"O povo brasileiro
só tem a perder, já que os juros altos são companheiros da
estagnação econômica, do desemprego e do arrocho salarial,
conspirando contra os esforços de desenvolvimento nacional". Centrais Sindicais
Sabemos que no mundo capitalista
uma das grandes forças econômicas é a economia monetária explorada pelos
banqueiros e especuladores financeiros, os chamados rentistas, que na verdade
não passam de agiotas legalizados.
No
Brasil, esses rentistas por muito tempo, ganharam horrores de dinheiro se
valendo dos altos juros praticados no país. A era FHC foi o auge para esses
financistas, pois, a taxa Selic chegou a 85,74% e a menor foi de 15,07%.
Contudo, com as eleições de Lula e Dilma esse panorama mudou significadamente:
no governo Lula a maior taxa Selic foi de 26,35%, fechando o seu governo com
uma taxa de 8,75%, e hoje está em 7,25%.
Diante
desses números, e aproveitando-se de uma insignificante elevação da inflação,
os rentistas, contando com o providencial apoio da “mídia nativa”, começaram
acusar o governo com o falacioso discurso do descontrole inflacionário,
afirmando a necessidade do aumento da taxa de juros para se controlar a
infração, que teve no preço do tomate (R$ 10,00 o quilo), o grande exemplo
dessa “disparada”. E para ilustrar tal sofisma contaram com a ajuda da caricata
apresentadora Ana Maria Braga, que abriu o seu programa matinal com um colar de
tomates insinuando que se tratava de uma joia rara.
Em
ato contínuo, e aproveitando-se a deixa global, os jornalões e as revistonas
não perderam tempo: a revista “Época” postou em sua capa uma foto de um tomate
arrebentado com a seguinte manchete: “A AMEAÇA DA INFRAÇÃO”. Por sua vez, a
revista “Veja” trouxe na capa um pé feminino pisando em um tomate e com a
seguinte manchete: “DILMA PISOU NO TOMATE”.
Comentando
essas matérias e utilizando o mesmo tom irônico da “mídia nativa”, o Portal
“Brasil 247”
postou: “Numa das campanhas mais patéticas já feitas pela mídia brasileira,
lobistas que defendem a alta dos juros transformaram o tomate no grande emblema
da inflação. A apresentadora Ana Maria Braga apareceu com um colar de tomates
pendurado no pescoço para ironizar o preço. Mas a farinha de mandioca teve alta
maior do que o tomate. Onde a madame colocou a mandioca?”
Diante
dessa vil e melancólica campanha midiática, e não resistindo à pressão do
capital financeiro, o Copom elevou a taxa de juros em 0,25%, um insignificante
aumento, mas um significativo sinal do poder desses agiotas para garantir os
seus “sagrados” rendimentos e ao mesmo tempo desestabilizar o Governo com vista
às eleições de 2014, onde tentarão eleger os neoliberais e, como outrora, implantar
o regime plutocrata buscando garantir seus exorbitantes lucros na ciranda
financeira.
Aliás,
comentando a submissão do Copom aos caprichos dos rentistas, as Centrais
Sindicais assim se manifestaram: “A iniciativa do Copom de elevar as taxas de
juros, tomada após forte pressão do mercado financeiro, premia banqueiros,
especuladores e rentistas que vivem à sombra da dívida pública...Os interesses
reais que orientam as pressões da mídia e do sistema financeiro são de outra
natureza. Concretamente, a elevação da taxa básica de juros significa bilhões
de reais a mais no bolso dos credores da dívida pública, principalmente
banqueiros, que agora podem alegar novos motivos para ampliar o spread bancário
e aumentar ainda mais as taxas extorsivas que cobram de empresas e
consumidores...A nova orientação da política monetária traduz um retrocesso e
deve ser repudiada e condenada pela classe trabalhadora..”
Em
relação ao tomate, tema central desse texto e valioso acessório da
"joia” de Ana Maria Braga, parece que hoje não passa de uma reles
bijuteria frente à sua depreciação de 75%, fato, que comprova que a alta do
preço dessa fruta não passou de problemas com a queda de sua produção (lei da
oferta e da procura), muito diferente do "descontrole inflacionário"
anunciado e tão desejado pelos rentistas e os novos lacerdistas de plantão.
Assim,
e frente a tudo isso, só nos resta perguntar: será que o Banco Central se
curvará às novas chantagens dos rentistas e da "mídia nativa"? E a
dona Ana Maria Braga, onde enfiará o seu colar de tomates, agora que se
descobriu que ele não passa de uma simples bijuteria?
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