas corporações privadas e de interesses de certas facções políticas. Sua nomeação para o Ministério da Justiça do futuro governo fascista é a prova cabal dessa afirmativa e certamente é o pagamento da primeira parcela dos bons serviços prestados ao futuro presidente Jair Bolsonaro. A parcela final, provavelmente, será a sua indicação para ministro do STF ou até mesmo suceder Bolsonaro em 2022. É esperar para ver! 

Nas ações que teve como objeto as investigações dessa operação acompanhamos uma enxurrada de arbitrariedades, conluios, gincanas e arranjos jurídicos patrocinados pelo Juiz Sérgio Moro e pelo MPF para conseguirem seus objetivos e cumprir acordos políticos que passaram pela inviabilização financeiramente de nossas indústrias pesadas de infraestrutura, esculhambar a imagem de nossas empresas estatais, especialmente, da Petrobras abrindo caminho para justificar as privatizações e por fim, o principal alvo: tentou-se exterminar o Partido dos Trabalhadores e seu grande líder nacional Luiz Inácio Lula da Silva. 

A persecução penal contra o presidente Lula é um exemplo nítido desse objetivo que é realizado de forma aberta e abjeta, tanto, que o mundo vem denunciando que o presidente Lula é um preso político. Os arranjos e malabarismos jurídicos que afrontam a lei e a própria Constituição Federal são utilizados de maneira escancarada e sem cerimônia por juízes de piso, pelas cortes superiores e até pela Suprema Corte para obstaculizar qualquer ação de defesa proposta pelo presidente Lula. A ordem é mantê-lo preso até que morra!

No dia 19/12/2018, acompanhamos mais um capítulo dessas sórdidas manobras e arranjos jurídicos. Foi amplamente divulgado que o ministro do STF Marco Aurélio Mello concedeu, de maneira corajosa e agindo como verdadeiro guardião da Constituição, liminar na qual julgou constitucional o artigo 283 do CPP que prevê, assim como a CF/88, a presunção de inocência (Art. 5º, LVII)  princípio este, com status de cláusula pétrea, estabelecido pela própria Magna Carta (Art. 60, IV da CF/88). Com essa decisão, réus cujos processos não transitaram em julgados deveriam ser soltos, dentre eles, figurava o presidente Lula, lembrando, que diferentemente do noticiado, nem todos os réus seriam beneficiados por essa liminar, pois, cada processo seria analisado por um juiz à luz da Lei de Execução Penal.

Concedida essa liminar a mesma só poderia ser derrubada pelo Pleno do STF, porém, do nada eis que surge o presidente do STF, Dias Toffoli e numa só baionetada, ou melhor, canetada derrubou, em tempo recorde, a referida liminar passando por cima da jurisprudência da própria Corte que já pontificou que somente o plenário do STF poderia contrariar uma decisão dada em caráter liminar do relator da ação de controle de constitucionalidade. 

Não temos dúvidas de que não foi apenas o ativismo político do ministro Dias Toffoli que o levou a tomar essa decisão de caçar a liminar do ministro Marco Aurélio. Este ato mostra, também, a decomposição ética e moral deste magistrado e constitui em um fortíssimo sinal de que os togados do STF já estão sendo controlados pelos fardados do governo. Não foi por menos que o general Paulo Chagas e o presidente Bolsonaro postaram comentários em seus Twitter. O quatro estrelas disse que "a atitude unilateral contrária a uma decisão colegiada é uma demonstração de indisciplina intelectual e de escárnio ao STF e à sociedade brasileira. Marco Aurélio Mello merece cassação!1" Já o capitãozinho Bolsonaro elogiou o ministro Dias Toffoli dizendo: “Parabéns ao presidente do STF por derrubar a liminar que poderia beneficiar dezenas de milhares de presos em segunda instância no Brasil e colocar em risco o bem estar de nossa sociedade...2”.

Neste episódio, uma vez mais, fica claro que essa ingerência e açodamento para derrubar a liminar do ministro Marco Aurélio só se deu porque dentre os réus beneficiados estaria o presidente Lula. Se essa liminar não o alcançasse, certamente, todos os juizes já tinham expedido os mandados de soltura e se quer, apareceria uma só nota sobre o caso nos jornais. É impresionante como os algozes de Lula tremem de medo dele. Lula parece um fantasma que atormenta a vida destes verdugos que, certamente, entram em pânico frente a qualquer vestígio que possa trazer o presidente Lula de volta aos braços do povo brasileiro. E o ato do ministro Dias Toffoli é um exemplo desta pusilanimidade.

A propósito, o brilhante jurista e Professor Afranio Silva Jardim em corajoso desabafo pontificou sobre o atual sistema judiciário: “A minha decepção e desgosto é muito grande. Como lecionar direito com um STF como este? Estou me retirando deste “mundo” falso e hipócrita. Após quase 39 anos lecionando direito processual penal e 31 anos atuando no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, diante da notória perseguição do nosso sistema de justiça contra o ex-presidente Lula, confesso e decido: não mais acredito em nosso Poder Judiciário e em nosso Ministério Público, instituições corporativas e dominadas por membros conservadores e reacionários...Cada vez menos acredito no ser humano e não desejo conviver com certas “molecagens” que estão ocorrendo em nosso cenário político e jurídico...Confesso que esta minha decisão decorre muito do que se tornou o Supremo Tribunal Federal e o “meu” Ministério Público, todos contaminados pelo equivocado e ingênuo punitivismo, incentivado por uma mídia empresarial, despreparada e vingativa. Com tristeza, tenho de reconhecer que nada mais me encanta nesta área...3”. 

Realmente, assiste razão ao Mestre Afranio Jardim. A decisão do presidente do STF em caçar a liminar do ministro Marco Aurélio ultrapassou todas as manobras e arranjos jurídicos e nos mostrou uma nova faceta da justiça, a molecagem do judiciário e a prova de que vivemos em um  Estado de Exceção. Neste contexto, a única saída para se combater essa barbárie é a resistência e o povo nas ruas lutando, gritando e exigindo uma nova ordem democrática!




















2 Fonte: https://pleno.news/brasil/politica-nacional/no-twitter-bolsonaro-elogia-a-decisao-de-dias-toffoli.html
3Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/estou-me-retirando-deste-mundo-falso-e-hipocrita-o-desabafo-do-jurista-afranio-silva-jardim-depois-da-decisao-de-toffoli/


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

MOVIMENTO DOS JUIZES SEM TETO - MJST


Por: Odilon de Mattos Filho

Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada em 1948, o direito a moradia foi reconhecido como pressuposto para a dignidade humana. Neste mesmo diapasão foi recepcionado no Capítulo Dos Direitos Sociais da nossa Magna Carta esse direito essencial ao cidadão. 


Malgrado o reconhecimento legal e constitucional da importância da moradia para o ser humano a práxis teima em renegar esse direito, especialmente, por parte do Estado brasileiro, tanto que o Brasil possui sete milhões de famílias sem teto e esse número só não é maior porque foi criado, durante os nos governos Ptistas o programa “Minha Casa, Minha Vida” 

Segundo o IBGE a maior parte deste déficit habitacional é provocada por famílias com um grande comprometimento da renda com o pagamento de aluguel (3,27 milhões) e pela coabitação - famílias dividindo o mesmo teto (3,22 milhões). As chamadas habitações precárias são 942,6 mil moradias e o restante (317,8 mil) pertence ao chamado adensamento excessivo, ou muita gente morando no mesmo lugar. 

Já os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que 85% das famílias sem moradia ganham até dois salários mínimos e são as que mais sofrem com o gasto excessivo com aluguel que chega a 35% do orçamento doméstico. 

Diante desse quadro e da inércia do Estado muitas famílias sem teto resolveram criar o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Segundo o site dessa organização, trata-se de “um entidade que organiza trabalhadores urbanos a partir do local em que vivem: os bairros periféricos. Não é e nem nunca foi uma escolha dos trabalhadores morar nas periferias; ao contrário: o modelo de cidade capitalista é que joga os mais pobres em regiões cada vez mais distantes1”. 

Na mesma linha do MTST, o Poder Judiciário brasileiro, especialmente, o clã dos magistrados resolveram criar o Movimento dos Juízes Sem Teto (MJST) que tem como objetivo reivindicar ajuda financeira para custear os alugueis dos imóveis em que residem temporariamente. 

Afora a ironia a verdade nua e crua é que em 2014 o ministro do STF concedeu uma liminar assegurando a um grupo de juízes federais o direito ao Auxílio Moradia. O problema, no entanto, foi que essa benesse foi estendida a toda a magistratura do país e, por isonomia, foram agraciados, também, os membros do Ministério Público (MP) e dos tribunais de Contas. Na sequência, Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional do MP regulamentaram a medida e hoje o valor desse Auxílio é de R$ 4.377,73 mensais. 

Não obstante a obscenidade desse Auxílio Moradia, a maioria dos magistrados no alto de suas arrogâncias e da divindade que pensam possuir, desdenham, ou no português claro, cagam e andam, pelas críticas do povo a essa ajuda de custo. Foi o caso, por exemplo, do ex-juiz de piso Sérgio Moro, visto por muitos como o paladino da moral, da ética e da probidade. Sua entrevista ao jornal O Globo foi emblemática para ilustrar esse desprezo pela opinião popular. Diz o magistrado: "O auxílio-moradia é pago indistintamente a todos os magistrados e, embora discutível, compensa a falta de reajuste dos vencimentos desde 1º de janeiro de 2015 e que, pela lei, deveriam ser anualmente reajustados2". Lembramos, que Sérgio Moro, assim como centenas de juízes possui imóvel residencial próprio e mesmo assim, faz questão de receber o Auxilio Moradia no valor de R$ 4.377,73, valor este, livre de qualquer tributo. As favas a moral e a ética, diria Moro e outros magistrados! 

Tendo em vista a repercussão negativa deste auxílio, que na verdade é um tapa na cara da população o Presidente do STF, Ministro Dias Tofolli teve a coragem e a desfaçatez de fazer um acordo com presidente ilegítimo MiShell Temer. Segundo se noticiou, o Auxílio Moradia seria trocado por um reajuste de 16,38% nos subsídios dos magistrados. Proposto o projeto de lei a maioria dos parlamentares, acovardados, apequenados e coagidos, aprovou a proposta e Temer sancionou a lei reajustando os subsídios dos magistrados, lembrando que tal reajuste tem um efeito cascata, ou seja, serão beneficiados todos os magistrados e membros do Ministério Público do Brasil. 

Porém, passados poucos dias da sanção da referida lei, ou seja, do cumprimento do acordo por parte do governo, o Conselho Nacional de Justiça, rasgou o acordo, ou melhor, deu uma rasteira nos parlamentares e em MiShell Temer e aprovou uma Resolução no dia 18/12/2108, numa votação que durou, longos e intermináveis dois minutos, a volta deste penduricalho com a desculpa de que as regras serão mais rígidas para se conceder o Auxílio Moradia aos magistrados que recebem, em média, subsídios de R$ 30.000,00 por mês.

A propósito, sobre esse obsceno reajuste o jornalista Aquiles Lins escreveu: “...A restrição fiscal e o rombo de R$ 139 bilhões no orçamento não impede que juízes aprovem benefícios a si próprios. No entanto, para o restante da população que não tem acesso a um instrumento essencial de cidadania, que é uma casa para morar, o estado alega falta de dinheiro...3”.

Realmente é vergonhoso, mas este é o Brasil que vivemos e este é o Poder Judiciário que rasga acordos, rasga a Constituição Federal e vira as costas para o sofrido povo brasileiro, especialmente, aqueles mais necessitados, que segundo dados do IBGE somam hoje mais de 20 milhões de cidadãos dos quais 30% mais pobre ganham menos de R$ 937,00 por mês e os 15% que viviam com R$ 217,63 por mês, em média, em 2016, viram esse valor cair para R$ 198,03 em 2017. 

E é neste contexto que o Conselho Nacional de Justiça mesmo sabendo que somente o reajuste de 16,38% custará aos cofres públicos a bagatela de R$ 730 milhões, resolveu atender a justa reivindicação do Movimento dos Juízes Sem Teto e devolveu aos pobres magistrados, a despeito do acordo com Temer, o valiosíssimo Auxílio Moradia. Viva a democracia brasileira e viva a liberdade de organização de classe!






quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

BOLSOGATE: "ISSO NÃO VEM AO CASO!"

Por: Odilon de Mattos Filho
Muitos brasileiros, ainda, não têm conhecimento do escândalo envolvendo um motorista e ex-assessor da família Bolsonaro chamado Fabrício José Carlos de Queiroz que movimentou em um ano mais R$ 1,2 milhão, fato que foi considerado suspeito e atípico pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

O caso denominado de “Bolsogate” guarda muita semelhança com o escândalo que cominou no impeachment do presidente Fernando Collor. Assim como no caso Collor, o Bolsogate tem como personagens um motorista e assesor (Fabrício Queiroz) e membros da família (Flávio Bolsonaro e a esposa Bolsonaro).

Para entendermos o escândalo envolvendo a família Bolsonaro se faz necessário, inicialmente, explicar, para aqueles que não conhecem, o que é o Coaf. Trata-se um órgão ligado ao Ministério da Fazenda cujo atribuição é "monitorar e receber informações dos bancos sobre transações suspeitas ou atípicas. Pela lei, os bancos devem informar qualquer transação que não siga o padrão ou rotina do cliente1”.


Pois, bem, o Coaf, segundo noticiado, foi informado que o assessor e motorista do senador eleito, Flávio Bolsonaro movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 e em 2016, o motorista Fabrício Queiroz fez 176 saques em dinheiro. O relatório do Coaf foi juntado pelo MPF à Operação Furna da Onça, que resultou na prisão de 10 deputados estaduais da Alerj em novembro de 2018.

As investigações apontam, ainda, que foi depositado na conta da futura primeira dama, Michelle Bolsonaro um cheque no valor de R$ 24 mil e que Fabrício Queiroz realizou transferências financeiras no valor de R$ 80 mil para a sua filha Nathalia Melo de Queiroz que até o mês passado era assessora lotada no gabinete do ex-deputado federal e agora presidente eleito, Jair Bolsonaro.

O curioso, também, é que a Operação da PF 
batizada de Furna da Onça e que teve como base, dados do Coaf foi deflagrada no dia 16 de outubro, porém, no dia 15 de outubro, exatamente, um dia antes, a assessora de Bolsonaro, Nathalia Melo  e o seu pai Fabrício Queiroz assessor do Fábio Bolsonaro, foram exonerados de seus cargos comissionados. Não pairam dúvidas de que tais exonerações um dia antes da operação da PF foram frutos de um vazamento com o objetivo de proteger os dois assessores e preservar a imagem e a campanha de Bolsonaro no segundo turno. Além disso tudo, vale destacar  que toda família de Queiroz está sumdida e ninguém sabe o paradeiro dos mesmos. 

Estourado o caso, começaram as explicações para tentar encerrá-lo ou ao menos minimizá-lo. O senador eleito Flávio Bolsonaro, por exemplo, disse em sua conta no Twitter, sempre as redes sociais, que “Fabrício Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança. Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta...Continuando ele disse: “Queiroz me relatou uma história bastante plausível e me garantiu que não teria nenhuma ilegalidade nas suas movimentações. Assim que ele for chamado ao Ministério Público, vai dar os devidos esclarecimentos2".

Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro disse que a importância de R$ 24 mil reais depositada na conta de sua esposa é fruto de um empréstimo que ele fez ao amigo Fabrício Queiroz, aliás, segundo ele o valor foi de R$ 40 mil reais e que foi depositado na conta de sua esposa porque ele não tinha tempo de ir ao banco.

Porém, todos sabem que trata-se de um grande escândalo que precisa ser, totalmente, esclarecido, afinal, envolve o presidente eleito que se postava como paladino da moral, pronto para combater à corrupção.

Aliás, neste contexto, o insuspeito jornalista Reinaldo de Azevedo escreveu sobre o bolsogate; “É, por óbvio, sobra o questionamento se a prática não seria uma constante nos respectivos gabinetes dos quatro políticos: além de Jair e Flávio, também Eduardo e Carlos. Uma coisa e certa: a prática do motorista, amigo pessoal do presidente eleito, pode ser considerada tudo; corriqueira não é. Até porque a família inteira do ex-assessor, mulher e duas filhas, está enredada no caso3".

Outro dado que demonstra que esse caso do Bolsogate é muito nebuloso é o fato de Fabrício Queiroz que movimentou R$ 1,2 milhão residir numa casa simples localizada numa viela no bairro Taquara Zona Oeste do Rio de Janeiro. Isso nos força a pensar que que esse assessor/motorista pode ser um laranja dos Bolsonaros e que esse recurso pode ter abastecido parte do Caixa2 da campanha de Bolsonaro.


Realmente temos que tirar o chapéu para Fabrício Queiroz! O sujeito conseguiu um milagre que lhe pode garantir uma vaga no Ministério da Fazenda, inclusive, no lugar de Paulo Quedes, afinal, Queiroz conseguiu, em um ano, levantar recursos financeiros que levaria doze anos e isso sem gastar um tostão dos seus rendimentos como policial e motorista. É ou não é um “Ninja” da economia?

Mas, se toda essa nebulosa transação financeira não bastasse, outro fato deveria chamar atenção das autoridades que é o aumento exponencial do patrimônio de Bolsonaro. Segundo matéria assinada pelo jornalista Mauro Lopes “até 2008, a família declarava à Justiça Eleitoral bens em torno de R$ 1 milhão; este ano, declarou R$ 6,1 milhões. Mas há indícios graves de lavagem de dinheiro e de uso da estratégia de subavaliação patrimonial. Segundo valores de mercado, os bens dos Bolsonaro já alcançam mais de R$ 15 milhões4”.

Não temos dúvidas, como se diz aqui na provincia das minas gerais, que neste angu tem caroço e, portanto, cabe à família Bosonaro e as autoridades respoderem as seguintes perguntas: como um motorista/assessor com rendimentos de pouco mais de R$ 21 mil por mês pode movimentar R$ 1,2 milhão em um só ano? Será que uma pessoa que tem esse movimento financeiro em sua conta precisa de R$ 24 mil emprestados? Se houve este empréstimo por parte do Bolsonaro, quando e como o mesmo foi realizado? Por que não foi declarada no IR esta suposta dívida? Será que essa importância de R$ 1,2 milhão foi levantada para alimentar o Caixa2 da campanha de Bolsonaro? Por que um homem que movimenta tanta grana reside em um beco num bairro simples do Rio de Janeiro? Por que toda família de Fabrício Queiroz trabalhava para os Bolsonaros em seus gabinetes nos legislativos municipal, estadual e federal? Será que o sumiço de Fabrício Queiroz e de sua família não foi proposital e que isso pode prejudicar as investigações ou até mesmo caracterizar obstrução dos trabalhos da Justiça? Por que em outros casos menos sombrios, os "judiciosos" Procuradores e/ou Delegados da PF requereram prisões cautelares e neste caso há um silêncio sepulcral das autoridades? Como o patrimônio de Bolsonaro saltou de R$ 1,0 milhão para R$ 15,0 milhões em dez anos?

E por fim, a última pergunta que foge ao texto, mas, tem conexão com toda trama que envolve a campanha de Jair Bolsonaro. Bolsonaro fugiu dos debates com a desculpa médica de que estava impossibilitado fisicamente. Por que, então, depois de 35 dias das eleições, Bolsonaro foi a São Paulo e comemorou o campeonato Brasileiro do Palmeiras e ergueu um troféu de 25 kg, colocou uma criança nos ombros e levantou o treinador Felipão que deve ter mais de 100 kg? Será que para essas estripulias ele estava apto, fisico e emocionalmente, mas, para um simples debate de ideias (se é que ele tem) com seu adversário estava mesmo impossibilitado?

Realmente tudo isso fede uma grande tramoia que se constitui como um dos maiores escândalos envolvendo o futuro presidente da república e sua família. Porém, no frigir dos ovos, é sabido que essas e outras perguntas nunca serão respondidas e o Bolsogate, simplesmente, será enterrado e na sua lápide será gravado o famoso epitáfio de Sérgio Moro: “Isso não vem ao caso!”




1Fonte:https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2018/12/08/entenda-as-transacoes-atipicas-de-um-ex-motorista-da-familia-bolsonaro.htm 
2Fonte:https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2018/12/08/entenda-as-transacoes-atipicas-de-um-ex-motorista-da-familia-bolsonaro.htm
3Fonte:http://www3.redetv.uol.com.br/blog/reinaldo/cubanos-de-bolsonaro-3-e-claro-que-a-suspeita-e-a-de-que-familia-fica-com-parte-do-salario-dos-seus-funcionarios/



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

FINAL DA COPA LIBERTADORES OU COLONIZADORES DA AMÉRICA?


Por: Odilon de Mattos Filho
A “Copa Libertadores da América” é uma competição de Futebol organizada, anualmente, pela Confederação Sul-Americana de Futebol – CONMEBOL. Essa competição foi criada em 1960 e desde então se tornou a principal competição da América do Sul. Participam desta Copa a Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e o México. Esse último país, malgrado não pertencer a América do Sul, participa da Copa desde 1998 por pressão e influência da poderosa Toyota, principal empresa patrocinadora da “Copa Libertadores da América”. 

O nome do torneio é uma  homenagem aos principais líderes políticos que lutaram pela independência da América do Sul, tais como: José Artigas, Simón Bolívar, José de San Martín, José Bonifácio de Andrada e Silva, Antonio José de Sucre, Bernardo O'Higgins, dentre outros.

O campeão da Libertadores tem o direito de disputar o Campeonato Mundial de Clubes, torneio organizado pela FIFA e disputado entre os clubes campeões de todas as seis confederações continentais: CONMEBOL (América do Sul), CONCACAF (América dos Norte, Central e Caribe) UEFA (Europa), CAF (África), AFC (Ásia), OFC (Oceania) e o representante do país-sede, vencedor do campeonato do país organizador da Mundial de Clubes. 

Não obstante o desejo e o frenesi que a “Copa Libertadores da América” causa nos clubes da América do Sul, especialmente, no Brasil, esse torneio é marcado pela total desorganização da CONMEBOL que tem como marca indelével os conchavos políticos, a corrupção e os velhos e conhecidos arranjos para beneficiar clubes da América Platina. A história passada e recente como a Libertadores de 2018 é emblemática para corroborar nossa afirmativa a respeito da arruaça que toma conta da CONMBOL. Aliás, a grande maioria dessas entidades que “des-organizam” o futebol, mundo afora, têm essas mesmas características da CONMEBOL, o escândalo da FIFA é exemplar! 

Depois, de várias presepadas e escândalos de arbitragem, finalmente chegou a final da Copa Libertadores de 2018. Dessa feita uma final dos sonhos para os hermanos Argentinos, ou como noticia a imprensa argentina "a final do mundo": River Plate X Boca Juniors. O primeiro jogo foi realizado no lendário estádio do Boca Juniors: “La Bombonera” e o placar foi de 2X2. A segunda partida estava marcada para o campo do River, o famoso Estádio “Monumental de Núñez”, porém, como todos sabemos, a partida não foi realizada pela falta de segurança e pela gritante desorganização da CONMEBOL e das forças de segurança da Argentina que não impediram o covarde ataque dos torcedores do River e dos temidos Barra Brava ao ônibus do time do Boca Juniors. 

Depois de dias de espera pela última partida entre os dois arquirrivais River Plate e Boca Juniors a CONMEBOL resolve que, por motivos de segurança, a gran final será disputada na Espanha no “Estádio Santiago Bernabéu” do Real Madrid. 

Não temos dúvidas de que a escolha da Espanha para receber a final da “Copa Libertadores da América” foi o maior escândalo da história da CONMEBOL. Primeiro, porque mostrou a sua incapacidade de organizar essa Copa, mesmo com a experiência de cinquenta e oito anos de existência. Depois pela insensibilidade dos dirigentes da CONMEBOL que jogaram na lata de lixo a história Política que deu nome a essa Copa, pois, ao levar a final para a Espanha os cartolas prestigiaram os colonizadores, ou melhor, os exploradores da América Latina em detrimento ao povo Argentino e aos povos da América do Sul. Se isso não bastasse o jogo acontecerá no Estádio que leva o nome de Santiago Bernabéu um militar franquista que participou da guerra civil na Espanhola onde morreram mais de um milhão de pessoas em nove anos de batalha, culminando essa barbárie na ditadura do general Francisco Franco que perdurou por trinta e seis anos. 

O grande e saudoso Escritor e intelectual Uruguaio Eduardo Galeano, também, aficionado pelo futebol, não obstante conhecer profundamente o caráter de servilismo dos países da América da América Latina perante o Terceiro Mundo e ao imperialismo estadunidense, se vivo estivesse, certamente, estaria extremamente decepcionado, chocado e muito puto com essa decisão da CONMEBOL de levar essa grande final de dois clubes sul-americanos para a Espanha. 

A propósito, sobre esse servilismo dos países da América Latina Eduardo Galeano em sua magistral obra “As Veias Abertas da América Latina” escreveu: “Passaram os séculos, e a América Latina aperfeiçoou suas funções. (…) Mas a região continua trabalhando como um serviçal. Continua existindo a serviço de necessidades alheias. (…) É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano (…) Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar têm sido sucessivamente determinados, de fora, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo..1” 

Por sua vez e ratificando as palavras de Eduardo Galeano o grande líder Simon Bolívar afirma: “Nunca seremos [nós povos Latino-americanos] afortunados”, ou seja, a sina dos latino-americanos, como bem afirma o jornalista e Escritor Filipe Augusto Pereira, “não era causada por caprichos do destino, mas sim por uma intensa e desonesta exploração de suas riquezas naturais e mão de obra, que geraram um povo cujo engajamento varia de país a país, tendo no Brasil talvez o povo mais alienante e pouco combativo ao comportamento opressor e recrudescido..2.” 

Realmente, sob todos os aspectos, em especial o Político, essa final entre River Plate e Boca Juniors jamais poderia ser disputada em algum país que, historicamente, escravizou e explorou os povos latino-americanos. Isso, além de comprovar a teoria de Eduardo Galeano da subserviência das autoridades latino-americanos, constitui, também, um grande desrespeito aos povos sul-americanos, em especial, ao povo argentino, além do que, é um acinte à memória dos grandes líderes que lutaram e morreram pela independência da América do Sul. 

Diante de toda essa presepada, escárnio e servilismo da CONMEBOL, esperamos que os cartolas que comandam o Futebol da América do Sul tomem vergonha na cara e decidam andar pelas próprias pernas, ou seja, formem, por exemplo, uma Liga de Futebol independente para realizar esse torneio sul-americano. Mas, caso os cartolas não tenham colhões para essa ou outras medidas mais firmes, o que achamos mais provável, propomos que os mesmos arriem as calças de uma vez por todas e sugiram à Confederação Sul-Americana de Futebol modificar o nome deste torneio para a Copa Colonizadores da América!




1 Fonte: Livro “As Veias Abertas da América Latina – pag.05
2 Fonte: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-veias-abertas-da-america-latina-eduardo-galeano/


terça-feira, 27 de novembro de 2018

ESCOLA SEM PARTIDO É O AI-5 DA EDUCAÇÃO


Por: Odilon de Mattos Filho

É manifesto, queiram ou não os trogloditas de plantão, que aprender é um ato revolucionário e o Professor é o grande propulsor deste ato, pois, como nos ensina Marilena Chauí “ser Professor é no mínimo uma obrigação política. Não podemos aceitar uma população de excluídos da educação e cultura. Nossa profissão só tem sentido se despertar a consciência social por meio do conhecimento e promover o exercício da razão como forma de libertação1”. 

É chocante e impensável, que em pleno século XXI, tenham educadores, ou melhor, amebas, que defendem esse Projeto do “Escola sem Partido”. Uma proposta tacanha e retrógrada que afirma que as salas de aula no Brasil são ulizadas como ambientes para a discussão sobre as questões de gênero, ou como eles dizem erroneamente, "ideologia de gênero", ou, ainda, como espaço de doutrinação marxista, onde professores se aproveitam do ofício para repassar aos alunos suas ideias políticas e morais. Para esses defensores do projeto, ou melhor, do AI-5 da Educação, o delírio, é impedir a ascensão do comunismo da homossexualidade no Brasil.

A propósito e contra este frenesi, o Filósofo, Olavo de Carvalho, grande guru da extrema-direita tupiniquim fez uma severa crítica aos “Bolsonaristas” que tem essa psicose contra o marxismo. Disse o Professor: “...quando você ouve algum direitista falando do marxismo como se fosse apenas um sistema de idiotices, não tenha dúvidas: o idiota é você’. Continuando ele acrescenta: “...Se há uma coisa que não tolero é o desprezo afetado e triunfalista que qualquer liberalzinho de merda sente pelo marxismo. Uma tradição intelectual de quase dois séculos e infinitamente acima de sua capacidade de compreensão2”. 

Já sobre o Escola sem Partido Olavo de Carvalho disse: “...À medida que o movimento do Escola sem Partido evolui na direção de um projeto de lei, a coisa se complica, porque o projeto de lei é prematuro, pelo fato de que não existe documentação científica a respeito do problema do esquerdismo nas escolas e universidades. Você não pode começar um debate legislativo sem ter o debate científico primeiro….3”. 

Portanto, fica claro que a crise na Educação por que passa o Brasil não está relacionada com os métodos educativos, pedagógicos ou grades curriculares, fundamentalmente, é fruto de uma sociedade discriminatória, que não oferece igualdade de acesso à cultura e à Educação e a falta de investimentos por parte do Poder Público. Aliás, a Proposta de Emeda Constitucional nº 241 conhecida como PEC da morte corrobora essa afirmativa. Essa PEC congelou por trinta anos os parcos recursos financeiros para a educação e saúde, não nos esquecendo, também, da desvinculação dos recursos finaceiros do Pré-Sal que seriam destinados à Educação e Saúde e agora passou a meros recursos de custeio. Logo, esta crise na Educação nada mais é do que o modelo econômico escolhido pelo atual e pelo próximo governo, qual seja: privatizar o ensino público, que faz parte de uma das engrenagens do Estado mínimo e colocar um fim, de uma vez por todas, no Projeto do Estado de bem-estar Social.

Sabemos, também, que a discussão sobre educação e cultura, especialmente nos países do terceiro mundo, ultrapassa os muros das escolas e passa, impreterivelmente, pelo poder que os meios de comunicação e agora as redes sóciais exercem sobre seus incautos telespectadores e internautas. 

A televisão, por exemplo, conforme bem assinala a Professora Maria Helena Martins, ”surge trazendo promessas de democratizar a leitura por meio da imagem, parecendo, enfim, que a liberdade do leitor se concretizará”, no entanto, aos poucos fica óbvio que tudo não passa de uma farsa e que o objetivo central da mídia que defende este projeto anacrônico e antidemocrático do Escola sem Partido é formar uma cultura de massa homogênea, na qual a premissa é tão somente implantar em nossa sociedade a ditadura do pensamento único e fazer com que os alunos se transformem em indivíduos anódinos (insignificante), invertebrados e desprovidos de qualquer convicção. 

Não temos dúvidas, também, que este Projeto idealizado pelas cabeças retrógradas e conservadores dos “Bolsonaristas é flagrantemente inconstitucional, pois, fere o artigo 206 da CF/88, além do que, não passa de mais um instrumento de coação das bancadas fundamentalistas religiosas que querem, como bem afirma Frei Beto, que o “professor ensine que a política é uma atividade danosa, os partidos nefastos e que, por exemplo, Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Frei Caneca, Gandhi, Mandela, Luther King, Chico Mendes e Marielle Franco, entre outros, são traidores da pátria, arruaceiros e vândalos, por terem participados outrora de manifestações, atos políticos e passeatas...Querem, ainda, continua Frei Beto, “que o professor evite manifestar suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais ou políticas, ou seja, a recomendação é que às escolas mantenham um corpo docente de amebas4”. 

Na contramão deste absurdo “bolsonariano” e aqui vale o registro, pois, trata de um fato emblemático, o governador do Maranhão, Flávio Dino, dando uma resposta imediata, corajosa e, sobretudo, democrática ante esse esdrúxulo projeto do “Escola Sem Partido”, baixou um Decreto estabelecendo a liberdade de cátedra. Logo no artigo primeiro está previsto que todos os estudantes, professores e funcionários são livres para expressar seu pensamento e opiniões no ambiente escolar na rede estadual do Maranhão. 

Assim e diante deste terrorismo social do “Escola sem Partido”, que na concepção do professor e Filósofo Leandro Carnal “é uma asneira sem tamanho, uma bobagem conservadora e uma crença fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida que não entende que toda opinião é política, inclusive, a Escola sem Partido5”, faz-se necessário e até imperioso que os nobres e judiciosos ministros do Supremo Tribunal Federal apreciem, com maior brevidade possível, a Ação Direta de Inconstitucionalidade que tramita na  Corte, cujo objeto é o Projeto de Lei que cria a Escola sem Partido.

A nós do campo democrático e progressista, juntamente com os Educadores compromissados com uma Educação emancipatória e libertária cabe denunciar, como estamos fazendo neste momento, o retrocesso deste Projeto do Escola sem Partido e lutar para que a educação pública do Brasil aprofunde, cada vez mais, os princípios consignados na Constituição Federal que estabelecem a universalidade, a igualdade de condições, a liberdade de aprender e ensinar, o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, a gratuidade e a garantia da qualidade do ensino público no Brasil. O resto, não passa de psicose, bobagem e delírio dos fascistas tupiniquins!   































2 Fonte: https://catracalivre.com.br/cidadania/olavo-de-carvalho-critica-escola-sem-partido/
3 www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/em-debate-sobre-marx-na-camara-eduardo-bolsonaro-e-desmoralizado-pelo-guru-olavo-de-carvalho/ 
4 Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/08/os-deveres-detalhados-da-escola-sem-partido.shtml
5 Fonte: https://www.revistaforum.com.br/leandro-karnal-destroi-movimento-escola-sem-partido-crenca-fantasiosa-de-uma-direita-delirante-e-estupida/

terça-feira, 20 de novembro de 2018

CULTURA COM HUMOR






segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DO FORO DE SÃO PAULO





segunda-feira, 5 de novembro de 2018

POLÍTICA É COISA DO DIABO?


Por: Odilon de Mattos Filho
Meu querido e saudoso avô Tancredo, não o Neves, mas, o Romeiro, dizia que “a politica é coisa do diabo”. Evidente que ele se referia àqueles políticos que se transformam em diabo em períodos de eleições, disseminando picuinhas, fofocas, aliciando eleitores, criando inimizades, brigas e todo tipo de diabruras próprias da politicagem de cidades do interior, como Andrelândia, uma pacata e bucólica “província” incrustada no Sul das Minas Gerais onde nasci e trabalho.

Pois bem, nesta eleição de 2018, afora os embates político e ideológico entre duas forças antagônicas e a selvageria dos discursos beligerantes e carregados de ódio, preconceito e intolerância por parte do candidato da extrema-direita, vivenciamos dois fatos que nos faz pensar sobre o aforismo do meu avô.

O primeiro fato diz respeito a Ciro Gomes. Encerrado o primeiro turno e derrotado, Ciro como um menininho mimado que não aceitou a derrota ou como um coronelzinho nervoso do Ceará, fugiu para Europa para não participar da campanha de Haddad na última etapa do pleito. Dois dias antes da votação ele retorna ao Brasil e quando todos esperavam que o coronelzinho declarasse apoio e voto ao candidato que representava o campo democrático e progressista ele sai pela tangente e não externa claramente o seu voto e apoio a Fernando Haddad.

Passadas três dias do fim do segundo turno das eleições eis que surge, novamente, o coronelzinho do nordeste ou como se diz nas redes sociais a “Barbi do sertão” com a sua típica aspereza, arrogância e prepotência, destilando o seu veneno, próprio de uma pessoa ressentida, invejosa e mal resolvida. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo Ciro Gomes teve o desplante de dizer dentre outros impropérios o seguinte: "Não declarei voto ao Haddad porque não quero mais fazer campanha com o PT...Vou continuar calado, mas você acha que votei em quem com a minha história? Eles podem inventar o que quiserem. Pega um bosta como esse Leonardo Boff [que criticou Ciro por não declarar voto a Haddad]. Estou com texto dele aqui. Aí porque não atendo o apelo dele, vai pelo lado inverso...”.

Aqui cabem duas questões: Ciro Gomes tem todo o direito de estar ressentido com o PT, no entanto, vale lembrar que Ciro foi convidado para ser vice de Lula, mas, a sua prepotência o impediu de aceitar o convite e optou por se aventurar sozinho. Deu no que deu! A outra questão são perguntas: chamar um octogenário de "bosta" é atitude de um ser humano?  Quem o “Barbi do sertão” pensa que é para se referir a Leonardo Boff com esse qualificativo? Primeiro, que o termo é chulo e próprio dos pulhas insolentes. Vale lembrar ao Coronelzinho Ciro que enquanto ele foi eleito deputado estadual pelo PDS Partido que dava sustentação ao regime militar, Leonardo Boff estava nas trincheiras lutando contra o regime de exceção e pela redemocratização do Brasil. Leonardo Boff é um Intelectual, Teólogo, Filósofo, Escritor e Palestrante reconhecido mundialmente. É uma referência na defesa dos Direitos Humanos, do Meio Ambiente e como Teólogo da Teologia da Libertaçãoo. Um homem a frente do seu tempo que sempre esteve ao lado dos mais pobres e desvalidos. Suas centenas de livros, textos, teses e artigos publicados mundo afora atestam suas qualidades intelectuais. Portanto, Ciro Gomes está longe, mas muito longe da capacidade moral, ética e intelectual de Leonardo Boff. Uma vergonha, um acinte essa entrevista!

A propósito, sobre a fala de Ciro Gomes o Historiador Carlos D'Incao escreveu: “...Da traição, Ciro passou para a sátira, a última e muito bem conhecida estação para aqueles que vão ser descarregados no ostracismo...Mas a Barbie do sertão quer desenhar uma oposição sem o maior partido de oposição, quer ser uma liderança sem eleitores ou intelectuais para apoiá-lo e quer, enfim, ter qualquer protagonismo quando provou ser um inútil na época em que o povo mais precisou...1”.

Comentando o desaforo que recebera de Ciro Gomes, o Teólogo Leonardo Boff dentro de sua grandeza, humildade, generosidade e esmero assim o respondeu: "Considero Ciro Gomes uma das maiores e imprescindíveis lideranças do Brasil. Ele é importante para a manutenção da democracia e dos direitos sociais. Ele ajuda a alargar os horizontes dos problemas que enfrentamos com o seu olhar próprio. O que faz e diz é dito e feito com paixão. Entretanto, a paixão necessária nem sempre é uma boa conselheira. Creio que foi o caso de sua crítica chamando-me com um qualificativo que não o honra..2.”

Logo depois deste sórdido episódio patrocinado por Ciro Gomes outra canalhice é ampla e assustadoramente noticiada. Bolsonaro convida, ou melhor, recompensa o juizeco Sérgio Moro por ter tirado o presidente Lula do seu caminho. A recompensa foi o Ministério da Justiça e o juizeco não resistiu aos encantos do “diabo”, aceitou a proposta e fez ainda uma exigência: além das atribuições da pasta, o Ministério da Justiça comandará a Polícia Federal e o poderoso Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ou seja, o preço foi um superministério.

Mas, o juiz Sérgio Moro se esqueceu de um pequeno detalhe: vai ter que conviver e engolir Partidos e centenas de políticos envolvidos até o pescoço com a corrupção, pois, essa será a base parlamentar do governo Bolsonaro. Ademais, depois de assumir o Ministério, Sérgio Moro passará de estilingue a vidraça e certamente não terá sossego com a oposição e talvez com parte da imprensa censurada por Bolsonaro.


E parece que o inferno astral de Moro já começou, mesmo antes de assumir o ministério!A desfaçatez e o descaramento deste falso paladino da moralidade, salta aos olhos. Em abril de 2017 em Palestra para estudante da Universidade de Harvard, este juizeco afirmou: "Temos que falar a verdade, a Caixa 2 nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito...3” .

Passados dezoito meses e logo depois de ser premiado pelo futuro presidente com um superministério, Sérgio Moro nos faz lembrar FHC: “rasguem tudo que escrevi e esqueçam tudo que falei”. Perguntado por uma jornalista sobre o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni que recebera recursos financeiros da JBS por meio de Caixa 2, o juizeco Sérgio  Moro com a cara deslavada respondeu: “Ele já admitiu e pediu desculpas4”. 

Mas as contradições de Moro não param de pipocar. Em 2016 o juizeco disse o seguinte sobre a sua entrada na política: “...a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, muito pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco5".

Mas, o chocante desta abjeta recompensa a Sérgio Moro foi a revelação do vice-presidente, General Hamilton Mourão que afirmou que Bolsonaro convidou o magistrado já no primeiro turno das eleições, o que nos força a deduzir, por exemplo, que o vazamento da delação de Palocci, que, diga-se de passagem, foi realizada sem a participação do MPF que não a aceitou por falta de provas, já poderia ser parte de um acordo entre a toga e a farda o que tornaria o juiz Moro suspeito de julgar os processos de Lula e comprova, de maneira cristalina, que a condenação do presidente Lula teve mesmo cunho político, fatos estes, que deveria, inclusive, levar a nulidade do processo, mas, como todo o sistema judiciário está envolvido nessa trama, ou melhor, nesse golpe político/jurídico/midiático isso jamais aconteceria.

A propósito, os advogados do presidente Lula ingressaram com uma ação pedindo a suspeição do juiz Sérgio Moro e a nulidade do processo que condenou Lula, destacando uma série de evidências relativas à prática de lawfare, em especial, após o juiz Sérgio Moro aceitar o cargo que recebera em recompensa dada pelo presidente eleito Bolsonaro

Frente a tudo isso, podemos tirar as seguintes conclusões: Ciro Gomes não passa mesmo de um coronelzinho mimado, invejoso, individualista, sem caráter e sem futuro político. A outra conclusão é que o acordo entre Bolsonaro e o juiz Sérgio Moro pode ir muito além do Ministério da Justiça, a recompensa pode ser muito maior: a indicação de Sérgio Moro para compor o Supremo Tribunal Federal ou, ainda, como candidato que sucederá o fascista Bolsonaro.

É meu estimado e saudoso avô Tancredo, será que senhor tem razão no seu aforismo, “a politica é mesmo coisa do diabo”?








1 Fonte: https://www.brasil247.com/pt/colunistas/carlosdincao/373829/A-Barbie-Ciro.htm
2-Fonte:ttps://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/11/02/xingado-por-ciro-leonardo-boff-diz-entender-pedetista-e-rejeita-rotulo-de-bajulador-de-lula.htm?fbclid=IwAR1BkyLqnA4ZFauvf-vOueQml6DwymZrRasW8Emge_ONqDpuFokhXbd-gZc
3-Fonte:https://oglobo.globo.com/brasil/nos-eua-moro-diz-que-caixa-2-pior-do-que-corrupcao-21183122
4-Fonte: #semprenaluta#caixa2dobolsanaro #caixa2doonyx  
5Fonte:https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,em-2016-sergio-moro-disse-que-jamais-entraria-para-a-politica,70002578956



quinta-feira, 1 de novembro de 2018

DISCURSO CORAJOSO, PRECISO E HISTÓRICO DO SENADOR REQUIÃO PÓS ELEIÇÕES









O primeiro discurso do senador Roberto Requião no senado logo após a eleição do extremista Jair Bolsonaro chamou a atenção pelo conteúdo emocional e pela contundência política; os relatos são de que após a fala, houve um grande silêncio na tribuna; em um dado momento, Requião fala sobre a Petrobrás e sobre a indiferença que tomou conta do zelo pelas riquezas naturais do país: "Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos. Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis" 

Lava Jato, trair a Pátria não é crime? Vender o país não é corrupção? 

O juiz Sérgio Moro sabe; o procurador Deltan Dallagnol tem plena ciência. 

Fui, neste plenário, o primeiro senador a apoiar e a conclamar o apoio à Operação Lava Jato. Assim como fui o primeiro a fazer reparos aos seus equívocos e excessos. 

Mas, sobretudo, desde o início, apontei a falta de compromisso da Operação, de seus principais operadores, com o país. Dizia que o combate à corrupção descolado da realidade dos fatos da política e da economia do país era inútil e enganoso. 

E por que a Lava Jato se apartou, distanciou-se dos fatos da política e da economia do Brasil? 
Porque a Lava Jato acabou presa, imobilizada por sua própria obsessão; obsessão que toldou, empanou os olhos e a compreensão dos heróis da operação ao ponto de eles não despertarem e nem reagirem à pilhagem criminosa, desavergonhada do país. 

Querem um exemplo assombroso, sinistro dessa fuga da realidade? 

Nunca aconteceu na história do Brasil de um presidente ser denunciado por corrupção durante o exercício do mandato. Não apenas ele. Todo o entorno foi indigitado e denunciado. Mas nunca um presidente da República desbaratou o patrimônio nacional de forma tão açodada, irresponsável e suspeita, como essa Presidência denunciada por corrupção. 

Vejam. Só no último o leilão do petróleo, esse governo de denunciado como corrupto, abriu mão de um trilhão de reais de receitas. 

Um trilhão, Moro! 
Um trilhão, Dallagnoll! 
Um trilhão, Polícia Federal! 
Um trilhão, PGR! 
Um trilhão, brava gente da OAB! 

Um trilhão de isenções graciosamente cedidas às maiores e mais ricas empresas do planeta Terra. Injustificadamente. Sem qualquer amparo em dados econômicos, em projeções de investimentos, em retorno de investimentos. Sem o apoio de estudos sérios, confiáveis. 

Nada! Absolutamente nada! 

Foi um a doação escandalosa. Uma negociata impudica. 

Abrimos mão de dinheiro suficiente para cobrir todos os alegados déficits orçamentários, todos os rombos nas tais contas públicas. 

Abrimos mão do dinheiro essencial, vital para a previdência, a saúde, a educação, a segurança, a habitação e o saneamento, as estradas, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias, para os próximos anos. 

Mas suas excelentíssimas excelências acima citadas não estão nem aí. Por que, entendem, não vem ao caso… 

Na década de 80, quando as montadoras de automóveis, depois de saturados os mercados do Ocidente desenvolvido, voltaram os olhos para o Sul do mundo, os governantes da América Latina, da África, da Ásia entraram em guerra para ver quem fazia mais concessões, quem dava mais vantagens para “atrair” as fábricas de automóveis. 

Lester Turow, um dos papas da globalização, vendo aquele espetáculo deprimente de presidentes, governadores, prefeitos a oferecer até suas progenitoras para atrair uma montadora de automóvel, censurou-os, chamando-os de ignorantes por desperdiçarem o suado dinheiro dos impostos de seus concidadãos para premiarem empresas biliardárias. 

Turow dizia o seguinte: qualquer primeiroanista de economia, minimamente dotado, que examinasse um mapa do mundo, veria que a alternativa para as montadoras se expandirem e sobreviverem estava no Sul do Planeta Terra. Logo, elas não precisavam de qualquer incentivo para se instalarem na América Latina, Ásia ou África. Forçosamente viriam para cá. 

No entanto, governantes estúpidos, bocós, provincianos, além de corruptos e gananciosos deram às montadoras mundos e fundos. 

Conto aqui uma experiência pessoal: eu era governador do Paraná e a fábrica de colheitadeiras New Holland, do Grupo Fiat, pretendia instalar-se no Brasil, que vivia à época o boom da produção de grãos. 

A Fiat balançava entre se instalar no Paraná ou Minas Gerais. Recebo no palácio um dirigente da fábrica italiana, que vai logo fazendo numerosas exigências para montar a fábrica em meu estado. Queria tudo: isenções de impostos, terreno, infraestrutura, berço especial no porto de Paranaguá, e mais algumas benesses. 

Como resposta, pedi ao meu chefe de gabinete uma ligação para o então governador de Minas Gerais, o Hélio Garcia. Feito o contanto, cumprimento o governador: “Parabéns, Hélio, você acaba de ganhar a fábrica da New Holland”. Ele fica intrigado e me pergunta o que havia acontecido. 

Explico a ele que o Paraná não aceitava nenhuma das exigências da Fiat para atrair a fábrica, e já que Minas aceitava, a fábrica iria para lá. 

O diretor da Fiat ficou pasmo e se retirou. Dias depois, ele reaparece e comunica que a New Holland iria se instalar no Paraná. 
Por que? 

ela obviedade dos fatos: o Paraná à época, era o maior produtor de grãos do Brasil e, logo, o maior consumidor de colheitadeiras do país; a fábrica ficaria a apenas cem quilômetros do porto de Paranaguá; tínhamos mão-de-obra altamente especializada e assim por diante. 

Enfim, o grande incentivo que o Paraná oferecia era o mercado. 

O que me inspirou trucar a Fiat? O conselho de Lester Turow e o exemplo de meu antecessor no governo, que atraiu a Renault, a Wolks e a Chrysler a peso de ouro e às custas dos salários dos metalúrgicos paranaenses, pois o governador de então chegou até mesmo negociar os vencimentos dos operários, fixando-os a uma fração do que recebiam os trabalhadores paulistas. 

Mundos e fundos, e um retorno pífio. 

Pois bem, voltemos aos dias de hoje, retornemos à história, que agora se reproduz como um pastelão. 

O pré-sal, pelos custos de sua extração, coisa de sete dólares o barril, é moranguinho com nata,, uma mamata só! 

A extração do óleo xisto, nos Estados Unidos, o shale oil , chegou a custar até 50 dólares o barril; 

o petróleo extraído pelos canadenses das areias betuminosas sai por 20 a 30 dólares o barril; as petrolíferas, as mesmas que vieram aqui tomar o nosso pré-sal, fecharam vários projetos de extração de petróleo no Alasca porque os custos ultrapassavam os 40 dólares o barril. 

Quer dizer: como no caso das montadoras, era natural, favas contadas que as petrolíferas enxameassem, como abelhas no mel, o pré-sal. Com esse custo, quem não seria atraído? 

Por que então, imbecis, por que então, entreguistas de uma figa, oferecer mais vantagens ainda que a já enorme, incomparável e indisputável vantagem do custo da extração? 

Mais um dado, senhoras e senhores da Lava Jato, atrizes e atores daquele malfadado filme: vocês sabem quanto o governo arrecadou com o último leilão? Arrecadou o correspondente a um centavo de real por litro leiloado. 

Um centavo, Moro! 
Um centavo, Dallagnoll! 
Um centavo, Carmem Lúcia! 
Um centavo, Raquel Dodge! 

Um centavo, ínclitos delegados da Policia Federal! 

Esse governo de meliantes faz isso e vocês fazem cara de paisagem, viram o rosto para o outro lado. 

Já sei, uma das razões para essa omissão indecente certamente é, foi e haverá de ser a opinião da mídia. 

Com toda a mídia comercial, monopolizada por seis famílias, todas a favor desse leilão rapinante, como os senhores e as senhoras iriam falar qualquer coisa, não é? 

Não pegava bem contrariar a imprensa amiga, não é, lavajatinos? 

Renovo a pergunta: desbaratar o suado dinheiro que é esfolado dos brasileiros via impostos e dar isenção às empresas mais ricas do planeta é um ou não é corrupção? 

Entregar o preciosíssimo pré-sal, o nosso passaporte para romper com o subdesenvolvimento, é ou não é suprema, absoluta, imperdoável corrupção? 

É ou não uma corrupção inominável reduzir o salário mínimo e isentar as petroleiras? 

Será, juízes, procuradores, policiais federais, defensores públicos, será que as senhoras e os senhores são tão limitados, tão fronteiriços, tão pouco dotados de perspicácia e patriotismo ao ponto de engolirem essa roubalheira toda sem piscar? 

Bom, eu não acredito, como alguns chegam a acusar, que os senhores e as senhoras são quintas-colunas, agentes estrangeiros, calabares, joaquins silvérios ou, então, cabos anselmos. 

Não, não acredito. 

Não acredito, mas a passividade das senhoras e dos senhores diante da destruição da soberania nacional, diante da submissão do Brasil às transnacionais, diante da liquidação dos direitos trabalhistas e sociais, diante da reintrodução da escravatura no país…. essa passividade incomoda e desperta desconfianças, levanta suspeitas. 

Pergunto, renovo a pergunta: como pode um país ser comandado por uma quadrilha, clara e explicitamente uma quadrilha, e tudo continuar como se nada estivesse acontecendo? 

Responda, Moro. 
Responda, Dallagnoll. 
Responda, Carmem Lúcia. 
Responda, Raquel Dodge.

Respondam, oh, ínclitos e severos ministros do Tribunal de Contas da União que ajudaram a derrubar uma presidente honesta. 

Respondam, oh guardiões da moral, da ética, da honestidade, dos bons costumes, da família, da propriedade e da civilização cristã ocidental. 

Respondam porque denunciaram, mandaram prender, processaram e condenaram tantos lobistas, corruptores de parlamentares e de dirigentes de estatais, mas pouco se dão se, por exemplo, lobistas da Shell, da Exxon e de outras petroleiras estrangeiras circulem pelo Congresso obscenamente, a pressionar, a constranger parlamentares em defesa da entrega do pré-sal, e do desmantelamento indústria nacional do óleo e do gás? 

Eu vi, senhoras e senhores. Eu vi com que liberdade e desfaçatez o lobista da Shell, semanas atrás, buscava angarias votos para aprovar a maldita, indecorosa MP franqueando todo o setor industrial nacional do petróleo à predação das multinacionais. 

Já sei, já sei…. isso não vem, ao caso. 

Fico cá pensando o que esses rapazes e essas moças, brilhantíssimos campeões de concursos públicos, fico pensando…..o que eles e elas conhecem de economia, da história e dos impasses históricos do desenvolvimento brasileiro? 

Será que eles são tão tapados ao ponto de não saberem que sem energia, sem indústria, sem mercado consumidor, sem sistema financeiro público, para alavancar a economia, sem infraestrutura não há futuro para qualquer país que seja? Esses são os ativos imprescindíveis para o desenvolvimento, para a remissão do atraso, para o bem-estar social e para a paz social. 

Sem esses ativos, vamos nos escorar no quê? Na produção e exportação de commodities? Ora… 

Mas, os nossos bravos e bravas lavajatinos não consideram o desbaratamento dos ativos nacionais uma forma de corrupção. 

Senhoras, senhores, estamos falando da venda subfaturada –ou melhor, da doação- do país todo! Todo! 

E quem o vende? 

Um governo atolado, completamente submerso na corrupção. 

E para que vende? 

Para comprar parlamentares e assim escapar de ser julgado por corrupção. 

Depois de jogar o petróleo pela janela, preparando assim o terreno para a nossa perpetuação no subdesenvolvimento, o governo aproveita a distração de um feriado prolongado e coloca em hasta pública o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobrás, a Petrobrás e que mais seja de estatal. 

Ladrões de dinheiro público vendendo o patrimônio público. 

Pode isso, Moro? 
Pode isso, Dallagnoll? 
Pode isso, Carmem Lúcia? 
Pode isso, Raquel Dodge? 
Ou devo perguntar para o Arnaldo? 

À véspera do leilão do pré-sal, semana passada, tive a esperança de que algum juiz intrépido ou algum procurador audacioso, iluminados pelos feéricos, espetaculosos exemplos da Lava Jato, impedissem esse supremo ato de corrupção praticado por um governo corrupto. 

Mas, como isso não vinha ao caso, nada tinha com os pedalinhos, o tríplex, as palestras, o aluguel do apartamento, nenhum juiz, nenhum procurador, nenhum delegado da polícia federal, e nem aquele rapaz do TCU, tão rigoroso com a presidente Dilma, ninguém enfim, se lixou para o esbulho. 

Ah, sim, não estava também no power point…. 

É com desencanto e o mais profundo desânimo que pergunto: por que Deus está sendo tão duro assim com o Brasil.