quinta-feira, 24 de agosto de 2017

DA “PRIVATARIA TUCANA” A “PRIVATIFARIA” DOS GOLPISTAS

Por Odilon de Mattos Filho - 22/08/201

Já escrevemos em outra oportunidade, que não obstante toda a resistência dos setores conservadores do Brasil, não há como negar que as “privatarias” ocorridas nos governos “Tucanos” foram, inegavelmente, danosas ao interesse público. 

A propósito, quem se interessar sobre o “submundo” das privatizações no governo FHC, aconselhamos as leituras dos livros “O Brasil Privatizado” do saudoso jornalista Aloysio Biondi e a importante obra/denúncia do jornalista Aumary Ribeiro Júnior, intitulada “Privataria Tucana”. 

É sabido que o ímpeto desta política entreguista por parte dos Governos do PSDB/DEM veio do alinhamento com o chamado “Consenso de Washington” que tinha como meta impor aos países em desenvolvimento medidas básicas para um profundo ajuste macroeconômico, e para tal, uma das receitas foi o desmonte do Estado com a entrega de nossas riquezas à iniciativa privada. 

Passados, aproximadamente, 27 anos das primeiras privatizações “tucanas”, estamos assistindo, uma vez mais, a nossa soberania ser subjugada e o que sobrou do patrimônio do povo brasileiro ser, irresponsavelmente, dilapidado por um governo ilegítimo e, comprovadamente, corrupto. 

Vale lembrar que um dos álibis utilizados para derrubar a presidenta Dilma foi o discurso da necessidade de se recuperar a credibilidade do país junto à comunidade internacional. Realizado o golpe o que estamos assistindo é o Brasil sendo achincalhado por outras Nações e a instalação de um claro governo cleptocrata. 

Neste contexto, Michel Temer assume o Poder e começa a sua segunda fase de trairagem, desta feita, contra o povo brasileiro que tinha optado pelo Projeto de continuidade das políticas públicas de inclusão social e do fortalecimento do Estado como indutor do crescimento e da geração de renda e emprego. 

Aliás, nesse sentido o magnifico historiador Luiz Felipe Alencastro professor emérito da Sorbonne, em Paris, e da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, diise: “...esse governo, de competência derivada, porque decorreu da eleição de Dilma Rousseff, está aplicando uma reforma oposta ao programa de governo que o Temer assinou quando aceitou ser vice. Esse governo não tem legitimidade para virar a mesa, acabar com a CLT, privatizar ou reduzir reserva indígena. A reforma da CLT é feita às escondidas. O [Emmanuel] Macron está fazendo reformas na França, mas foi eleito com essa plataforma e discute com sindicatos...1” 

Nessa nova fase, diferentemente, da época de FHC que estava alinhado ao “Consenso de Washington”, Michel Temer e seu bando ocuparam o Poder e começaram a colocar em prática a política de desmonte do Estado Social e por consequência, o cumprimento dos acordos firmados com os rentistas, banqueiros, os grandes ruralistas e com os mercados nacional e internacional. 

E nessa esteira iniciou-se uma política fiscal e econômica suicida que criou um rombo nas contas públicas jamais vista no país, levando o Brasil a uma total bancarrota. E para tentar salvar o que já morreu, Michel Temer propõe uma saída que aparentemente pode ajudar a tapar esse rombo, mas que na verdade, tem o objetivo de agradar o “Deus Mercado”. Estamos falando da volta das privatizações à toque de caixa, ou melhor, as “privatifarias”, como diz Paulo Henrique Amorim. 

Para iniciar a liquidação de ativos estratégicos do Brasil, Michel Temer, cumprindo acordo pela ajuda no golpe, entrega o Pré-sal, nosso maior tesouro, as empresas estadunidenses. E dando continuidade ao projeto entreguista o governo promete doar à iniciativa privada mais e mais patrimônio do povo brasileiro, brevemente, será a Petrobras . 

O Brasil possui 50 satélites que monitoram o país, todos eles foram privatizados por FHC. Considerando esse dano incalculável para a soberania do país, a presidenta Dilma celebrou um acordo com a França para construção de um satélite 100% nacional e que tem como objetivos contribuir para a segurança do país, para encarar a guerra cibernética, como instrumento para as políticas de saúde, educação e para outros interesses do povo brasileiro e de nossa soberania. No entanto, antes mesmo deste satélite operar 100%, o atual governo vai vendê-lo, no dia 27/08/2017, aos carniceiros privados. As favas o povo brasileiro e a soberania do país, diria Michel Temer e seu bando! 

Dando continuidade à sanha das “privatifarias” o governo anuncia mais um golpe lesa-pátria: a entrega de terras da Amazonas à iniciativa privada e as privatizações da Eletrobrás, da Casa da Moeda, dos aeroportos, da Base de Alcântara e tantos outros bens estratégicos da nossa Nação. 

O Brasil vai entregar à iniciativa privada 40 mil km2 de terras da Amazonas com nove unidades de conservação ambiental, todas revogadas para facilitar a entrega desse patrimônio ecológico às mineradoras internacionais. O volume de terra que será "doado" à iniciativa privada é igual ao tamanho territorial de vários países. 

O governo golpista pretende, também, vender uma das maiores empresas do Setor Elétrico do mundo, a estatal Eletrobrás. Essa empresa foi projetada pelo governo de Getúlio Vargas e criada em 1961. A Eletrobrás tem como atribuições a promoção de estudos, projetos de construção e operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações destinadas ao suprimento de energia elétrica do país. A empresa tem um papel decisivo para a expansão da oferta de energia elétrica e o desenvolvimento do país. Hoje a Eletrobrás possui 16 empresas, gera 1/3 da energia instalada no país, é líder em transmissão de energia elétrica no Brasil, teve um lucro de R$ 3,4 bilhões em 2016 e tem investimentos previstos para 2017 e 2021 na ordem de R$ 35,8 bilhões​. Essa é a empresa que Temer quer doar à iniciativa privada e que, certamente, causará danos incalculáveis aos cofres públicos e grandes sacrifícios financeiros ao povo brasileiro. 

Por fim, a privatização da Casa da Moeda. Uma empresa pública fundada em 1694 pelo Rei de Portugal D. Pedro II, com o objetivo de atender a demanda de fabricação de moedas no país. Hoje essa empresa com mais de três séculos é a responsável pela produção do meio circulante brasileiro e de outros produtos de segurança, como passaportes com chips e selos fiscais. O complexo industrial da Casa da Moeda é um dos maiores do gênero no mundo. A empresa teve um faturamento bruto em 2016 na ordem de R$ 2.411.505.407,37. É essa empresa, um dos símbolos da soberania nacional que os golpistas querem entregar na bacia das almas. 

A propósito, Gilberto Bercovici, Professor Titular de Direito Econômico e Economia Política da USP​, escreveu: “...A privatização dessas empresas estatais significa a desestruturação do sistema energético integrado, fundamental para a manutenção de um mercado interno de dimensões continentais, como o brasileiro, e uma inserção internacional competitiva, não subordinada. A fragmentação das empresas estatais de infraestrutura substitui, na maior parte dos casos, o monopólio estatal pelo monopólio ou oligopólio privados, além de romper com o planejamento estratégico e integrado da rede de serviços básicos e com um sistema interligado de tarifas cruzadas. O desmonte do setor elétrico brasileiro, com a anunciada privatização da Eletrobrás, compromete de forma definitiva nossa soberania energética. A soberania energética é um componente essencial da soberania econômica nacional, pois abrange um setor chave da economia do país...2” 

Aqui está um pequeno retrato do que esses canalhas, canalhas e canalhas estão fazendo com o Brasil, e como bem afirmou o grande nacionalista, ex-governador do Rio de Janeiro, Saturnino Braga “...[os golpistas] venderam estradas e aeroportos. E querem vender a nossa Casa da Moeda. Pois agora chega a nova que faltava, desfaçatez que nos deixa sem palavras: querem vender a irmã da Petrobras, vender a luz e a força do Brasil. Querem vender, vender, privatizar. Que vendam, pois, a p... que os pariu!3” 













1 Fonte: https://www.conversaafiada.com.br/politica/alencastro-sepulta-o-parlamentarismo-do-gilmar 
2Fonte:https://www.conversaafiada.com.br/economia/bercovici-quanto-privatizarem-tanto-reestatizaremos 
3 Fonte: https://www.conversaafiada.com.br/economia/saturnino-que-vendam-a-p-que-os-pariu 





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