quinta-feira, 31 de maio de 2012

A PROFECIA DO MESTRE DALMO DALLARI SE CONFIRMA


"A maneira mais pérfida de prejudicar uma causa é defendê-la intencionalmente com más razões" - Friedrich Nietzsche

Estamos acompanhando nessas últimas semanas dois lamentáveis casos que colocam no centro do furacão chamado CPMI do Cachoeira/“Veja”, duas proeminentes autoridades das mais respeitadas instituições da República: Dr. Roberto Gurgel, Procurador-Geral da República (PGR) e o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dr. Gilmar Mendes.


Foi fartamente noticiado que o Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Gurgel recebeu em 2009 o inquérito da operação “Vegas” que citava o envolvimento do Senador Demóstenes Torres e de outros Parlamentares com a quadrilha de “Carlinhos Cachoeira”. Considerando o foro privilegiado dos parlamentares, caberia ao Procurador-Geral denunciá-los. Porém, segundo argumentou o próprio Procurador, não havia indício para oferecer denúncia contras esses parlamentares. Sopesando esse argumento, caberia ao Procurador-Geral, conforme previsto em lei, uma das seguintes medidas: pedir diligências, buscar mais informações, arquivar o caso em 15 dias, ou devolver o caso para a Justiça de primeira instância. Porém, e estranhamente, nenhuma dessas medidas foram tomadas, simplesmente o Processo foi engavetado. Somente, agora com a operação “Monte Carlo”, e após uma forte pressão da sociedade e de lideranças políticas foi que o Procurador-Geral resolveu denunciar os parlamentares envolvidos no caso.

Esse episódio ganhou uma enorme repercussão e está despertando uma calorosa discussão. Há muitos juristas e parlamentares entendendo que essa omissão do Procurador-Geral pode caracterizar ato de improbidade administrativa e até mesmo crime de prevaricação, fato que pode motivar uma denúncia contra o Procurador-Geral junto ao Senado Federal, e resultar no seu impeachment.

Um segundo caso, que também ganhou as manchetes do noticiário nacional, foi à declaração do Ministro do STF, Gilmar Mendes sobre uma suposta conversa que teve com o ex-presidente Lula. Segundo o Ministro, esse diálogo, que teve como única testemunha o ex-ministro Nelson Jobim – serrista declarado - Lula teria feito a seguinte chantagem: você (Gilmar Mendes) adia o julgamento do mensalão no Supremo e eu te blindo na CPI. Continuando seus despautérios o Ministro afirma ainda, que Lula e outros gângsteres querem melar o julgamento do mensalão e dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de corrupção.

A despeito da gravidade dessa denúncia, vale destacar, inicialmente, a divulgação de tal acusação. O primeiro veículo de comunicação a noticiar o caso foi exatamente à revista “Veja”, um semanário sob suspeita e que sabidamente, se tornou o diário oficial da oposição e o palanque para certos togados, em especial o Ministro Gilmar Mendes. Outra particularidade dessa matéria, não obstante ser uma prática dessa revista, foi o fato do jornalista não ouvir outros envolvidos no caso, como o Presidente Lula e a única testemunha que presenciou a conversa, o ex-ministro Nelson Jobim, que, aliás, por várias oportunidades e, de maneira insofismável, desmentiu Gilmar Mendes, desmontando sua armadilha.            
               
Fica evidente que foi o Ministro que plantou essa denúncia no solo fértil da “Veja”, isso faz parte de sua conturbada biografia. Até a sua escolha para o STF foi controvertida. Se consultarmos os arquivos do Senado, veremos que o Ministro teve a mais elevada rejeição em votações para STF naquela “Casa”, e o seu nome só foi aprovado graças ao rolo compressor do governo FHC.

Não há dúvida também, de que tudo isso não passa de uma estratégia para desviar o foco da CPMI, pois, parece que há indícios de que a ligação do Ministro Gilmar Mendes com Senador Demóstenes vai muito além de uma simples amizade. E essa talvez seja uma das razões que levou o Ministro a levantar essa abjeta e controvertida calunia contra o Presidente Lula. Afinal, por que o Ministro não denunciou o Lula logo depois da conversa? Por que não comunicou o fato aos seus pares, mas apenas a revista “Veja”? Por que esperou um mês para demonstrar sua indignação e ira? Realmente assiste razão o sempre preciso Mauro Santayana: “...A nação deve ignorar o esperneio do Sr. Gilmar Mendes. Ele busca a confusão, talvez com o propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPMI. O Congresso não se deve intimidar pela arrogância do Ministro..”

Aliás, sobre Gilmar Mendes, o festejado jurisconsulto Dalmo Dallari, em artigo publicado no dia 08.05.2002, afirmou, ou melhor, profetizou: ”...Se essa indicação [para o STF] de Gilmar Mendes vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”.

Frente a tudo isso, só nos resta afirmar: o Mestre Dallari, além de um brilhante jurista é também um grande Profeta!        

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