quarta-feira, 28 de junho de 2017

OCUPANDO AS TRIBUNAS DAS CÂMARAS MUNICIPAIS

Abaixo a descrição da manifestação oral deste blogueiro junto à Câmara Municipal de Andrelândia, denunciando as Reformas da Previdência e Trabalhsita. (26/06/2017)

Boa noite a todos! Excelentíssimo Senhor Presidente desta Casa, ilustres Vereadores, Excelentíssimos senhores Prefeito, Vice-prefeito, Secretária Municipal de Finanças, amigo e companheiro Luiz Henrique, funcionários, estimados andrelandenses, cidadãos que nos ouvem nesta noite:

É de nosso conhecimento os Projetos sobre as Reformas da Previdência e Trabalhista oriundos do governo golpista e hoje sabidamente corrupto. Aliás, pela primeira vez na história do Brasil temos um presidente no exercício de seu mandado, denunciado pelo MPF por crime de corrupção passiva. Sabemos, também, que 80% da população, segundo as pesquisas, é contrária as essas Reformas, que claramente, prejudicam a classe trabalhadora e beneficiam os interesses dos grandes empresários e banqueiros. É a velha luta de classe entre capital e trabalho.

Hoje sabemos perfeitamente o porquê do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Os objetivos são tentar "estancar essa porra" (operação Lava-jato) antes que a mesma chegasse ao PMDB, PSDB e DEM e cumprir o acordo de entregar o que resta de nossas riquezas ao capital privado e realizar as reformas de interesse do empresariado nacional, internacional, dos banqueiros e rentistas. 

Há que ressaltar, ainda, que vivemos uma grave crise institucional. Hoje, por exemplo, o presidente Michel Temer em discurso deixou ao menos implícito que o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot teria recebido propina de outro Procurador que se exonerou do cargo e foi advogar, inclusive, para os irmãos J&B que fizeram a delação envolvendo o presidente golpista. Um fato gravíssimo essa denúncia do presidente Michel Temer!

Mas retornando às Reformas, é sabido que o Senado Federal deve votar o Projeto da Reforma Trabalhista agora neste mês de julho e tendo em vista essa provável votação as Centrais Sindicais e os movimentos populares programaram uma greve geral no dia 30 de junho, sexta-feira, para tentar pressionar os Senadores a votarem contra esses projetos.

Não há a menor dúvida de que a Reforma Trabalhista é a maior alteração das relações sociais de produção no Brasil e um retrocesso histórico, e isso quem diz não somos nós PTistas ou outros Partidos de esquerda, mas sim várias entidades. A propósito, peço licença aos senhores Vereadores para fazer uma resumida leitura da Nota conjunta da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas, Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho a Associação LatinoAmericana de Advogados Laboralistas, a Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho e a Associação Luso-Brasileira de Juristas do Trabalho. Diz as entidades: “...Ao contrário do alegado pelo Governo Federal e pelos parlamentares defensores da chamada Reforma trabalhista que afirmam que a mesma tem como principais objetivos a criação de empregos, a consolidação de direitos e o implemento da segurança jurídica nas relações de trabalho, as entidades signatárias, com sua expertise e atuação cotidiana na área, vêm, por meio desta nota técnica, comprovar que, da forma aprovada pela Câmara dos Deputados, a reforma, na realidade, aumentará os níveis de desemprego, diminuirá a qualidade dos empregos no mercado brasileiro, reduzirá direitos e fomentará o descumprimento da legislação trabalhista e, por fim, aumentará a insegurança jurídica nas relações trabalhistas.

Após intensa leitura e debate das entidades signatárias sobre o texto do PLC 38/2017, verificamos que a proposta de Reforma Trabalhista segue uma perversa lógica: a) ao invés de combater o descumprimento da legislação trabalhista, dificulta o acesso à justiça pelo trabalhador; b) ao invés de buscar a prevenção de acidentes do trabalho, limita as indenizações por dano extrapatrimonial (moral, estético e existencial) desses infortúnios; e c) em nenhum momento, o projeto garante alguma regra para manutenção dos empregos daqueles que já estão empregados. A proposta em comento cria um cardápio de contratos de trabalho e de emprego precários, facilitando a redução da proteção social dos trabalhadores brasileiros e fomentando a mera substituição dos contratos de trabalho a tempo indeterminado (com mais proteção e mais direitos) por contratos fraudulentos, por contratos temporários e por contratos de trabalho em que o empregado pode receber abaixo do salário mínimo mensal.
  
Não há dúvida alguma de que há um enorme déficit democrático em torno da discussão da proposta, pois ela é fruto da total ausência de um debate social amplo, especialmente entre os trabalhadores brasileiros, que serão os principais atingidos pelas profundas mudanças na legislação trabalhista. Como já afirmado pelo Ministério do Trabalho, o PL 6787/2016 foi gestado sem a efetiva participação dos trabalhadores na sua discussão, em claro descumprimento às Convenções nºs 144 e 154 da Organização Internacional do Trabalho, ambas ratificadas pelo Estado Brasileiro, que preveem a necessidade de discussão entre as representações dos trabalhadores e dos empregadores e os Estados quando da apresentação de propostas que possam modificar o ordenamento jurídico laboral.

A origem do Direito do Trabalho sempre revelará a sua função tuitiva. A ideia de mínimos jurídicos assegurados por lei, como salário mínimo, repousos semanais e anuais, intervalos intra e entrejornadas, limites de jornada etc., veio a lume para justamente conferir alguma equipotência nas relações entre empregadores e trabalhadores hipossuficientes, evitando-se assim que prevaleça sempre a condição do mais forte. Assim, os direitos trabalhistas constitucionais e legais mínimos são aqueles que asseguram, afinal, que parte da riqueza gerada pela produção/circulação de bens e serviços seja segura e necessariamente distribuída entre os trabalhadores.

A pretensão de uma reforma como a essa é na verdade tornar lícitas condutas vedadas pela CLT e pelas Convenções Internacionais, esvaziando o conjunto mínimo de proteções ao trabalhador. A modernização das relações de trabalho consiste antes de tudo na erradicação de todas as formas de exploração do ser humano, e não na utilização de uma engenharia artificiosa para fazer desaparecer as irregularidades cotidianamente praticadas no Brasil, alçando-as à condição de legalidade sem bani-las da vida social. Quando a maior parte desses direitos volta ao campo da livre negociação (ainda que coletiva), faltando-nos ainda uma organização sindical universalmente pujante e representativa, descem-se alguns degraus na escada da civilidade. Onde a lei já não garante mínimos, os seus padrões voltam a ser disputados pela força..”

Senhor Presidente, agradecemos a oportunidade de proferir essa manifestação e informamos que o conteúdo da mesma está sendo apresentado, também, em outras Câmaras Municipais por outros companheiros. Por fim, informamos a todos aqui presentes e àqueles que nos ouvem, que conforme já acordado com Vossa Excelência, realizaremos em data a ser definida, uma Audiência Pública nessa Câmara Municipal para discutirmos a Reforma da Previdência e nessa oportunidade contaremos com as presenças de lideranças políticas e de movimentos sociais de Juiz de Fora e região.


Senhor Presidente, mais uma vez agradeço a oportunidade e desejo uma boa noite a todos !

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