Respeitem Lula!

"A classe pobre é pobre. A classe média é média. A classe alta é mídia". Murílio Leal Antes que algum apressado diga que o título deste texto é plágio do artigo escrito por Ricardo Noblat (...)

A farsa do "Choque de Gestão" de Aécio "Never"

“Veja” abaixo a farsa que foi o famoso “Choque de Gestão” na administração do ex-governador Aécio “Never" (...)

A MAIS TRADICIONAL E IMPORTANTE FACULDADE DE DIREITO DO BRASIL HOMENAGEIA O MINISTRO LEWANDWSKI

"O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski recebeu um “voto de solidariedade” da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pela “dedicação, independência e imparcialidade” em sua atuação na corte. (...)

NOVA CLASSE "C"

Tendo em vista a importância do tema, reproduzimos post do sitio "Conversa Afiada" que reproduz trecho da entrevista que Renato Meirelles deu a Kennedy Alencar na RedeTV, que trata da impressionante expansão da classe média brasileira. (...)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

LEI DE MEDIOS, JÁ...!

Reproduzimos abaixo matéria da "Carta Maior

POR UMA OPINIÃO PÚBLICA DEMOCRÁTICA NO BRASIL

O sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado.
Ana Paola Amorim, Juarez Guimarães e Venício A. de Lima
Introdução de “Em defesa de uma opinião pública democrática: Conceitos, entraves e desafios”, de Ana Paola Amorim, Juarez Guimarães e Venício A. de Lima (orgs.), Coleção Temas de Comunicação, Editora Paulus, 2014; intertítulos do OI. Publicado no Observatório da Imprensa.

A maioria dos brasileiros nos últimos anos, sem desertar de suas convicções democráticas, mas em razão mesmo delas, já construíram amplamente um diagnóstico crítico do modo de funcionamento do atual sistema político no Brasil e anseiam por reformas políticas. Há muitas evidências de que já está se firmando em um número cada vez maior de brasileiros a consciência de que também o sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado a partir de princípios republicanos e pluralistas.


Este livro, para o qual convergem os saberes, as reflexões e as pesquisas de filósofos, cientistas políticos e um conjunto de intelectuais com larga interlocução acadêmica e pública na área de comunicação, pretende contribuir para a formação desta nova consciência e desta nova linguagem em favor de uma opinião pública democrática no país. Como tal, se insere em um conjunto de obras recentes que, sob o prisma de uma convergência entre várias áreas de conhecimento, têm elaborado sobre o desafio da liberdade de expressão nas democracias contemporâneas.


A primeira entrevista, conduzida sob a forma de um diálogo com dois filósofos que frequentam a vanguarda das tradições nacionais e internacionais da cultura do republicanismo democrático, Newton Bignotto e Helton Adverse, pretende enfrentar os desafios intelectuais do uso contemporâneo desta linguagem para se travar a luta pública pela democratização das comunicações no país.


Tradição liberal


A construção de uma matriz brasileira do republicanismo democrático, como linguagem pública, ao mesmo tempo erudita e popular, é decisiva para quem luta pela liberdade de expressão por três razões.


Em primeiro lugar, porque esta tradição traz em sua identidade de formação e desenvolvimento um conceito forte e polarizador de liberdade, fundando a autonomia do indivíduo na própria ideia da democracia e da soberania popular. Uma campanha pela liberdade de expressão fracassará se não tiver em seu centro um princípio soberano de liberdade, a partir do qual não apenas possa refutar a censura do Estado, mas argumentar em favor das leis democráticas que a possam garantir, que possa defender o pluralismo das vozes sociais e ao mesmo tempo denunciar a censura que também se faz nas grandes empresas privadas de comunicação que hoje são dominantes no Brasil.


Em segundo lugar, precisamos de uma teoria, de uma linguagem e de conceitos que não separem comunicação de política ou que simplesmente as relacionem a partir de um princípio de interdisciplinaridade. Sem direito à voz pública – o direito de falar e ser ouvido – não se forma o cidadão livre. Sem opinião pública democrática o princípio da soberania popular não pode se estabelecer. A política depende sempre da formação do juízo e da opinião pública, mesmo quando mobiliza interesses ou até quando usa da coerção, legítima ou não. É preciso superar de vez aquelas pragmáticas políticas que desvalorizam ou marginalizam o valor central de uma opinião pública democrática, onde se formam e se transformam os valores e a cultura de uma sociedade.


Uma terceira razão é que precisamos inteiramente de uma linguagem política crítica e alternativa à linguagem política opressora do neoliberalismo, que identifica liberdade de expressão à lógica do “mercado de idéias”, que sacraliza a forma mercantil e demoniza mesmo as leis democráticas e pluralistas, para vincular a liberdade de expressão aos poderes incondicionados das grandes empresas de mídia.


A formação de uma matriz republicana permite, além de fazer esta disputa democrática com o neoliberalismo, dialogar com as tradições do socialismo democrático. Isto é, firmar um valor de esquerda, com toda a sua expressão nas classes trabalhadoras e populares, sem se confundir com as culturas autocráticas do socialismo, ontem dominantes e que eram, como se sabe, inimigas da liberdade de expressão. Possibilita, além disso, estabelecer um diálogo fértil, sem absorver os limites intrínsecos, das contribuições liberais democráticas ou cívicas que se opõem aos argumentos neoliberais a partir mesmo de dentro do pluralismo da tradição liberal em suas dimensões mais progressistas mas hoje fortemente minoritárias.


Impasse central


A segunda entrevista é um diálogo reflexivo já na área da Ciência Política, com Leonardo Avritzer, um intelectual brasileiro que exerce uma importante liderança acadêmica internacional na área dos estudos sobre democracia participativa, tendo sido nas últimas décadas uma das principais referências na crítica brasileira às chamadas culturas do “elitismo democrático”. Isto é, aquelas correntes típicas da ortodoxia da ciência política que concebem como inescapável, nas sociedades modernas, o governo das elites e a impossibilidade de uma participação cidadã informada e democrática.


A entrevista é importante também por três razões. Em primeiro lugar, porque há um diagnóstico hoje de uma nítida desvinculação entre as formas de participação democrática dos brasileiros que vieram se consolidando nas últimas décadas e o grau de democratização da comunicação de massas do país. Além disso, é certo que a luta dos brasileiros pela liberdade de expressão deve convergir e interagir com os seus exercícios de cidadania ativa e pela reforma política se quiser fugir de uma dinâmica isolada e corporativa.


Uma terceira razão consulta o diálogo necessário e enriquecedor entre as tradições e matrizes do republicanismo democrático e as chamadas culturas da democracia deliberativa, que se centralizam no conceito de “esfera pública”, desenvolvido na Modernidade por Hannah Arendt e atualizado em certa direção por Jurgen Habermas pode residir um ganho inestimável para as duas tradições que enfrentam, de um ponto de vista crítico, as razões fortes e midiáticas do neoliberalismo.


Concebido como uma cultura, uma política e uma linguagem em formação nos tempos longos da história brasileira, o republicanismo serve também para pesquisar, refletir e atualizar uma história dos impasses na formação de uma opinião pública democrática no país. Se na maior parte do tempo, tivemos uma república sem o princípio da soberania popular, isto é, sem democracia, hoje temos no Brasil um princípio democrático que está travado, em inúmeras dimensões estruturantes, pela formação antirrepublicana do Estado brasileiro. Isto é, questões chaves como a injusta e centenária concentração da propriedade agrária, a corrupção sistêmica, a estrutura tributária regressiva, um aparato de segurança anticidadã e antidireitos humanos, frequentam hoje ostensivamente a democracia brasileira. Não há como enfrentá-las sem entendê-las como impasses estruturais e históricos do longo processo de republicanização do país, isto é, da constituição de uma sociedade democrática onde os cidadãos e cidadãs tenham, de fato, direitos e deveres simétricos.


A não constituição de uma opinião pública democrática é hoje um destes impasses, central porque afeta estruturalmente a formação da legitimidade democrática em todas as áreas onde se requer transformações históricas decisivas.


Luta por liberdade


A segunda parte do livro procura cobrir as origens deste impasse histórico desde a chamada revolução de 1930 até os dias de hoje. A contextualização de uma matriz republicana exige o trabalho da história em um sentido forte, isto é, exige pensar aquelas conjunturas decisivas em que os fundamentos de legitimação do Estado passaram por transformações decisivas.


O que esta pesquisa histórica já revela, através dos ensaios que compõem esta segunda parte, é que há uma continuidade de leis e de iniciativas do Estado em favor de um desenvolvimento incondicionado de um sistema privatista, concentrado e fortemente ancorado na reprodução de padrões conservadores e antipopulares da política brasileira que relega ao segundo plano a consolidação de um sistema público democrático de comunicação.


A reprodução desses padrões conservadores e antipopulares se expressa inequivocamente na posição editorial e de colunistas dos principais jornais brasileiros, desde a República Velha até os nossos dias.


Essas revelações são importantes, em primeiro lugar, para fugir de uma naturalização desta história, isto é, escolhas decisivas em momentos históricos decisivos se impuseram, moldando um perfil singular para a estrutura dos meios de comunicação de massa no Brasil. Além disso, demonstra o quando é falseada aquela narrativa que erige os poderes econômicos privados em favor da liberdade de expressão contra as pulsões repressoras e censórias do Estado. Na verdade, foram nos momentos mais autocráticos do Estado brasileiro que mais cresceram e se criaram estímulos para o crescimentos dos poderes midiáticos mercantis.


Além disso, esta afirmação de uma continuidade antirrepublicana e antidemocrática no campo da estrutura de comunicação de massas exige pensar, nos moldes de certa tradição de pesquisa histórica das políticas públicas, o efeito cumulativo das trajetórias, isto é, como certas decisões tomadas em certos períodos acabam por estruturar desenvolvimentos futuros, condicionando inclusive a prática dos atores envolvidos. No caso das comunicações, há inclusive o chamado efeito do “encarceramento da trajetória”: isto é, a partir do poder acumulado, os grandes empresários midiáticos passam a pressionar e deter um importante poder de chantagem sobre os atores políticos, condicionando-os e até constrangendo-os a votar leis e praticar iniciativas que beneficiam ainda mais os interesses empresariais midiáticos.


Como a praticar um princípio da esperança, de que toda crítica precisa de uma nova síntese, de abertura de sentidos e de possibilidade de transformação, a terceira parte do livro procura pensar experiências recentes na América Latina bem como o novo Marco Civil da internet, recém-aprovado no Congresso Nacional e que passa a compor uma inovação saudada internacionalmente como precursora e paradigmática.


Em suas razões, argumentos, pesquisas e polêmicas, este livro se propõe assim a enriquecer o entendimento de que lutar pela liberdade de expressão é já, em si mesmo, uma expressão da liberdade.


[Os organizadores. Belo Horizonte/Brasília, inverno de 2014.]


Venício A. de Lima foi pesquisador visitante I do CNPq no Depa­rtamento de Ciência Política (2012-2013) e é pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (CERBRAS), ambos da UFMG. Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado). Co-organizador/autor com Juarez Guimarães de Liberdade de expressão: as várias faces de um desafio, Paulus, 2013; entre outros livros. Juarez Guimarães é professor do Departamento de Ciência Política da UFMG, coordenador do CERBRAS, e coautor com Ana Paola Amorim de A corrupção da opinião pública – Uma defesa republicana da liberdade de expressão, Boitempo, 2013, entre outros livros. Ana Paola Amorim é professora do curso de Jornalismo da Universidade FUMEC, doutora em Ciência Política pela UFMG e pesquisadora do Grupo de Pesquisa CERBRAS (Centro de Estudos Republicanos Brasileiros).

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O BRASIL QUE A DIREITA CONSERVADORA E "MÍDIA NATIVA" ESCONDEM..!

Reproduzimos abaixo uma excelente e precisa reflexão do brilhante Saul Leblon

A PETROBRÁS, A PNAD E O CORO DA INSIGNIFICÂNCIA NACIONAL

por: Saul Leblon


Imagine-se que o México, por exemplo, do novo herói de Wall Street, Enrique Peña Nieto; ou a Espanha, do imperturbável ‘austericida’, Mariano Rajoy; ou mesmo os EUA, do flácido Barack Obama, reunisse, em uma única semana, essa que passou, as seguintes conquistas no portfólio do seu governo:


1. O país fosse declarado pela FAO um território livre da fome, praticamente erradicada nos últimos 11 anos;


2. Tivesse a notícia de que a miséria extrema fora igualmente reduzida em 75%, no mesmo período;


3. Constatasse que após seis anos de uma interminável crise mundial, a renda média mensal das famílias continuasse a crescer, tendo se elevado em 3,4% acima da inflação em 2013 (dado da PNAD já corrigida);


4. E que o rendimento médio dos trabalhadores assalariados, no mesmo período, registrou um aumento de 3,8% acima da inflação e acima do PIB, de 2,5%;


5. Ainda: que enquanto a renda dos 10% mais ricos cresceu 2,1%, a dos lares mais pobres, incluindo-se os benefícios das políticas sociais, avançou 2,9%, o que contribuiu para um pequeno, mas persistente recuo da desigualdade, em declínio desde 2004;


6. Mais: que o trabalho infantil em 2013 caíra 12,3%; a matrícula na pré-escola atingira 81% das crianças e o trabalho com carteira assinada já englobaria 76% dos assalariados;


7. Não só; a consolidação dos indicadores sociais dos últimos 11 anos, embora não tenha quebrado os alicerces de uma das construções capitalistas mais desiguais do mundo, mexeu em placas tectônicas. A renda média da sociedade aumentou 35% acima da inflação entre 2004 a 2013. Mas a dos 10% mais pobres cresceu o dobro disso (cerca de 73%); e entre os 50% mais pobres, avançou mais de 60%, com repercussões óbvias no padrão da produção e da demanda, no conforto doméstico e nas expectativas em relação ao futuro;


8. A mesma semana generosa incluiria ainda a informação de que as novas reservas de petróleo desse país, responsável por 40% das descobertas mundiais nos últimos cinco anos, já representam 24% da produção nacional; 9. E, por fim, que o investimento em infraestrutura, depois de três décadas de declínio sistemático –repita-se, três décadas de recuos sucessivos– registrou uma inflexão e passou a crescer o equivalente a 2,4% do PIB, em média, de 2011 a 2013.


Qual seria a reação do glorioso jornalismo de economia diante desse leque de vento bom, se a mão que o abanasse fosse a dos titãs dos mercados?


Não seríamos poupados de manchetes faiscantes, a alardear a eficácia das boas práticas do ramo.


Mas as boas notícias tem como moldura o Brasil.


Presidido pela ‘intervencionista’ Dilma Rousseff, candidata petista à reeleição e detentora de teimosa liderança nas pesquisas do 1º turno.


Isso muda tudo.


Muda a ponto de um acervo desse calibre ser martelado como evidência de retrocesso social no imaginário brasileiro.


Muda a ponto de Marina valer-se dessa ocultação da realidade para decretar que Dilma entregará um país ‘pior do que o que recebeu’.


O padrão ‘Willian Bonner’, como se vê, faz escola.


A indigência do debate impede não apenas que o Brasil se enxergue como o país menos desigual de toda a sua história, mas, sobretudo, interdita a autoconfiança da sociedade nos seus trunfos para avançar um novo passo nessa direção.


Não se subestime aqui a persistência de gargalos significativos nessa trajetória. Juros descabidos, por exemplo. E uma paridade cambial fora de lugar há duas décadas. Com toda a guarnição de perdas e danos que esse desajuste de dois preços essenciais pode acarretar.


Embora sejam apresentados como prova do genuíno fracasso petista, a verdade é que desarranjos macroeconômicos não constituem exceção na história econômica do país.


Será necessário recordar, à nova cristã do tripé, que sob o comando de Armínio Fraga, virtual ministro dela ou de Aécio , o BC elevou a taxa de juro a 45%, em março de 1999?


Que a dívida pública explodiu sob a gestão do festejado herói dos mercados?


E que a defasagem cambial sob FHC exigiu uma maxidesvalorização de 30% em janeiro de 1999, escalpelando o poder de compra das famílias assalariadas?


Ou que as perspectivas da inflação então oscilavam entre 20% e 50% ao ano; maiores que as da enxovalhada Argentina hoje?


O banco de dados do glorioso jornalismo de economia dispõe desses dados.


Que ali hibernam a salvo da memória nacional.


O fato é que se alguns desequilíbrios se repetem –em escala muito menor, caso do juro de 11% e da paridade cambial de R$ 2,25– os trunfos, ao contrário, caracterizam uma auspiciosa singularidade.


E não avançam apenas da esfera social para o mercado, mas vice versa.


A economia brasileira dispõe agora de reservas em moeda estrangeira da ordem de US$ 400 bi, com um fiador estratégico de peso muito superior a esse.


Uma poupança de petróleo e gás, que pode chegar a 100 bilhões de barris, avaliada em cerca de R$ 5 trilhões, revestida de domínio de tecnológico e escala para traduzir-se em soberania, autossuficiência e receitas, pavimenta o futuro do crescimento nacional.


Não só.


Em plena crise mundial, o país alicerçou um dos mercados de massa mais cobiçados do planeta e um mercado de trabalho que flerta com o pleno emprego.


A sociedade brasileira é uma das poucas em todo o planeta a desfrutar de uma combinação vital ao futuro humanidade: autossuficiência alimentar e fontes abundantes de energia limpa.


Sua dívida pública é estável, proporcionalmente baixa em relação ao PIB (37%) e aos padrões mundiais.


A planta industrial embora esgarçada, carente de competitividade, preserva escala e encadeamentos que ainda distinguem o país em relação às demais nações em desenvolvimento. Ainda que setores respirem por aparelhos, não está morta.


As empresas estão líquidas, são lucrativas, têm caixa suficiente –hoje alocado no rentismo– para deflagrar um novo ciclo de expansão.


O país conta, ademais, com uma invejável rede de bancos públicos e possui um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo (o BNDES é maior que o Banco Mundial); o nível de endividamento das famílias é proporcionalmente baixo em relação à média internacional e o sistema de crédito é sólido.


Não é pouco, mesmo considerando-se as novas condições de mobilidade de capitais que restringem o poder dos governantes para ordenar o desenvolvimento.


Com muito menos que isso, Getúlio Vargas afrontou o cerco conservador nos anos 50.


Se dependesse das restrições da época, e do imediatismo das elites, ele não teria criado a Petrobrás, por exemplo.


Tampouco insistido na industrialização.


Assim como Juscelino não teria feito Brasília.


Ou Celso Furtado –desdenhado pela assessoria ‘moderna’ de Marina– teimado em erradicar o apartheid nacional, que tinha no Nordeste um quê de bantustão avant la lettre.


A determinação de viabilizar cada uma dessas agendas extraiu do engajamento popular e dos fundos públicos a viabilidade sonegada pelas elites, seus sócios estrangeiros e seu aparato emissor.


A seta do tempo não se quebrou: hoje a Petrobrás é a empresa que tem a maior carteira de investimento do mundo; o Nordeste é a região que lidera o crescimento do poder de compra popular; o Centro-Oeste é um dos polos agrícolas mais dinâmicos do país.


Operadores de Marina e Aécio fazem gestos nervosos na lateral de campo da disputa eleitoral.


Apontam o relógio para dizer que o tempo do jogo da soberania com justiça social esgotou.


Exigem que o eleitor encerre a disputa e aceite a derrota definitiva desse capítulo na história nacional.


O jogral tem experiência no ramo dos vereditos incontrastáveis.


O desdém pelo Brasil mais justo que progressivamente emerge das PNADs é uma prova.


O diabo é a Petrobrás. E as arrancadas do pré-sal.


A dupla adiciona uma dissonância não negligenciável ao discurso da insignificância brasileira na coordenação do futuro do seu desenvolvimento.


Tem peso e medida para representar um indutor de crescimento mais consistente e duradouro que o ciclo recente de valorização das commodities, ao qual o discurso conservador atribui toda a extensão dos avanços sociais registrados nos últimos anos.


Nesse sentido, a simbologia da Petrobrás ficou até maior do que foi nos anos 50.


Hoje ela deixou de significar apenas petróleo nacional. Para se tornar o espelho de uma dissidência poderosa aos interditos dos mercados no século XXI.


Fortemente imbricada nas encomendas cativas de toda a cadeia da extração, refino e usos sofisticados da petroquímica, a regulação soberana do pré-sal facultou ao país um novo berçário industrializante.


Não é o canto do cisne da luta pelo desenvolvimento, como querem alguns.


Pode ser o aggiornamento de um modelo.


A integração entre compras direcionadas à indústria brasileira e o investimento em cadeias produtivas relevantes, já funciona, de forma similar, e com sucesso, nas aquisições de medicamentos para o SUS, com fomento da rede de laboratórios nacionais pelo BNDES.


Se esse modelo entrar em voo de cruzeiro, o discurso da insignificância brasileira na definição do passo seguinte do seu crescimento entrará em coma.


O pré-sal é o ponteiro decisivo da corrida contra o ultimato conservador dos operadores de Marina e Aécio.


É coerente que tenha merecido apenas uma única e mísera linha no pr0grama de 242 páginas de Marina Silva ; assim: “Destinar ao orçamento da educação os royalties do petróleo em áreas do pré-sal já concedidas”. Ponto.


É mais que isso o que está em jogo.


No ciclo do próximo governo –e por isso é crucial ele seja progressista– o pré-sal, mantida a regulação soberana do regime de partilha, avançará exponencialmente para responder por 50% da produção brasileira em 2018.


O país estará, então, no limiar de dispor de 4,2 milhões de barris/dia, o dobro da oferta atual, com excedentes exportáveis robustos e crescentes.


Não são apenas negócios.


Cerca de 75% dos royalties do pré-sal vão para a educação; 25% para a saúde.


Mais de 300 mil jovens brasileiros serão treinados diretamente nos próximos anos pelo Promimp, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.


Um parque tecnológico de ponta em pesquisa de energia, com adesão de inúmeras multinacionais, está nascendo no Fundão, junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro, colado à agenda do pré-sal.


A indústria naval brasileira que havia desaparecido nos anos 90 agora é a quarta maior do mundo e emprega 100 mil pessoas.


As receitas do refino –filé da indústria do petróleo—ficarão em boa parte no país, graças a um esforço hercúleo da Petrobrás de investir em uma rede de refinarias, heresia sepultada pelo PSDB e a turma da Petrobrax nos anos 90.


Desqualificar a estatal criada por Getúlio –‘o PT colocou um diretor lá por 12 anos par assaltar os cofres da empresa’, diz a doce Marina– significa para o conservadorismo uma vacina de vida ou morte contra um perigo maior.


Aquele que pode levar o discernimento nacional a enxergar no épico contrapelo do pré-sal, sob o guarda-chuva de uma estatal poderosa, a inspiração para um modelo capaz de destravar o arranque de um novo ciclo de expansão em outras áreas.


Não se trata de uma gincana acadêmica.


Trata-se de ter ou não a soberania sobre o crescimento e a produtividade indispensáveis aos bons indicadores de futuras PNADs.


Que reúnam avanços iguais, ou maiores, que esses que o glorioso jornalismo de economia se esmerou em desqualificar na semana passada. Mas para os quais não oferece nenhuma alternativa, exceto o coro mórbido da insignificância nacional na construção do futuro.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

MANCHETÔMETRO DESMASCARA A MÍDIA BRASILEIRA

                                                         
Os ilustres leitores desse Blog já deve ter percebido que sempre procuramos, nos nossos textos, analisar o comportamento da mídia, em especial, com relação à Política, e por inúmeras vezes afirmamos que a imprensa brasileira se transformou no mais ferrenho opositor dos Governos Trabalhistas de Lula e Dilma. Aliás, a própria ex-presidente da Associação Nacional de Jornais, a jornalista Judith Brito, disse que a “imprensa é o maior Partido de oposição no Brasil”.

Evidente que nossa critica não significa que somos contra o jornalismo investigativo e a liberdade de imprensa, ao contrário, respeitamos muito o trabalho e sabemos da importância da mídia, inclusive, no combate à corrupção, porém, o que temos assistido nos últimos tempos é a desavergonhada prática do jornalismo declaratório. 

Deixamos claro, também, que nossa opinião não é mera paixão ideológica, basta observamos o comportamento da imprensa para constatar que realmente há um escandaloso processo de partidarização midiática em curso no país, e os exemplos são muitos, basta confrontar as coberturas dos escândalos políticos.

O exemplo mais emblemático foi a “fantástica” cobertura do julgamento da Ação Penal 470 com relação a outros escândalos de corrupção muito maior, especialmente, envolvendo os governos do PSDB, como por exemplo: a “Privataria Tucana” que custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 100 bilhões; o Banestado com prejuízos de R$ 42 bilhões; O caso COPASA com o desvio de dinheiro da saúde, causando prejuízo de R$ 4,3 bilhões ao Estado, e mais recentemente os escândalos do Metrô de São Paulo com um rombo da ordem de R$ 2,0 bilhões, e a gritante incompetência do Governo Alckmin com o “apagão da água” em São Paulo. Todos esses escândalos não tiveram 10% da cobertura do julgamento da citada ação penal.

Mas se algum leitor acha que essa constatação não passa de uma questão ideológica ou de mero chororô, hoje há um instrumento, puramente técnico, que comprova nossa argumentação e demonstra de forma inequívoca a parcialidade da “mídia nativa”.

Foi criado pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ o “Manchetômetro”. Essa ferramenta é produzida pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública com registro no CNPq., sem qualquer filiação partidária ou com grupo econômico. O “Manchetômetro" é um website de acompanhamento diário da cobertura das eleições de 2014 na grande mídia, especificamente, nos jornais Folha de S. Paulo, O Globo, Estado de S. Paulo, e no JN da TV Globo.

Dentre os vários estudos do “Manchetômetro” fica comprovado o quanto a imprensa vem agindo para prejudicar a reeleição de Dilma e beneficiar os candidatos de oposição. A título de exemplo, vamos citar alguns dados divulgados pelo site http://www.manchetometro.com.br/.

Com relação às manchetes e chamadas de capa favoráveis e contrárias a cada candidato temos os seguintes dados no período do dia 06/07 até hoje: Aécio teve 10 matérias favoráveis, 20 contra e 105 neutras; Já Marina, teve 19 favoráveis, 48 contrárias e 134 neutras. Dilma teve 04 favoráveis, 109 contrárias e 146 neutras.

Com referência ao Governo Federal os números são, também, gritantes. Aqui foram computados considerando o tempo das notícias favoráveis e contrárias ao governo no mesmo período acima citado: Favoráveis foram 29min e 53 seg.; contrárias foram 10hs, 24min e 33seg e neutras foram 07hs, 17min. e 50seg.

Seguindo a mesma linha, a mídia não foi leal também com os Partidos da base do governo. Vamos aos números considerando o tempo de notícias: PMDB: Favorável: 09min e 48seg. Contrárias: 51min. e 41seg; Neutra: 01h., 05min. e 43seg. PSB: Favorável: não teve; Contrárias: 10min. e 23seg; Neutra: 01h, 57min. e 14seg. PSDB: Favorável: 08min. Contrárias: 01h. 22min. e 19seg. Neutra: 02hs, 09min. e 46seg. PT: Favorável: 55seg. Contrárias: 03hs, 48min. e 41seg; Neutra: 01h 57min. 02seg.

Diante desses poucos dados, o restante o amigo leitor pode consultar no link acima citado, o “Machetômetro” desmascara a mídia brasileira e comprova, de forma inequívoca, a vergonhosa partidarização da imprensa brasileira. Realmente assiste razão ao Estadista Getúlio Vargas: "A imprensa não ganha eleição, mas ajuda a perder!" 


sábado, 13 de setembro de 2014

ATÉ A REVISTA "VEJA" JÁ ADMITE: DILMA ESTÁ REELEITA...!

Reproduzimos ótima análise do jornalista Fernando Brito do sitio "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=21186)

A Veja não informa, mas é muito bem informada. Marina está minguando rápido


A melhor notícia que a campanha de Dilma Rousseff poderia receber hoje é a capa da revista Veja.

A Veja, como se sabe, é uma revista muito bem informada, até porque para manipular a informação é necessário tê-la.

Como dizia a minha avó, ali não se prega prego sem estopa.

Tudo o que eu, você e o distinto público em geral sabemos sobre pesquisa não é nada perto do arsenal de números de que dispõe a Veja.

Por isso é que a revista, como a gente fazia na oficina dos jornais de antigamente – hoje os computadores acabaram com essa graça – deve ser lida “de cabeça para baixo”.

No caso das gráficas, era um truque para não desviar, com a leitura, a visão que deveria perceber erros no registro das cores de impressão.

No caso da Veja, exatamente o contrário: não deixar que as cores e a riqueza gráfica nos afaste da leitura do conteúdo.

Onde se lê “resiste”, o que está escrito é “não está resistindo”.

Porque Marina é um pacote muito bem embrulhado para presente que, entretanto, vai decepcionando à medida em que a campanha eleitoral o vai abrindo.

Na classe média, este processo começou quando, de dentro dele, saltou um vociferante Silas Malafaia.

E no povão, quando ela abandonou a relativa prudência com que Eduardo Campos atacava o Governo (embora flertasse com muito menos pudores com a direita) e passou  (ou aceitou) ao combate contra Dilma e, por tabela, Lula.

Entrou em choque com seus próprios eleitores na classe C – onde ainda perdeu menos, mas onde agora evolui mais fortemente sua perda – que não tem deles uma visão demonizada, como na classe média alta  com a qual Marina passou a conviver e flertar.

Apostou no “antipetismo”, o que restringe seu campo, como o udenismo restringiu-se ao se tornar o “antivarguismo”.

A capa de Veja é só parte do processo de mutualismo defensivo que a direita e um vago “marinismo” vivem neste momento.

É, porém, inócua, exceto no que pode confundir a candidatura petista – e como o petismo é confuso nisso! – e fazê-la recuar de um enfrentamento agudo como é necessário.

Deve servir, ao contrário, para um esforço para explorar os erros cometidos pela oposição, sobre os quais o petismo não tem quase responsabilidade alguma, até porque, há tempos – e o pífio desempenho das candidaturas do PT nos principais estados, exceto Minas, prova isso – o petismo não tem mais trator algum.

O que o PT tem é, sim, um difuso mas poderoso sentimento de país que foi abandonando a órbita colonial onde suas elites sempre o mantiveram.

O xeque a Marina veio dos erros de seus próprios movimentos: o furioso ultimato antigay malafáico, que evidenciou o fundamentalismo religioso, e a indecorosa e explícita conversão ao liberalismo econômico que  lhe deram a face de um “PSDB 2.0″, rematado com o esdrúxulo abandono do pré-sal, do qual ela agora tenta se livrar tardiamente.

A estes erros, somaram-se os que a direita cometeu, ao escolher de início um candidato pífio como Aécio Neves e abandoná-lo assim que surgiu sua “esperança verde”.

A capa de Veja é uma ilustração deste medo (a caminho do pânico) que tomou conta da direita, como ontem já se assinalava aqui.

É o mais inequívoco sinal de que o “perigo”, agora, passou a ser sua vitória no primeiro turno.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

MANCHETÔMETRO DESNUDA A VERGONHOSA REALIDADE DA MÍDIA BRASILEIRA


Considerando a importância Política e a responsabilidade e seriedade dos trabalhos desenvolvidos pelos profissionais da UFRJ, convidamos a todos a acessar o link do "Manchetômetro" para constatar a triste e vergonhosa realidade da imprensa brasileira, que realmente se transformou no "Partido da Imprensa Golpista" (PIG). Link: http://www.manchetometro.com.br/

Cobertura das eleições 1998

Desde seu lançamento, o Manchetômetro tem produzido análises diariamente atualizadas da cobertura das eleições 2014 na grande mídia. Para tanto, utilizamos o estudo de valências, isto é, os textos de capa dos três jornais impressos mais influentes do país (Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo) são codificados levando em conta cada um dos três candidatos com maior intenção de voto na corrida presidencial e seus respectivos partidos. Os valores atribuídos são neutro, favorável, contrário ou ambivalente.

Nota-se claramente que as notícias contrárias e neutras são predominantes se comparadas às favoráveis, tanto a candidatos quanto a partidos. No entanto, identificamos um número significativamente maior de notícias contrárias à atual presidenta e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, e ao seu partido, o PT, que aos outros candidatos e partidos, como é possível observar na sessão Análises 2014. Também utilizamos valências para analisar as notícias relativas à política e à economia, codificando-as como negativas, positivas, neutras ou ambivalentes. Até agora, é possível verificar um alto número de notícias negativas sobre ambos os temas, o que evidencia uma interpretação por parte desses veículos de que o país estaria enfrentando uma crise em seu regime democrático e atravessando – ou prestes a atravessar – uma crise econômica.

A despeito da análise de valências feita pelo MANCHETÔMETRO revelar um grande viés na cobertura eleitoral da grande imprensa, esse resultado pode ser colocado em questão pela hipótese do contrapoder, segundo a qual o papel da grande mídia em uma sociedade democrática moderna é exatamente aquele de se contrapor ao poder instituído. Assim, a mídia teria uma função precipuamente oposicionista. Seguindo esse raciocínio, o viés que vemos hoje não seria de fato anti-PT, anti-Lula ou anti-esquerda, mas simplesmente anti-governo.

Pois bem, para testar a hipótese de que o viés observado pode ser resultado de uma disposição genérica da mídia à adoção de um posicionamento crítico ao partido que está no poder, independentemente de qual seja ele, o Manchetômetro apresenta os resultados da análise de valências das notícias de capa dos três jornais estudados (Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo) no que toca os candidatos com maior intenção de votos na corrida presidencial de 1998: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS). O período analisado vai do primeiro dia oficial de campanha, 06 de julho, até 05 de outubro, dia seguinte ao primeiro turno, quando foram divulgados os resultados parciais da apuração. A eleição de 1998 foi escolhida porque representa uma situação análoga à eleição de 2014: o então presidente em exercício pelo PSDB Fernando Henrique Cardoso tentava a reeleição, tal como Dilma agora o faz, e os dois dos principais partidos que disputam a eleição daquele ano também estiveram na frente das pesquisas por boa parte do período eleitoral de 2014. Para termos parâmetros de comparação, apresentamos somente os dados do período oficial de campanha de 2014, que teve início no dia 6 de julho ainda está em curso. Esses dados continuarão a ser atualizados diariamente até o próximo dia 5 de outubro, data do primeiro turno.

Candidatos (cobertura agregada)

Nesta página encontram-se os gráficos que representam a cobertura dos três jornais estudados (Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo) no que toca os candidatos com maior intenção de votos na corrida presidencial de 1998. Ao lado, temos os gráficos relativos aos candidatos de 2014. Primeiro, apresentamos os dados que correspondem ao somatório de matérias e chamadas de capa de todos os jornais de acordo com sua valência para cada um dos candidatos. Em seguida, dois gráficos comparam apenas a cobertura dos candidatos concorrendo à reeleição. Por fim, apresentamos gráficos comparando apenas os candidatos da oposição.

Jornais

Nesta página encontram-se os gráficos que representam a cobertura dos principais candidatos das corridas presidenciais de 1998 e 2014 separadas por jornal (Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo). O objetivo aqui é que possamos comparar os perfis e notar semelhanças e diferenças no comportamento de cada meio. Para cada jornal, apresentamos três comparações diferentes: a primeira refere-se ao número agregado das manchetes e chamadas de capa favoráveis, contrárias e neutras a cada um dos candidatos; em seguida, gráficos comparam apenas a cobertura dos dois candidatos concorrendo à reeleição; por fim, apresentamos gráficos comparando apenas os candidatos da oposição.

Partidos

Nesta página encontram-se os gráficos que representam a cobertura agregada dos três jornais estudados (Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo) no que toca os principais partidos das corridas presidenciais de 1998 e 2014. Primeiro, apresentamos o dado bruto que corresponde ao somatório de matérias e chamadas de capa de todos os jornais de acordo com sua valência para cada um dos partidos. Em seguida, apresentamos a cobertura de cada um dos jornais individualmente.

Enquadramento Política

O estudo de valência das notícias de 2014 relativas ao tema política mostram uma abundância de notícias negativas sobre as instituições políticas brasileiras (partidos, congresso, executivo, etc.), agências, empresas e políticas públicas, e personalidades políticas, dando grande visibilidade a notícias sobre corrupção, desgoverno, má administração, mal funcionamento de políticas públicas, etc., interpretando esses aspectos da política como se a democracia brasileira estivesse em crise. Para verificar se tal diagnóstico já estava presente na grande mídia em 1998, apresentamos gráficos comparando o dado bruto que corresponde ao somatório de matérias e chamadas de capa de todos os jornais de acordo com sua valência – positiva, negativa ou neutra – no que se refere ao tema política em 1998 e em 2014. Em seguida, apresentamos as coberturas de cada um dos jornais individualmente.

Enquadramento Economia

O estudo de valência das notícias de 2014 relativas ao tema economia mostram a abundância de um enquadramento que denominamos “Crise Econômica”, que consiste em privilegiar notícias negativas da economia do país, interpretando fatos e dados econômicos como sinais de uma crise, ou em andamento ou prestes a acontecer. Para verificar se tal diagnóstico já estava presente na grande mídia em 1998, apresentamos gráficos comparando o dado bruto que corresponde ao somatório de matérias e chamadas de capa de todos os jornais de acordo com sua valência – positiva, negativa ou neutra – no que se refere ao tema economia em 1998 e em 2014. Em seguida, apresentamos as coberturas de cada um dos jornais individualmente.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

MARINA É O FHC DE SAIAS!

É sabido que Marina Silva só é candidata, como ela mesma gosta de dizer, graças à “providência divina”, o que convenhamos beira à soberba e a prepotência, aliás, características dos fundamentalistas religiosos.

Passada a comoção e a espetacular cobertura midiática sobre o fatídico acidente que vitimou Eduardo Campos e seus companheiros, e a gritante exploração eleitoral do fato, eis que surge a “metamorfose ambulante”, Marina Silva como a verdadeira salvadora do neoliberalismo tupiniquim.

A “mídia nativa” e a oposição conservadora já desesperados com o cambaleante Aécio Neves, não teve dúvidas e se agarraram à candidata Marina, para tanto, intensificaram o tiroteio contra Dilma Rousseff para favorecer a “Fadinha das Florestas”, e parece que está surtindo efeito.


Marina, além de suas contradições, tenta se apresentar contra a "velha política" e como uma candidata da terceira via, no entanto, o seu discurso aponta, de maneira clara, na direção das ultrapassadas políticas neoliberais e do fundamentalismo religioso, e tudo isso alimentado pelos segmentos mais conservadores da sociedade, como por exemplo: parte dos evangélicos, banqueiros, usineiros, empresários, a “mídia nativa” e vários políticos neoudenistas, tais como, Marco Feliciano, José Agripino Maia, Jorge Bornhausen, Heráclito Fortes, Ronaldo Caiado, José Serra, dentre outros.

No campo dos direitos humanos, Marina em um primeiro momento se comprometeu com as causas do LGBT, mas depois de um puxão de orelhas do Pastor Silas Malafaia, teve seu primeiro surto de "metamorfose ambulante", recuando e retirando o seu apoio à aprovação do PLC 122/06, que dentre outras coisas, equipara os crimes de discriminação de gênero com os crimes de racismo, elimina os obstáculos para adoção de crianças por casais homossexuais e tem como proposta o casamento civil gay igualitário, sem contar à sua ferrenha oposição às pesquisas com célula tronco. Outro retrocesso da insegura Marina: antes ela escreveu: “A tortura é crime hediondo, não é ato político nem contingência histórica. Não lhe cabe o manto da Lei de Anistia”. Agora, em entrevista ao G1 Marina disse ser contra a revisão dessa lei.

Na área econômico as propostas são claramente neoliberais, a começar pelos os seus gurus: Eduardo Giannetti, André Lara Resende, ex-assessor e ex-presidente do BNDES  de FHC, Neca Setubal uma das donas do Banco Itaú, dentre outros.

Todos estes gurus, bem como Marina são, declaradamente, defensores das políticas neoliberais, tais como: autonomia do Banco Central, que significa que os banqueiros é que vão mandar no Brasil e na política de juros; Pré-sal não é prioridade, isso é renunciar a maior riqueza produzida no Brasil, a maior fonte financeira para saúde e educação e o fim dos estaleiros e dos empregos; terceirização no setor privado, não passa da precarização das relações de trabalho; não intervenção do Estado na economia, pode ser o fim do apoio dos bancos públicos e do BNDES para as indústrias, comércio, etc; diminuição dos gastos públicos, que significa fim das obras estruturais e fim dos empregos; mudança na política de reajuste do salário mínimo, que nada mais é do que o arrocho nos salários da classe trabalhadora; diminuição do papel do Estado na solução dos conflitos trabalhistas coletivos, isso pode limitar a Justiça do Trabalho que terá, apenas, uma função de arbitragem pública. Dentre outras execráveis medidas neoliberais.

Aliás, sobre os projetos de Marina o mais respeitado intelectual e Teólogo do Brasil,  Leonardo Boff, concedeu uma contundente entrevista da qual pinçamos essa parte sobre a autonomia do Banco Central: ”...Renunciar à soberania monetária do país é entregá-la ao jogo do mercado, dos bancos e do sistema financeiro capitalista...Um presidente/a é eleito para governar seu povo e um dos instrumentos principais é o controle monetário que assim lhe é subtraído. Isso é absolutamente antidemocrático e comporta submissão à tirania das finanças que são cada vez mais vorazes...Os pobres perderam uma aliada e os opulentos ganharam uma legitimadora".

Na área agrícola, que é o grande responsável pelo crescimento do PIB, a insegurança, a manipulação e as contradições de Marina são gritantes. A candidata, coerente com os seus princípios, cansou de discursar contra uso de sementes transgênicas, porém, assim que Marina assumiu sua candidatura, teve o desplante de dizer: “Há uma lenda de que eu sou contra transgênicos, mas isso não é verdade”.

Aliás, sobre essa falsidade de Marina, o renomado ambientalista, Dener Giovanini, escreveu:”.... Ao afirmar que “há uma lenda de que eu sou contra os transgênicos, mas isso não é verdade”, a ex-ministra Marina incorporou definitivamente o que de mais podre existe no que ela define como a “velha política”: tentar manipular o passado para garantir uns votinhos no presente. Naquele exato momento, na bancada do JN, Marina Silva perdeu de vez a noção da realidade. Apequenou-se”.


Diante de tudo isso, chegamos a duas conclusões: a primeira é que Marina não entendeu que o Brasil é um Estado laico e não teocrático ou confessional; e segundo, fica claro que Marina Silva recepcionou o receituário neoliberal, o mesmo que outrora quebrou o Brasil. Por essas razões que afirmamos: realmente, Marina não passa de um FHC de saias, inclusive, já vem dizendo: “esqueçam tudo que eu escrevi”!