terça-feira, 25 de setembro de 2012
A ERA LULA: A PEDRA NOS SAPATOS DA ELITE CONSERVADORA
"...Eliminar Lula, considere-se ele intimamente de esquerda ou não, socialista ou não, é,
independentemente de sua vontade, o inimigo fundamental.." Roberto Amaral
É sabido que no Brasil é histórico o
preconceito e ódio das elites contra as lideranças de movimentos populares e de
Partidos Políticos de esquerda, como por exemplo, os que ocorreram contra Chico
Mendes, Getúlio Vargas, João Goulart, Juscelino
Kubitschek, Lula, Dilma Rousseff e tantos outros.
Evidente que toda essa odiosidade que
conta com o irrestrito apoio da mídia hegemônica, tem um único objetivo: as
elites do Brasil pretendiam se perpetuar no Poder, para tanto, lutam
desesperadamente, contra esses movimentos sociais e as forças políticas
progressistas do Brasil.
No entanto, sabemos que na democracia
essa luta política é dinâmica: há retrocessos e avanços. Um bom exemplo dessa
afirmativa foi à vitória das forças populares em 2002, com a eleição de um
operário, sindicalista e retirante de nome Luis Inácio Lula da Silva. Aqui começa
a derrocada da direita conservadora do país, e por conseqüência, o
aprofundamento da luta contra esse homem que ousou enfrentar essa elite e por
essa razão se tornou o inimigo número desse seguimento social.
Aliás, nesse sentido o grande mestre
Emir Sader escreveu: “Lula virou o diabo para a direita brasileira, comandada
por seu partido – a mídia privada. Pelo que ele representa e por tê-los
derrotado três vezes sucessivas nas eleições presidenciais, por se manter como
o maior líder popular do Brasil, apesar dos ataques e manipulações de todo tipo
que os donos da mídia – que não foram eleitos por ninguém para querer falar em
nome do país – não param de maquinar contra ele”.
A propósito, são amplamente conhecidos
os inúmeros ataques desferidos por esses “aprendizes do lacerdismo
anacrônico” contra o Presidente Lula. As armas são variadas: agressões
preconceituosas, mentiras, tentativas de golpe contra o seu governo,
conspirações, e até mesmo declarações covardes e desumanas como as que
ocorreram quando Lula foi diagnosticado com câncer. Porém, em todas essas
investidas Lula venceu contra-atacando com a sua única e imbatível arma: o
apoio popular.
Contudo, esses ataques não cessaram. Em
meados do mês de setembro último, por exemplo, a mídia hegemônica, por meio de
um dos seus principais representantes, a revista “Veja”, utilizou o seu arsenal
e mais uma vez apontou a sua mira para o alvo principal: o ex-presidente Lula.
A reportagem da “Veja” - revista que foi flagrada em conluio com Carlinhos
Cachoeira – acusa Lula de ser o chefe da quadrilha do “mensalão”. E essa
afirmação, é amparada nos seus famosos padrões de reportagens como “segundo
consta”, “segundo teria dito um réu da ação penal nº 470” ou “segundo conversas em
off” e por ai em diante, e mais uma vez estamos diante de uma matéria
caluniosa, tendenciosa e vergonhosamente partidária e eleitoreira.
Aliás, nesse mesmo sentido o brilhante Senador Roberto Requião (PMDB), comentando essa
matéria, assim se manifestou na Tribuna do Senado: “Este conjunto de articulistas desfrutáveis que faz a posição
oposicionista nos meios de comunicação usa uma entrevista que não houve para,
mais uma vez, tentar indigitar o ex-presidente... A oposição não perdoa, e
jamais desculpará a ascensão do retirante nordestino à Presidência da
República. A ascensão do metalúrgico talvez ela aceitasse, mas não
a do pau-de-arara. Este, não!...Apenas corações empedrados por privilégios de
classe, apenas almas endurecidas pelos séculos e séculos de mandonismo,
de autoritarismo, de prepotência e de desprezo pelos trabalhadores podem
explicar esse combate contínuo aos programas de inclusão das camadas mais
pobres dos brasileiros ao maravilhoso mundo do consumo de três refeições por
dia. Se algum respeito, se alguma condescendência ainda havia para com
esse pau-de-arara, foi tudo pelo ralo, pelo esgoto em que costumam
chafurdar historicamente os nossos meios de comunicação”.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
PROVAS “TÊNUES”: UMA AMEAÇA AO PROCESSO LEGAL
"O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar
segundo as leis". Platão
Estamos assistindo desde o dia 02 de agosto o julgamento pelo STF, da Ação Penal nº 470, mais conhecido como “mensalão”.
Iniciado o julgamento e proferidas as primeiras decisões, começamos a assistir, ouvir e a ler uma série de matérias nas quais a “mídia nativa” não mede esforços para tentar politizar o processo e pressionar os Ministros do STJ para uma condenação geral, custe o que custar.
No entanto, uma matéria em
especial, chamou a atenção dos operadores do direito, inclusive dos Advogados
dos réus no citado Processo: a perigosa, desastrosa e afoita entrevista do
Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Gurgel, que comentando essas
primeiras decisões disse: “Independentemente
do resultado, a decisão parcial é muito importante para toda a Justiça Penal,
pois reconhece que não podemos buscar o mesmo tipo de provas obtidas em crimes
comuns, como roubo, assassinato”. Perguntado se as provas contra José Dirceu
não seriam mais tênues do que as que levaram à punição de João Paulo
Cunha, o Procurador completou: “..Isso
também está sendo discutido. Na medida em que sobe a hierarquia na organização
criminosa, as provas vão ficando mais e mais tênues. O mandante não
aparece. Não quero ficar fazendo previsões, mas acho que estamos num bom
caminho [referindo-se à condenação de José Dirceu].”
Para
entendermos a tese da “prova tênue” defendida pelo Dr. Gurgel, buscamos apoio
nos dicionários pátrios. Tênue: adjetivo que significa Frágil; De pouco valor; De
pouca importância; Sutil; Leve; Fraco. Traduzindo temos: a prova tênue nada
mais é que a prova fraca, de pouco valor ou de pouca importância. Disso
concluímos que o nobre Procurador-Geral acusou e acusará alguns dos réus do
“mensalão” sem provas, ou na pior das hipóteses, com uma prova fraca, de pouco
valor, ou tênue.
Diante
disso, surpreso e preocupado com a entrevista do Dr. Roberto Gurgel, e a
repercussão que isso possa causar no julgamento do Processo, o Advogado de José
Dirceu, afirmou: "...mais uma vez o Procurador-Geral da
República assume a inexistência de provas contra o ex-ministro José Dirceu. É
constrangedor deparar com uma declaração do chefe do Ministério Publico Federal
pedindo a condenação com base em "provas tênues". Não é isso que se
espera do Parquet federal...A condenação sem provas, desrespeita o devido
processo legal, o contraditório e a Carta Magna. Condenar sem provas, não
reflete a história do Supremo Tribunal Federal".
Mas malgrado essa aberração
ministerial, lembramos que a maioria das denúncias oferecidas pelo
Procurador-Geral contra os réus do “mensalão”, especialmente contra José
Dirceu, foram ancoradas em depoimentos testemunhais junto à CPI, e não na
presença do Magistrado, fato que, SMJ, vai contra os mandamentos
constitucionais, pois, como nos ensina o Mestre em Processo Penal, Flúvio
Cardinelle Oliveira Garcia, “a boa doutrina assevera a necessidade
da prova ser produzida na presença do juiz e das partes, sob pena de invalidade
da mesma por inobservância do princípio do contraditório”..
Sobre
esse fato o Advogado de José Dirceu, também, se manifestou: “Alegando que somente enxerga depoimentos de
referência, a PGR se faz de cega e prefere não enfrentar os inúmeros
testemunhos diretos, produzidos sob o crivo do contraditório, que infirmam
todos os indícios que suportavam a denúncia”.
Aliás,
com referência a importância da prova no processo
penal, o insigne Desembargador Onildo Cavalcante de Faria, preleciona: “Sem a
prova, o direito se tornaria simples ideologia, sem aplicação, nem finalidade....Prova
é tudo que conduz à certeza positiva ou negativa de algum fato, circunstância
ou proposição controvertida”.
Assim,
e frente a essas posturas do Procurador-Geral, fica evidente que alguns dos réus
desse Processo poderão ser condenados sem provas, ou na pior das hipóteses, com
“tênues” provas, o que de qualquer maneira nos afigura um flagrante desrespeito
ao processo legal, e um precedente perigoso, pois, qualquer cidadão, em
especial o Político, poderá ser denunciado e condenado diante de produção de
provas frágeis e de pouco valor.
Esperamos
que os Ministros do STJ julguem esse processo tecnicamente e longe das
influências externas, pois, como nos ensina o brilhante criminalista Nilo Batista, “ao censurar os
magistrados a imprensa busca o efeito desejado por ela. A absolvição ou
condenação dos réus, entretanto, devem nascer de um julgamento justo sem
pressão ou interferência na liberdade de decisão dos juízes”. E tomara que os
Ministros do STJ assim decidam, caso contrário, veremos
prevalecer a vergonhosa, mas verdadeira, opinião do Juiz Robert Jackson, da
Corte Suprema dos EUA que disse: “...certos
julgamentos não passam de uma cerimônia legal para averbar um veredito já
ditado pela imprensa e pela opinião pública que ela gerou”.
Assinar:
Postagens (Atom)