quarta-feira, 23 de julho de 2014

BRICS E A NOVA ORDEM MUNDIAL


"A política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva buscou diversificar suas parcerias. Buscou manter diálogo mais intenso com países em desenvolvimento, como Rússia, Índia e China. Nesse sentido, o Brasil engajou-se na construção do mecanismo inter-regional, incentivando, a formalização do diálogo entre os quatro Estados" (Antouan Matheus Monteiro Pereira da Silva)

Com a economia globalizada o mundo capitalista acreditou que a formação de blocos econômicos seria uma saída para facilitar e otimizar o comércio entre os países. Um dos primeiros Blocos surgiu em 1944, o chamado BENELUX, formado pela Bélgica, Holanda e Luxemburgo. E após 1944, surgiram mais de 30 Blocos Econômicos, dentre eles destacamos: UE, NAFTA, MERCOSUL, PACTO ANDINO, dentro outros.

No entanto, mesmo com a formação dos blocos, há ainda, uma hegemonia dos EUA e de parte da Europa que controlam, com mão de ferro, os anacrônicos organismos multilaterais com legitimidade duvidosa, e que volta e meia, interveem na economia e na política de muitas Nações, numa clara afronta à soberania dos países.  

Mas esses pretensos tutores do mundo menosprezaram o conceito de que a política e a economia são dinâmicos, e a história mostra que o Poder é efêmero. E nesse sentido, em 2001 o economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil formulou um estudo intitulado “Building Better Global Economic BRICs”, que  apontava o grande potencial econômico do Brasil, Rússia, Índia e China como Países que poderiam superar as grande potências mundiais em um curto período de tempo.   

E foi diante dessa renitente postura mandatária dos EUA, e aproveitando-se dos estudos de Jim O’Neil, que o Brasil, Rússia, Índia e China decidiram em 2006, dar um caráter diplomático à expressão cunhada pelo economista O’Neil, e criou o BRIC, hoje BRIC’S, com a incorporação da África do Sul.   

Os BRIC”S quando de sua formação deixou claro ao mundo, que os objetivos desses países é “avançar na reforma das instituições financeiras internacionais para refletir as mudanças na economia mundial, pois, as economias emergentes e em desenvolvimento devem ter mais voz e representação nessas instituições, e seus líderes e diretores devem ser designados por meio de processos seletivos, abertos, transparentes e baseados no mérito”. Defendendo ainda, que a "segurança alimentar deve ser realizada a partir da transferência de tecnologia para a produção de biocombustíveis e o desenvolvimento técnico da produção agrícola".

Com o desenrolar do tempo, os BRIC’S se constituíram em um poderoso e atuante bloco que já está transformando a geopolítica mundial e colocando em cheque as velhas instituições multilaterais. Afinal, os países do bloco detém 42% da população mundial, 20% da economia do planeta, 15% do comércio internacional, 75% das reservas monetárias internacional, além do que, os BRIC”S foram responsáveis por 36% do crescimento da economia mundial nesses últimos 10 anos, hoje já está em 50%.
   
E o passo mais importante para a consolidação desse bloco, e talvez impensável para a maioria dos estudiosos, se transformou em realidade. No dia 15/07, durante a VI Cúpula do BRIC”S em Fortaleza, os Presidentes dos países que compõe o Bloco, oficializaram a criação do “Novo Banco de Desenvolvimento”, cujo objetivo será o financiamento de projetos de infraestrutura em países emergentes, mesmo fora dos BRIC’S. O Banco já nasceu com capital inicial de US$50 bilhões, podendo chegar a US$ 100 bilhões em breve.

Aliás, com relação à criação desse Banco, Marcelo Zero, escreveu: ”...esse Banco não surgiu por acaso ou por mera afirmação de status econômico. Ele surgiu de uma necessidade: as velhas instituições multilaterais surgidas no longínquo ano de 1944, em Bretton Woods, o FMI e o Banco Mundial, já não conseguem lidar com os desafios postos pela nova geoeconomia mundial. Trata-se de instituições esclerosadas, cuja governança não incorpora os interesses e os anseios dos novos atores globais. Elas continuam nas velhas mãos das antigas potências, agora fortemente atingidas pela crise mundial.

Já a Presidenta Dilma Rousseff, disse que “...o  banco representa uma alternativa para as necessidades de financiamento de infraestrutura dos países em desenvolvimento, compreendendo e compensando a insuficiência de crédito nas principais instituições financeiras internacionais”.


Portanto, realmente estamos diante de um poderoso bloco que, certamente, terá um papel de protagonismo para o surgimento de uma nova ordem mundial que seja mais justa, democrática, simétrica e multipolar. E aqui vale registrar o papel decisivo do Presidente Lula e agora da Presidenta Dilma na confecção e consolidação desse Bloco.  


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