domingo, 18 de março de 2012
A CRISE POLÍTICA: PERIGO OU OPORTUNIDADE?
"A crise representa purificação e oportunidade de crescimento." (Leonardo Boff)
Etimologicamente a palavra “crise” é um substantivo derivado do latim “crisis”, que significa momento de decisão ou de mudança súbita. Mas a definição que melhor se enquadra no contexto é
aquela que nos é ensinada pelos chineses, que afirmam que essa palavra possui
dois ideogramas: um representa perigo e o outro
simboliza oportunidade. Feito essa breve observação, vamos aos
fatos.
Estamos
assistindo nos noticiários dessas últimas semanas, que o Governo passa por uma
grande crise com a sua base aliada, especialmente, com PMDB.
Todos
nós sabemos da grandeza do PMDB e de sua rica e importante história. Contudo,
não é menos verdade, que após a morte de Ulisses Guimarães, o Partido perdeu o
seu norte, e nitidamente se prescinde de uma grande liderança nacional, tanto,
que o vem sendo comandado por forças regionais ou por “caciques” que militam na
política única e exclusivamente, por meio do fisiologismo, mesmo com a forte
oposição de importantes quadros do PMDB.
As
forças conservadoras do país, capitaneadas pela “mídia nativa”, sabem que o
governo está navegando em águas calmas, portanto, rumando para as vitórias nas
eleições municipais, e por conseqüência, no pleito de 2014. A única
possibilidade de frear esse avanço político seria uma oposição forte, porém,
essa se encontra inerte, sem rumo e sem proposta. Assim, resta se valer do fogo
amigo, desde que o mesmo seja alimentado até se criar uma crise institucional.
E exatamente o que essas forças estão tentando fazer, mesmo sabendo que tal
crise pertence ao PMDB, e não ao governo.
Diferentemente
do que vem sendo propalado pelos analistas de plantões, que afirmam que a
Presidenta Dilma não tem jogo de cintura para comandar essas crises políticas,
o que está ocorrendo no Brasil é uma nova e bem vinda modalidade de se fazer
política. Inversamente do modelo da “Era FHC”, onde a premissa foi o velho jogo
do “toma lá dá cá”, com a Presidenta, o que observamos de fato, é um novo
padrão de política, e a grande prova dessa mudança, foram às exonerações de vários
Ministros, inclusive, do PT, e tudo isso incomoda aqueles que sempre se
locupletaram com as benesses governamentais.
Aliás,
analisando esses dois modelos, o mestre Mauro Santayana, escreveu: “...A maior dificuldade da
política reside na busca do equilíbrio entre a ética e a prática do poder.
Fernando Henrique, apoiando-se em Max Weber, aludiu a uma ética da
responsabilidade, que absolveria os homens públicos. Talvez com isso, o então
presidente estaria justificando as manobras de seu competente auxiliar nesses
assuntos, o ex-militante de esquerda Sérgio Motta, encarregado de lubrificar as
relações com o Parlamento. Em suma, ao considerar necessária, em sua avaliação
e em sua conveniência pessoal, as emendas que lhe permitiram a prazerosa
reeleição e a venda dos bens do povo aos empreendedores privados, o
presidente se valia da ética weberiana da responsabilidade. Como depois se
constatou, não se tratava exatamente da ética, mas de sua contrafação”.
A
propósito, nesse mesmo sentido o Presidente Lula falando sobre essa mudança na
prática de governar, disse ao Senador Eduardo Braga: “O momento é de transformação. O País
vive uma nova realidade econômica e social, por isso é fundamental a renovação
e a instituição de novos métodos e práticas políticas.”
Frente
a tudo isso, fica claro que a Presidenta Dilma está valendo-se dos seculares
ensinamentos chineses, ou seja, reconhece que a crise do PMDB constitui um
perigo, mas também, uma oportunidade para inaugurar um novo modelo de fazer política,
trocando o retrógrado presidencialismo de coalizão com os conhecidos
apadrinhamentos espúrios, por uma nova prática governativa, onde a ética, a
eficiência e a probidade constituem, verdadeiramente, os pilares da
administração pública.
quarta-feira, 14 de março de 2012
O BRASIL NÃO ACEITA MAIS “CHUTE NO TRASEIRO”..!
"Já foi tarde..."
Todos nós sabemos que a Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016 serão realizadas no Brasil. Essas conquistas foram frutos do
grande empenho e da força Política do Presidente Lula e das boas condições
socioeconômicas do país.
Contudo,
assim que o Brasil foi escolhido para abrigar tais competições, a “mídia
nativa”, iniciou uma série de ataques contra a realização desses eventos.
Primeiro, afirmou que o Brasil não tinha condições financeiras para arcar com
as despesas desses jogos, mesmo porque o País possui outras prioridades. Agora,
alardeiam que tudo no Brasil é muito lento, e o País não tem condições de cumprir
as metas impostas pela FIFA, especialmente, em relação à infraestrutura para
receber o grande número de turistas para a Copa de Mundo.
Ganhando
força para os seus argumentos ad judicium,
no dia 02/03 a mídia hegemônica foi presenteada com uma declaração do Secretário Geral da FIFA, Jérôme Valcke, que malgrado a falta de respeito
com o povo brasileiro, serviu de munição para as matérias midiáticas. O Secretário Geral, em entrevista aos jornais internacionais, e
diferentemente do relatório da FIFA, reclamou dos atrasos das obras para o
mundial do Brasil, e de maneira impertinente teve a audácia de dizer a seguinte
impropriedade: "eu não entendo por que as coisas não estão se movendo [no
Brasil]. Os estádios não estão dentro no cronograma, e outras coisas estão
atrasadas!...Os organizadores da Copa precisam "levar um chute no traseiro
e entregar essa Copa do Mundo".
Evidente,
que tal declaração ganhou repercussão
mundo afora. No Brasil, diferente da imprensa internacional, a “mídia nativa”
fez coro com o Secretário-Geral, numa clara oposição ao governo, e numa vergonhosa
submissão ao “cara-pálida” da FIFA. Já por parte do Governo, a reposta foi
incisiva e soberana. O Ministro dos Esportes, contestando a entrevista de
Jérôme Valcke, escreveu à FIFA: “...recebemos com espanto as inapropriadas declarações do senhor
Jérôme Valcke. A forma e o conteúdo de suas declarações escapam aos padrões
aceitáveis de convivência harmônica entre um país soberano como o Brasil e uma
organização internacional centenária como a FIFA. Diante desta realidade, o
Governo Brasileiro não pode mais aceitar, nas suas tratativas com a FIFA, o
Senhor Jérôme Valcke como interlocutor durante a preparação desse mundial”.
Logo
após a manifestação do Ministro Aldo Rebelo, imediatamente o “ilustre” Jérôme Valcke, com uma justificativa injustificável, pediu desculpas ao
Governo e aos organizadores da Copa do Mundo no Brasil.
Enquanto
os jornais brasileiros criticam a resposta do governo, afirmando que isso
parece briguinha de menino mimado, os grandes jornais internacionais tiveram
outra visão. O Jornal Espanhol “Marca”, por exemplo, publicou que o Brasil
baixou a bola da FIFA, e fez
o secretário-geral da entidade, Jérome
Valcke, inclinar a cabeça. Até mesmo os parlamentares de oposição ao governo,
criticaram a chula declaração do Secretário-Geral da FIFA.
É
inequívoco, que muitas obras para o mundial estão atrasadas, bem como a Lei da
Copa, e isso é normal, pois alguns temas se chocam com a nossa legislação, e
outros são muito polêmicos, fatos que não são uma particularidade brasileira.
Na Copa do Mundo da Alemanha, por exemplo, berço da cerveja, os alemães tiveram
que engolir, ou melhor, beber cerveja estadunidense, e isso devido ao contrato
da FIFA com uma cervejaria norte-americana. Esse fato foi uma das grandes
polêmicas da Copa do Mundo daquele país
Mas
malgrado todo esse imbróglio, podemos afirmar que a Copa do Mundo do Brasil, já
está trazendo bons resultados. O primeiro foi à renúncia do ditador da CBF,
Ricardo Teixeira, um acontecimento relevante para os brasileiros, e um duro
golpe na grande mídia, em especial, na Rede Globo. Outro
resultado positivo é o fato de que o Governo não aceita imposições. O Brasil
não tira mais os sapatos nos aeroportos internacionais como ocorreu com a
diplomacia brasileira no Governo FHC. Aliás, um dos legados deixados pelo
Governo Lula foi o resgate e o fortalecimento de nossa soberania. Já foi o
tempo que aceitávamos, resignados, um “chute no traseiro”. Parabéns Ministro
Aldo Rebelo.
“A ANISTIA NÃO PODE CONVERTE-SE EM AMNÉSIA”
"Tortura Nunca Mais..!"
Com
o fim da ditadura, o Brasil inicia um processo de redemocratização. Primeiro,
vieram às eleições indiretas, depois, em 1988, a promulgação da nova
Constituição Federal, e finalmente, em 1989 a primeira eleição direta após o
regime de “chumbo”.
Contudo,
está claro que esse ciclo de redemocratização do país não se completou, falta
ainda, conhecermos as entranhas do regime militar que marcou de forma indelével
a vida dos brasileiros em dos períodos mais cruéis de nossa história recente.
Procurando
completar esse ciclo, foi criada a “Comissão da Verdade” por meio da Lei nº
12.528/2011. Essa Comissão tem como finalidade examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos
praticadas no período da ditadura militar, a fim de efetivar o direito à
memória, à verdade histórica, e promover a reconciliação nacional.
Contudo,
logo após a sanção dessa lei, e frente algumas manifestações de Ministros do
Governo Dilma sobre esse período de chumbo, houve uma imediata reação dos
militares da reserva, por meio de um manifesto intitulado, “Alerta à Nação – eles que venham,
por aqui não passarão”.
Dentre
os pontos desse “ameaçador” manifesto, os castrenses escreveram: “...os Clubes
Militares expressam a preocupação com as manifestações de auxiliares da
presidente sem que ela, como a mandatária maior da nação, venha a público
expressar desacordo com a posição assumida por eles e pelo partido ao qual é
filiada e aguardam com expectativa positiva a postura de Presidente de todos os
brasileiros e não de minorias sectárias ou de partidos políticos”.
Logo depois de postado o Manifesto no site do “Clube Militar”, o
mesmo foi retirado por ordem do comandante do Exército, General Enzo Perri. Porém,
demonstrando a costumeira arrogância e
prepotência, os militares de “pijama”, acompanhados de alguns “companheiros” da
ativa, reagiram com uma Nota equivocada e de flagrante afronta à
Comandante-em-chefe das Forças Armadas, Presidenta Dilma Rousseff. Diz a Nota:
”Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site
do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele
retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do
Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou
legitimidade para fazê-lo...”.
Não há dúvidas de que essas Notas raivosas dos militares não
passam de lamentáveis tentativas de chantagear o Governo e de amedrontar a
sociedade com a sombra do passado, além do que, é uma inequívoca demonstração
da dificuldade dos militares aceitarem um civil com perfil progressista à
frente do Ministério da Defesa.
Os militares têm de
entender que não adianta espernear contra a Comissão da Verdade, e contra as
legítimas manifestações de Ministros. Os tempos são outros. Sua gritaria não
ganha eco na sociedade, pois, os seus fiéis colaboradores de outrora, a grande
mídia, as elites e os EUA se sucumbiram. O primeiro com o advento das redes
sociais, o segundo com o fortalecimento da sociedade organizada, e o terceiro
com a falência e quebradeira de seu país. Ademias, o povo está mais consciente,
tanto, que exigi do Estado brasileiro que toda a verdade do passado histórico sobre
os abusos e violações dos direitos humanos cometidos pelos militares venham à
tona, e que os culpados, sejam julgados e devidamente punidos. “A Anistia não
pode converter-se em Amnésia”.
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