A grande manifestação do dia 13 de março
nos instigou a fazer um paralelo do atual momento político com aquele vivido em
1964, a começar pela manifestação na mesma data que aconteceu “A Marcha da Família com Deus pela
Liberdade”. Além disso, a composição monocromática da manifestação e as
palavras de ordem são provas de que as elites, mais do que a
volta dos militares, não aceitam, conforme escreveu Leonardo Boff, “...a
ascensão das massas populares aos bens mínimos da cidadania. Querem mantê-las
onde sempre foram mantidas: na margem, como exército de reserva para seu
serviço barato".
Naquela época os militares tomaram a
linha de frente para depor João Goulart, hoje mais maduros politicamente, estão
cientes dos seus deveres constitucionais. A missão do golpe passou para as mãos
dos civis, representados pela grande mídia, pelo empresariado, as classes média
e alta, a oposição, parte do Judiciário, do MP e da PF.
Na
ditadura, assim como ocorre com ex-presidente Lula, tentaram atribuir ao presidente Juscelino
Kubitschek a
propriedade de um “triplex” em Ipanema, porém, ficou provado que o apartamento
era de Sebastião Paes de Almeida, rico empresário e ex-presidente do Banco do
Brasil e Ministro da Fazenda no Governo JK.
As agressões também são semelhantes.
Vários Políticos do PT já foram agredidos em restaurantes, bares, hospitais e
até em velórios. Na época da ditadura os apoiadores de João Goulart eram
atacados com a pecha de comunistas e corruptos, hoje o discurso carregado de
ódio intolerância e preconceito é o mesmo.
No
dia 04/03, de forma ilegal, Lula foi conduzido coercitivamente para depor na PF
sendo levado para o aeroporto de Congonhas em SP, o que lembrou muito a
história dos militares em 1954 com a República do Galeão.
Já no dia 06/03 o Bispo, dom Darci José Nicioli durante uma missa
teria incitado a violência pedindo aos fiéis que pisassem na cabeça da jararaca, uma clara alusão ao
ex-presidente Lula que dias antes dissera,
que “se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça". Essa
postura do Bispo se assemelha muito àquela adotada pela maioria das Igrejas na
época de chumbo.
Passados
sete dias do “sequestro” de Lula Promotores de Justiça, em mais uma manobra
política, pediram a prisão do ex-presidente se valendo de argumentos tão fracos
juridicamente, que até parlamentares do PSDB engrossaram o coro de juristas que
se lembraram de casos semelhantes em processos militares.
Depois
de tudo isso outros casos semelhantes com os dias de chumbo aconteceram. No dia
11/03/2016, estavam reunidos na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
vários dirigentes sindicais e deputados, quando foram surpreendidos com a
invasão do sindicato por policiais armados e sem mandado judicial. Segundo os
deputados o comandante da PM alegou que souberam que estava ocorrendo uma
reunião de apoio a Lula e foram até o local averiguar. Isso é de uma
barbaridade tão grande que se faz imperioso uma imediata e dura punição dos
policiais e dos mandantes dessa flagrante ilegalidade só vista na época da
ditadura militar.
Após
esse fato mais dois atentados. No dia 12/03, a sede da UNE amanheceu pichada
com imagens de ódio e intolerância política. O ataque lembrou o que aconteceu
em 1964, quando a sede da UNE foi incendiada. Nesse mesmo dia a sede do
diretório do PCdoB em SP foi, também, atacada recebendo pichações contra o
ex-presidente Lula e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
E
as semelhanças com a época de chumbo não param por aqui. Em 1961, com a
renúncia do presidente Jânio Quadros a UDN conseguiu aprovar uma emenda
constitucional instituindo o Parlamentarismo, com isso, impediram que João
Goulart tomasse posse como presidente no sistema presidencialismo. Hoje a
manobra é semelhante. Mesmo já ter sido matéria vencida em um plebiscito em
1993, há um forte movimento no Congresso que quer implantar uma espécie de
parlamentarismo, com isso, golpeiam a presidenta Dilma.
Por
fim, não podemos nos esquecer do golpe via Justiça Eleitoral. O TSE, mesmo
depois de aprovar a prestação de contas da presidenta Dilma, voltou atrás e
está analisando, novamente, as citadas contas, e o Relator do Processo é nada mais,
nada menos, que Gilmar Mendes um Ministro, declaradamente, opositor aos
governos trabalhistas.
Frente
a tudo isso, está claro o leque de possibilidades para um golpe de Estado. Por
um lado, temos esse parlamentarismo tupiniquim que querem implantar, isso é
golpe. O impeachment da presidenta Dilma
sem fundamentação para tal, também é golpe. A nova análise da prestação de
contas eleitoral da presidenta é o golpe à Paraguaia, e por fim, temos o golpe
cautelar, que é impedir Lula de disputar as eleições em 2018. Há ou não semelhanças de 2016 com 1964?
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