"Nós,
que passamos a vida inteira lutando por soberania, lutando por
democracia, nós não podemos admitir, a pretexto nenhum, que um país
se dê o luxo de ficar tentando gravar, copiar e-mails, telefonemas
de um país como fizeram com a Dilma. Acho que a resposta americana
não pode ser uma resposta via diplomacia porque a espionagem não
foi via diplomacia. Espionagem foi espionagem. Cabe ao Obama
humildemente pedir desculpas à presidenta Dilma e pedir desculpas ao
Brasil" Luis Inácio Lula da Silva
Já
escrevemos nesse espaço sobre a histórica arrogância dos EUA e o seu obstinado
desejo de serem os tutores do mundo. E nessa mesma ocasião comentamos as
primeiras denuncias do ex-agente da CIA, Edward Snowden sobre os casos de
espionagens praticados pelo governo estadunidense, inclusive, contra o Brasil.
Nesses
últimos dias uma série de reportagens do programa “Fantástico”, revelou a
profundidade dessas arapongagens, que chegou à criminosa e inaceitável violação
dos e-mails da Presidenta Dilma Rousseff e da Petrobras, ou seja, um atentado à
nossa soberania e a segurança nacional. A matéria trás ainda, informações de que além
dessas espionagens a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, bisbilhotaram
no Google provedor de emails e serviços de internet, a diplomacia francesa e a
rede do Swift, cooperativa que reúne mais de dez mil bancos de 212 países que
regula as transações financeiras internacionais por telecomunicações.
Portanto,
estamos diante de uma grave intromissão e agressão à soberania de alguns
países, inclusive, do Brasil, fato que se comprovado, far-se-á imperioso que os
organismos internacionais cobrem explicações oficiais e tomem medidas duras
contra essas criminosas arapongagens realizadas pelo governo estadunidense.
Mas
malgrado todas essas evidências, os EUA insistem com a lorota de que essas
espionagens têm como únicos objetivos a segurança do seu país e o combate ao
terrorismo. Fica evidente que esse argumento é falso, pois, qual o perigo, por
exemplo, que a Petrobras trás para segurança dos EUA ou do mundo? Qual a
ligação da Petrobras com o terrorismo? Verdadeiramente não podemos ter dúvidas:
essas arapongagens têm objetivos puramente comerciais, estratégicos e
políticos, e no caso da Petrobras isso é muito claro, pois em breve estará sendo
lançado o edital para a licitação do Pré-sal do Campo de Libra, e é muito
provável que essas espionagens objetivam obter informações privilegiadas para
grupos petrolíferos dos EUA.
A
proposito, o Editorial do “Jornal de Hoje” nos chama atenção para essa
possibilidade, inclusive, afirmando que essas informações privilegiadas
“...poderia tratar-se dos primeiros ensaios de uma tentativa americana para
questionar os limites legais da plataforma marítima brasileira (de 200 milhas
de largura), e assim poder lançar mão da exploração do petróleo nessa área
(justamente onde se encontra o pré-sal). A reativação recente da Quarta Frota
naval americana faria parte desse roteiro...”
Nesse mesmo sentido
foi a Nota da Presidenta Dilma Rousseff, que, aliás, exigiu do próprio
Presidente Obama uma explicação oficial sobre as denúncias. A resposta foi
dada, porém, em tom de puro “enrolation”. Diz a Nota dos EUA: “...pretendemos continuar trabalhando junto com o
Brasil em uma agenda comum de iniciativas bilaterais, regionais e globais...”
Em outro trecho o governo dos EUA afirma que “...algumas reportagens recentes
sobre o caso distorceram nossas atividades, mas que algumas delas levantam
"questões legítimas para nossos amigos e aliados sobre como essas
atividades são aplicadas".
Realmente essas atitudes e a postura dos EUA mostram
o sarcasmo chauvinista e a sua empáfia, demonstrando também, que para garantir
e controlar certas riquezas naturais de outros países, como por exemplo, o
petróleo, são capazes de tudo: mentir, dissimular, espionar, matar e tudo o que
for necessário para alcançar seus objetivos, e os fatos pretéritos e presentes
confirmam tal afirmativa.
Assim, e frente a essa inaceitável e criminosa
espionagem, faz-se necessário que o Brasil tome uma atitude soberana exigindo explicações
oficiais, claras e sem subterfúgio dos EUA em um fórum próprio. Aliás, o cancelamento da viagem a Washington foi uma exemplar atitude da Presidente Dilma Rousseff. Resta agora, que os organismos internacionais conceber um fórum global para
discutir esse assunto e criar, com urgência, uma governança global para colocar
um fim nessa histórica arrogância dos EUA, que há anos, vêm agindo sem limites
mundo afora.
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