A mídia
comercial noticiou com estardalhaço e grandes manchetes o derradeiro e mais
esperado “duelo” judicial entre o réu Luiz Inácio Lula da Silva e o desafiante
juiz Sérgio Fernando Moro.
Antes de
adentrarmos no resultado dessa pendenga, vale esclarecer que esse “duelo” forjado
pela mídia não deveria ser entre Moro e Lula. Sérgio Moro é um magistrado e
como tal deveria ficar distante deste debate e apenas julgar o processo diante
das provas produzidas pelas partes. Mas, na verdade não é isso o que está acontecendo!
O que estamos assistindo é que há certos momentos em que o Moro aparece como Juiz,
em outros instantes ele age como Procurador (denunciante) e outras situações como policial investigador. Isso mostra a que
ponto chegou o processo dessa operação lava-jato.
Mas vamos
entrar na pilha da mídia e analisar o embate! Após cinco longas horas de
depoimento, ou melhor, de “duelo”, sai o veredito: para a “mídia nativa” Moro saiu
vencedor desse primeiro round e para as redes sociais, jornais internacionais, blogs
e jornalistas independentes e para este modesto escriba, Lula trucidou o juiz
de “piso”.
Evidente
que se atentarmos bem para o depoimento ficou muito claro que o ex-presidente
Lula foi corajoso, destemido, hilário e muito convincente em suas respostas.
Até mesmo uma parte da imprensa familiar chegou a essa conclusão.
A grande
decepção ficou por conta da covardia do Juiz Moro em não permitir que a “luta”
fosse transmitida de maneira que pudéssemos olhar a cara do desafiante Sérgio
Moro.
Outra
conclusão que nos assusta, malgrado a postura cortês no trato do seu oponente,
foi o amadorismo e a postura nada comum de quem veste a toga da magistratura. As perguntas que foram feitas pelo Juiz Moro foram,
simplesmente, medíocres e demonstraram duas coisas: a falta de provas contra
Lula, à certeza de um julgamento político e de exceção e a dura necessidade de
levar a cabo toda essa farsa.
A
propósito, até mesmo o maior represente da imprensa esgoto, o insuspeito
Reinado Azevedo há tempos vem tendo surtos de lucidez e fazendo comentários
sobre essa persecução penal contra Lula. Diz o jornalista:”...O antigo
Babalorixá [Lula] está mesmo sendo julgado por um tribunal de exceção de
Banânia. Sergio Moro esmagou o devido processo legal com um desassombro inédito
em tempos democráticos....A maioria das perguntas que o juiz fez a Lula não
guardava, a não ser por sua visão solipsista do direito e das leis, nenhuma
relação com o objeto do processo...O juiz resolveu fazer a versão oral do
PowerPoint de Deltan Dallagnol.....Onde está o busílis? O MPF não conseguiu
produzir a prova de que Lula é o dono oculto do apartamento. Documentos de fé
pública atestam que ele pertence à OAS. Carlos Fernando, um dos
procuradores-estrela, lamentou nesta sexta que Lula não tenha produzido provas
contra si... E disse que o MPF fará novas diligências."
Por sua
vez o grande jornalista Mino Carta assim descreveu a luta do século:”...O
embate de Curitiba previsto pela mídia nativa, pronta a antecipar vencedor e
vencido, assim como o inquisidor escolheu o culpado antes de definir a culpa,
soçobra no desfecho oposto...De um lado, a figura enfadonha de voz melíflua a
se enredar em sua própria obsessão e em um emaranhado de perguntas repetidas
incessantemente, do outro um cidadão de muitas sutilezas e senso de humor na
ponta da língua e no semblante, disposto de improviso a perguntar: “Mas... cadê
o Dallagnol?” De fato, o pregador da cruzada não estava presente e nem por isso
escapou à flechada irônica...2”
Com relação às perguntas do juiz que mais parecia
um acusador, Lula não se intimidou e respondeu a todas, inclusive, em vários
momentos colocou o juiz Moro nas cordas e sem ação, quase um nocaute. Vejamos
alguns momentos:
“MORO: Senhor ex-presidente, preciso lhe advertir
que talvez sejam feitas perguntas difíceis para você.
LULA: Não existe pergunta difícil pra quem fala a
verdade.
MORO:
Esse documento em que a perícia da PF constatou ter sido feita uma rasura, o
senhor sabe quem o rasurou?
LULA: A
Polícia Federal não descobriu quem foi? Não? Então, quando descobrir, o senhor
me fala, eu também quero saber.
MORO: O
senhor não sabia dos desvios da Petrobras?
LULA: Ninguém sabia dos desvios da Petrobras. Nem eu, nem a imprensa, nem o senhor, nem o Ministério Público e nem a PF. Só ficamos sabendo quando grampearam o Youssef.
MORO: Mas eu não tinha que saber. Não tenho nada com isso.
LULA: Tem sim. Foi o senhor quem soltou o Youssef. O senhor deve saber mais que eu [referindo-se ao escândalo do Banestado].
MORO: Saíram denúncias na Folha de S. Paulo e no
jornal O Globo de que…
LULA: Doutor, não me julgue por notícias, mas por
provas...Esse julgamento é feito pela e para a imprensa.
MORO: O julgamento será feito sobre as provas. A
questão da imprensa está relacionada a liberdade de imprensa e não tem ligação
com o julgamento.
LULA: Talvez o senhor tenha entrado nessa sem perceber, mas seu julgamento está sim ligado a imprensa e os vazamentos. Entrou nessa quando grampeou a conversa da presidente e vazou, conversas na minha casa e vazou, quando mandou um batalhão me buscar em casa, sem me convidar antes, e a imprensa sabia. Tem coisas nesse processo que a imprensa fica sabendo primeiro que os meus advogados. Como pode isso?
MORO: Senhor ex-presidente, você não sabia que
Renato Duque roubava a Petrobras?
LULA: Doutor, o filho quando tira nota vermelha,
ele não chega em casa e fala: “Pai, tirei nota vermelha”.
MORO: Os meus filhos falam.
LULA: Doutor Moro, o Renato Duque não é seu filho.
LULA: Doutor Moro, o senhor já deve ter ido com sua
esposa numa loja de sapatos e ela fez o vendedor baixar 30 ou 40 caixas de
sapatos, experimentou vários e no final, vocês foram embora e não compraram
nenhum. Sua esposa é dona de algum sapato, só porque olhou e provou os sapatos?
Cadê uma única prova de que eu sou dono de algum tríplex? Apresente provas
doutor Moro?
MORO: O senhor solicitou à OAS que fosse instalado
um elevador no tríplex?
MORO: Tem um documento aqui que fala do tríplex…
LULA: Tá assinado por quem?
MORO: Hmm… A assinatura tá em branco…
LULA: Então, o senhor pode guardar por gentileza!3”
Mas o que
interessa dessa pendenga judicial é o resultado final e isso já sabemos. O verdadeiro objetivo dessa
persecução penal é tirar Lula das eleições de 2018. Esses processos não
passam de um jogo cena para iludir o povo brasileiro, pois Lula já está
condenado, aliás, vale aqui a assertiva do Juiz Robert Jackson, da Corte
Suprema dos EUA, que disse: “...certos julgamentos não passam de uma
cerimônia legal para averbar um veredicto já ditado pela imprensa e pela
opinião pública que ela gerou4”. Viva o Poder Judiciário
do Brasil.!
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