"A Globo não ganha eleição. Ela dá golpe"
O primeiro jornal em papel que se tem notícia foi publicado como um panfleto manuscrito na China no ano 713 d.C. Após esse feito a imprensa sofreu grandes transformações, passando pela Revolução Industrial, pela Revolução Digital e chegando aos atuais dias.
Já nos séculos XIX e XX a
imprensa ganha status de importante veículo na formação da opinião pública, e
por conseqüência, obtém o apoio e o prestígio dos políticos, com isso os meios
de comunicação crescem e rapidamente se transformam em verdadeiras empresas: a
chamada “Indústria Cultural”, conforme denominou Theodor Adorno, e como tal,
passou a defender seus interesses financeiros e políticos.
Aliás, segundo o Mestre Venício
A. de Lima, em sua primorosa obra “Liberdade de Expressão X Liberdade da
Imprensa”, cita que em 1910, Max Weber já mostrava sua preocupação com essa
nova etapa dos meios de comunicação. De acordo com Weber,“...uma das
características das empresas de imprensa é, hoje em dia, sobretudo, o
aumento da demanda de capital. (...) Em que medida essa crescente demanda de
capital significa um crescente monopólio das empresas jornalísticas existentes?
(...) Esse crescente capital fixo significa também um aumento de poder que
permite moldar a opinião pública arbitrariamente? Ou pelo contrário, significa
uma crescente sensibilidade por parte das distintas empresas diante das
flutuações da opinião pública?
Realmente
as inquietações de Max Weber se justificavam. Os meios de comunicação se
transformaram em grandes empresas e em muitos casos, como no Brasil, se converteram
em um vergonhoso monopólio, onde apenas meia dúzia de famílias detém todo o
controle de tudo que vemos, lemos e ouvimos. E o pior: a imprensa brasileira se
transformou no “Quarto Poder”, e sob a batuta de Judith Brito a mídia se auto-intitulou
o maior Partido de oposição no Brasil.
O
poderio dos meios de comunicação no país é tamanho que eles conseguem uma
inimaginável e inexplicável façanha: abocanhar uma fabulosa fortuna com publicidade do governo
federal, e isso, diante de uma sistemática e odiosa campanha contra o
ex-presidente Lula e a Presidenta Dilma, ou seja, é o governo alimentando o seu
maior e mais implacável algoz, ou se preferir, é o governo agindo igual "mulher de malandro".
Segundo
reportagem do jornal “Correio do Brasil”, “...dados divulgados pela Presidência da
República, mostram que apenas 10 empresas de comunicação concentram mais de 70%
da verba federal para publicidade...O desequilíbrio na distribuição das verbas
públicas, no entanto, ocorre no momento em que os dados mostram a discrepância
entre o que é pago aos mais de 3 mil veículos cadastrados no Núcleo de Mídia da
SECOM. Do total de R$ 161 milhões pagos aos meios de comunicação, durante o
governo Dilma, R$ 112,7 milhões couberam a apenas 10 empresas, enquanto as
demais 2.990 dividiram os R$ 48,3 milhões restantes...A Globo Comunicação e
Participações S.A., responsável pela TV Globo e sites ligados à emissora,
abocanhou quase um terço da verba aplicada entre janeiro de 2011 e julho deste
ano: R$ 52 milhões.
E
foi graças a essa divulgação do SECOM, que, pela primeira vez, se iniciou uma
discussão sobre o tema. A Deputada Federal, Luciana Santos (PcdoB-PE) convocou
audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia para debater as formas de
financiamento para a mídia alternativa. Participaram dos debates várias
entidades do setor de comunicação, dentre elas a Altercom (Associação Brasileira de
Empresas e Empreendedores da Comunicação). Nessa ocasião a Altercom reivindicou
que pelo menos 30% das verbas publicitárias sejam aplicadas em veículos de
pequenas empresas de comunicação - aqui inserido o “Correio do Papagaio”. A
entidade alega que essa proposta aquece toda a cadeia produtiva das pequenas empresas
do setor. E para fundamentar seus argumentos, a entidade cita o modelo adotado
por outras áreas, como, por exemplo, a compra de alimentos para a merenda
escolar, onde 30% dos recursos repassados pelo FNDE deverão ser utilizados na
aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do
empreendedor familiar rural.
Frente
a tudo isso, não paira dúvida de que ao governo restam duas atitudes: a
primeira, rever essa repartição das verbas publicitárias, inclusive, atender as
reivindicações das mídias alternativas e de pequeno e médio porte. A outra
medida é o imediato envio ao Congresso Nacional do Projeto da Lei de Medios,
afora a isso, seremos forçados a pensar que, realmente, “os interesses dos gabinetes
estão predominando sobre as inquietações das bases”, fato que seria lamentável
para um governo progressista!
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