No
ano de 2013 o Ministério da Saúde em conjunto com o Ministério da
Educação lançaram o Programa denominado “Pacto Nacional pela
Saúde”, objetivando a
melhoria
do atendimento aos usuários do SUS, a melhoria em infraestrutura e
equipamentos para a saúde, a expansão do número de vagas de
graduação em medicina e de especialização/residência médica, e
o aprimoramento da formação médica no Brasil.
No
entanto, muitos se lembram, que quando foi lançado esse Programa
conhecido como “Mais Médicos”, de imediato, houve uma alucinada
reação dos inúmeros doutores de jaleco branco e suas entidades de
classe contrários ao programa e com discursos corporativos,
mercantilistas e preconceituosos, especialmente, contra os colegas
cubanos.
Dando
continuidade a essa histeria, as manifestações de grande parte dos
médicos se intensificaram, durante a campanha eleitoral, e se
colocando como paladinos da moral, da ética e da probidade iniciaram
uma raivosa e violenta campanha nas redes sociais contra a candidata
Dilma Rousseff, contra o PT, e o “Mais Médicos”, mesmo sabendo
que 84% da população aprova o Programa.
Evidente,
que não temos nada contra os médicos aliarem-se com o
conservadorismo feroz da oposição, pois, vivemos numa democracia e
o voto é livre e soberano. No entanto, com relação ao discurso da
ética, da moral e da probidade, parece que a classe médica levou um
duro golpe de difícil assimilação e recuperação.
Muitos
brasileiros acompanharam no dia 04 de janeiro, a matéria do
“Fantástico” sobre a “máfia das próteses” que assaltava os
cofres do SUS. Por ironia do destino, essa quadrilha criminosa têm
em suas fileiras, dentre outros larápios, vários médicos, os
mesmos que faziam apologia à ética e a probidade administrativa.
Essa máfia, dentre outros esquemas, agia em conluio com empresas de
próteses e advogados encarregados de ingressarem com ações
judiciais objetivando o governo a pagar as próteses e cirurgias em
hospitais privados, mediante diagnósticos
falsos e com superfaturamento das peças.
Levantamento
preliminar do governo aponta que entre os anos de 2005 a 2011, os
gastos do SUS com o cumprimento de sentenças judiciais cresceram 100
vezes no Brasil. Passaram de R$ 2,5 milhões para R$ 266 milhões em
2011. Só em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram pagos em despesas com
próteses em geral. Esse valor é dobro do que o governo gasta no
Programa “Mais Médicos”.
Sem
dúvidas de que esse escândalo coloca em cheque a imagem de “bons
moços” da classe médica, aliás, até o momento que escrevemos
esse texto nenhuma entidade da classe se manifestou sobre esse
vergonhoso escândalo de corrupção, aliás, essa omissão parece
uma praxe, pois, isso já ocorrera em outros casos, como por exemplo,
os “dedos de silicone”, os escabrosos casos do médico
estuprador, Roger Abdelmassih, da doutora Virgínia Soares de Souza a
médica que teria antecipado a mortes de centenas de pacientes da UTI
do Hospital Evangélico de Curitiba, dentre outros.
Diante
disso, fica claro que o exercício da medicina – com honrosas
exceções de alguns profissionais – transformou-se em puro
mercantilismo que passa pelo consultório, pela indústria da saúde
e desemboca no lucro a qualquer preço. As favas o juramento de
Hipócrates!
Nesse mesmo sentido e para fechar esse texto, vale citar trecho do excelente artigo do jornalista Saul Leblon: "...A recorrência dos escândalos médicos e o seu baixo impacto corporativo, comparado à animosidade engajada contra o "Mais Médicos", evidencia a existência de profundas distorções no ambiente médico do país...Entre indignado e estupefato, o conservadorismo de jaleco branco recusa a possibilidade da existência de outra referência de exercício da medicina que não os valores argentários...Solidariedade, internacionalismo e fraternidade formam uma constelação incompreensível a que divide o mundo entre consumidores e escravos...Felizmente, nem médicos do Caribe nascem bonzinhos, nem a mentalidade da máfia da prótese se reproduz por geração espontânea. Ambos são fruto de instituições, a ponto de uma não achar estranho sair de seu país para ajudar um outra nação. E o outro não hesitar em sangrar recursos públicos escassos de sua própria nação, que podem fazer a diferença entre a vida e a morte na fila da saúde pública. Com a palavra a entidades médicas do Brasil...!
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