"A reação dos tucanos e da mídia
conservadora ante a estrondosa derrota do PSDB na eleição municipal deste ano é
surpreendente". José Carlos Ruy.
Não há
dúvidas de que as eleições de 2012 podem refletir na sucessão presidencial.
Assim, e frente aos resultados dessas eleições, somos incitados a realizar uma
análise dos números e tentar projetá-los para as eleições de 2014.
A
eleição de 2012, assim como as demais, trouxe, mais uma vez, componentes
externos objetivando influir no pleito. Foram factoídes criados pela mídia,
baixarias de todos os gêneros, e até mesmo o Poder Judiciário por meio de sua
mais Alta Corte tentou influir nas eleições, coincidindo o julgamento da Ação
Penal nº 470 com o pleito. E todo esse esforço teve um único objetivo: frear o
crescimento dos Partidos da base do Governo, em especial o Partido dos
Trabalhadores e o seu grande líder o ex-presidente Lula. Porém, e considerando
os resultados das eleições, chegamos à conclusão de que toda essa diligência
não logrou êxito, ao contrário, os números mostram uma fragorosa derrota das
forças conservadoras.
Se
considerarmos as votações obtidas pelos três principais Partidos da base do
Governo (PT, PMDB, PSB) podemos afirmar que a Presidenta Dilma se torna mais
favorita ainda para eleições de 2014. Vejamos os números: o PT governará 37,14
milhões de brasileiros, o PMDB 30,67 milhões e PSB 20,90 somando esses
números a base aliada governará após, 2013, 88,71 milhões de brasileiros,
enquanto os três principais Partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) governarão
37,87 milhões.
Evidente
que esses números não definirão as eleições de 2014, pois, é sabido que há um
intricado jogo político de agora para frente, principalmente, envolvendo o
Governador de Pernambuco, Eduardo Campos e o seu Partido o PSB, que dentre as
demais agremiações, foi o que teve o melhor desempenho nessas eleições. Mas
considerando suas entrevistas, há um forte sinal de que ele e seu Partido
pretendem continuar apoiando o Governo e a Presidenta Dilma. Porém, não
descartamos a possibilidade do Governador tentar um vôo solo, especialmente, se
obtiver o apoio dos “Tucanos”, que com a derrota em São Paulo e com o baixo
desempenho obtido nas eleições, encontrará grandes dificuldades para bancar um
nome próprio para derrotar a Presidenta Dilma em 2014.
Mas
malgrado os números favorecerem amplamente o Governo e confirmar a grande
liderança do ex-presidente Lula, a “mídia nativa” vem fazendo um grande e
inútil contorcionismo para minimizar esses resultados, em especial, para
justificar a derrota dos “Tucanos” em São Paulo e em outras importantes cidades
paulistas. A última tentativa foi creditar essas derrotas ao alto número de
abstenção. Aliás, essa justificativa está sendo utilizada para reiniciar a
discussão sobre o voto facultativo, que a priori pode beneficiar a elite e os
Partidos conservadores.
A
propósito, e desmontando a tese da alta abstenção, Paulo Moreira Leite, citando
o jornalista Roldão Arruda, escreveu:...”em cidades onde o cadastro eleitoral
não é atualizado, a contabilidade das ausências produz números maiores. Uma
consulta a votação nas capitais mostra isso. Em cidades como São Paulo e São
Luiz, onde o cadastro não é atualizado há mais de 20 anos, a abstenção bateu em
20% entre os paulistanos e chegou a 22% entre os moradores da capital do
Maranhão. Já em Curitiba, onde o cadastro foi feito há um ano, a abstenção fica
em 10%”.
Já
em relação ao voto facultativo defendido pela elite conservadora, nada mais é
do que uma desesperada tentativa de criar mecanismos para favorecê-los, pois,
grosso modo, isso estaria muito próximo ao voto censitário, adotado em 1824, no
qual apenas os nobres, burocratas, militares e comerciantes
ricos votavam.
Aliás,
um exemplo da fragilidade do voto facultativo vem dos EUA. Segundo o Filósofo
Henrique César Abreu, lá “...votam as
pessoas que costumam dar maioria aos partidos dominantes, aos grupos mais
informados, mais organizados, elegendo-se o presidente do país por uma minoria
de norte-americanos. Costumam não votar, justamente os que mais precisam lutar
por seus direitos, como os marginalizados, os negros os latino americanos, a
população dita mais empobrecida”. E é exatamente o que pretende a elite
conservadora do Brasil com o voto facultativo.
De
resto, a corrida para a sucessão Presidencial já começou, e pelos números acima
mostrados a reeleição da Presidenta Dilma é dada como certa. No entanto, um
importante fato poderá complicar essa assertiva: a remota, mas possível,
aliança entre os socialistas do Governador Eduardo Campos e os
sociais-democratas de FHC. É esperar para ver!
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