"...talvez
suas ideias vão inspirar jovens no futuro, assim como as ideias de
Simon Bolivar, o grande libertador da América Latina, inspiravam
Chávez". Luis Inácio Lula da Silva
No
dia 05/03/2013, o mundo recebeu a triste notícia do falecimento do líder latino-americano,
Hugo Chavez. O Presidente Venezuelano deixa a vida e entra para a história, e
assim como Simón Bolívar,
será lembrado como um grande líder que lutou pela unidade do continente
latino-americano e contra a exploração do seu povo.
A propósito, como
todos nós sabemos, a colonização da América Latina se deu pelo processo de
exploração, esse fato, entre outras consequências, resultou em um enorme
desequilíbrio social, que perdurou por, aproximadamente, cinco séculos. Aliás,
nesse sentido o grande escritor Eduardo Galeano, escreveu:”...a derrota da
América Latina esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou
sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e
seus agentes nativo”.
As
mudanças políticas mais substanciais que ocorreram nas últimas seis décadas nos
países da América Latina, começaram no final dos anos cinquenta com a Revolução
Cubana. Contudo, após
essa vitoriosa Revolução, o que vimos foi uma forte política implantada pelos
EUA objetivando impedir que essa onda revolucionária inundasse os demais países
da América Latina, para tanto, os ianques patrocinaram vários golpes de estado
e ajudaram a implantar cruéis regimes militares nos países do nosso continente.
Mas
malgrado todo esse esforço estadunidense, em meados dos anos noventa, começou
uma nova Revolução patrocinada pelo próprio povo latino-americano, porém, dessa
vez a arma escolhida foi o processo democrático. A primeira e importante
mudança foi à eleição de Hugo Chávez em 1998. Essa vitória abriu as portas para
que outras lideranças de esquerda começassem a vencer eleições no nosso
continente, como por exemplo, a vitória de Lula no Brasil, Cristina Kirchner na
Argentina, Rafael Correa no Equador, entre
tantos outros.
As
Políticas sociais e econômicas desenvolvidas por esses governos progressistas
foram decisivas para o fortalecimento da democracia e para a melhoria da
qualidade de vida dos povos latinos, em especial, para os pobres, colocando a
América Latina, como bem assinala Altamiro Borges, “como protagonistas de um
movimento que se choca frontalmente com tudo o que a direita representa”, por
isso, todo esse ódio da conservadora oligarquia latina contra essas lideranças.
Na Venezuela de Hugo
Chávez, mesmo diante do bombardeio midiático, temos um grande exemplo das
exitosas políticas sociais implantadas por esses governos de esquerda, e ao
contrário do que é propagado pela grande mídia, é um exemplo também, de um País
que exercita de forma plena a democracia.
Aliás,
neste sentido, o jornalista Salim Lamrarini, escreveu: “Jamais, na história da
América Latina, um líder político alcançou uma legitimidade democrática tão
incontestável. Desde sua chegada ao poder em 1999, houve 16 eleições na
Venezuela. Hugo Chávez ganhou 15, entre as quais a última, no dia 7 de outubro
de 2012, lembrando, que todas as instâncias internacionais, desde a União
Europeia até a Organização dos Estados Americanos, passando pela União de
Nações Sul-Americanas e pelo Centro Carter, mostraram-se unânimes ao reconhecer
a transparência dessas eleições”.
Mas
não obstante esse importante dado, que assim como outros são sistematicamente
ocultados ou distorcidos pela grande mídia, Chávez deixa um indiscutível
legado, que passa pelo seu irredutível compromisso com as transformações
sociais do seu país e à sua obstinada luta pela integração das nações
latino-americanas.
A
propósito, vale destacar parte do artigo do ex-presidente Lula, publicado no NY
Times: “...se uma figura pública morre sem deixar ideais, seu legado e espírito
chegam ao fim. Não foi o caso de Chávez, uma figura forte, dinâmica e
inesquecível...A História vai afirmar, justificadamente, o papel que Hugo
Chávez desempenhou na integração da América Latina e o significado de seus 14
anos na presidência para o povo pobre da Venezuela.”
Realmente
Hugo Chávez deixa um vigoroso legado, no entanto, mesmo diante do reconhecimento
da maioria dos venezuelanos, não se pode menosprezar a possibilidade de um
golpe de estado patrocinado pela oposição, com o apoio dos EUA. Por essa razão
todo cuidado é pouco, e o Brasil e a Argentina precisam ter um papel de protagonistas
contra qualquer tentativa de ruptura institucional na Venezuela.
Aliás,
nesse mesmo sentido o embaixador Samuel Pinheiro
Guimarães, disse à Carta
Maior: “...Não
tenho informação, mas imagino que haja uma grande preocupação por parte das
presidentas [Dilma e Cristina] para que não haja um golpe de Estado. Isso
sempre pode ocorrer...Um golpe se articula discretamente. Estão corretas em se
preocupar se têm informações... É importante que Brasil e Argentina estejam
vigilantes”.
Frente a tudo isso,
esperamos que os Venezuelanos saibam defender a sua soberania e as conquistas
sociais e econômicas dos últimos anos inspirando-se na célebre frase do seu
grande comandante Hugo Chávez: "Se
eu me calar, gritarão as pedras dos povos da América Latina que estão dispostos
a ser livres de todo o colonialismo depois de 500 anos de
colonização".
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