terça-feira, 27 de setembro de 2011
JORNALISMO DECLARATÓRIO OU INVESTIGATIVO..?
"A sociedade é maior que o mercado. Oleitor não é consumidor, mas cidadão. Jornalismo é serviço público " Aberto Dinis
Há tempos venho denunciando neste espaço, o comportamento
aético, partidário e o “jornalismo esgoto” praticado pela grande mídia do
Brasil, especialmente, durante os últimos nove anos.
Nesse
período, o brasileiro assistiu, leu e ouviu várias denuncias na “mídia nativa”
sobre uma série de casos de corrupção no meio político. Contudo, a imprensa
nunca se preocupou em acompanhar os desfechos dos casos, e tampouco, em apurar
os fatos de maneira profunda e com fontes fidedignas, como bem aconselha o
jornalismo investigativo. Ao contrário, as matérias são quase sempre opinativas
ou baseadas em meras declarações.
Aliás,
com relação a esse comportamento da mídia, o insuspeito jornalista da Rede
Globo, Caco Barcellos, em brilhante palestra no Seminário promovido pela Escola
de Magistratura da Justiça Federal da Terceira Região, disse: “há uma diferença
essencial entre o jornalismo investigativo e o jornalismo declaratório. O
investigativo é o do repórter ativo, com luz própria, que investiga antes de a
informação se tornar pública. Que ouve os envolvidos e, a partir
das declarações, começa a investigar, confrontar a declaração com os fatos que
apurou. Declaratório é o jornalismo praticado na maioria das redações
brasileiras. Basta uma fonte da área publica ou privada e isso, por si só, se
torna uma notícia”. (fonte: conversaafiada.com.br).
Nesse
contexto citamos três emblemáticos casos que ilustram bem essa conduta
midiática: o mensalão, a entrevista do empresário Rubnei Quícoli ao
Jornal Nacional, e por fim, a matéria da revista “Veja” noticiando fatos graves
envolvendo o ex-Ministro José Dirceu.
Com
relação ao mensalão, o caso ganhou um novo ingrediente. Segundo consta no sitio
Viomundo, o ex-deputado Roberto Jefferson, autor da denúncia sobre o mensalão, mas réu no
Processo, afirmou em sua defesa junto ao STF que não houve o mensalão. “Foi só
pura retórica, modo de dizer”. Frente a tal declaração, não há dúvidas de que a
denúncia sobre a existência do “mensalão” cai por terra, até mesmo porque, não
há uma única prova nos autos dessa modalidade de corrupção, restando assim, o
crime eleitoral tipificado como “caixa dois”.
A
respeito da denúncia do empresário Rubnei Quícoli, em pleno Jornal
Nacional, antes das eleições 2010, denunciando um suposto
esquema de tráfico de influência na Casa Civil, também, foi por água abaixo. O
empresário, reconhecendo que mentiu, pediu desculpas ao PT nos processos em que
o Partido move contra ele. Aliás, pela gravidade da acusação e os prejuízos que
o Partido teve com a repercussão da entrevista, fica evidente que um simples
pedido de desculpa não encerra o caso. O PT tem de ser indenizado por danos
morais, e lutar, nos moldes do saudoso Leonel Brizola, por um direito de
resposta no Jornal Nacional.
Por
derradeiro, temos a reportagem da revista “Veja” que noticiou que o “ex-Ministro José Dirceu mantém
um gabinete num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e
conspira contra o Governo da Presidente Dilma”.
Para
montar essa reportagem a revista “Veja” chegou ao limite da sujeira
jornalística. O Jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro tentou, por duas vezes,
invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel “Naoum”. Esse fato foi denunciado
pelo Gerente do Hotel e pelo ex-ministro junto à Delegacia de Polícia Civil de
Brasília. Nas investigações preliminares, o Delegado Dr. Laércio Rosseto, já
confirmou que
realmente o jornalista tentou violar o apartamento de José Dirceu, e isso
ocorrera, possivelmente, para tentar subtrair documentos para subsidiar a
reportagem.
Frente
a essa declaração do Delegado, não há dúvidas de que estamos diante de um dos
casos mais sórdidas do
jornalismo brasileiro, inclusive, se assemelhando muito ao histórico escândalo
envolvendo o tablóide britânico “News of the World”, que praticava escutas
telefônicas ilegais com objetivos políticos.
Diante
de tudo isso, e da covarde e premeditada omissão da mídia sobre os desenrolar
desses casos, perguntamos: por que a imprensa não publicou nada sobre a
negativa de Roberto Jefferson no Processo do Mensalão? Por que o Jornal
Nacional não noticiou o pedido de desculpa ao PT, pelo empresário mentiroso,
Rubnei Quícol? E finalmente, por que a mídia hegemônica não publicou nada sobre
esse sórdido caso envolvendo a revista “Veja”? As respostas são simples: os
desfechos desses casos desacreditam a mídia, e podem desnudar por completo, o
jornalismo esgoto e partidário praticado pela grande mídia nacional... Ley de
Médios urgente!
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
ALGOZ E VITIMA DO 11 DE SETEMBRO
"O melhor meio de os
EUA combaterem o terrorismo é deixarem de ser um dos principais terroristas do
mundo". Noam Chomsky
Não temos dúvidas de que o ataque sofrido pelos EUA
no dia 11 de setembro, foi uma grande barbárie que marcou aquele País. Porém,
não é menos verdade que foi uma tragédia anunciada, ou uma reposta à política
externa e o terrorismo de Estado que o governo norte-americano espalhou e
espalha mundo afora.
Está claro também, que as razões
propaladas pelos EUA para justificar suas investidas em todos os cantos do
mundo, não são motivadas pelo espírito pacificador e de defensores da
democracia, ao contrário, suas ações visam tão somente, defender os seus
interesses por meio da força e da espoliação de países e regiões cuja riqueza
natural ou estratégica possam lhe trazer algum benefício financeiro ou
político.
Outra
conhecida razão para as nefastas ações dos EUA são as guerras que objetivam
alcançar altos lucros financeiros. A guerra do Iraque, por exemplo, conhecida
como a batalha mais privatizada de toda história, movimentou bilhões de dólares
entre as empresas dos EUA. Contudo, há que se ressaltar que todo esse fabuloso
lucro teve um custo imensurável para o seu povo: as milhares de vidas que foram
perdidas nessa luta. Só para se ter uma idéia, somente com a reconstrução do
Iraque, mais de 4.500 soldados estadunidenses morreram, ou seja, o dobro de
vítimas do “11 de setembro” nos EUA.
Aliás, comentando
essa ambição do imperialismo norte-americano e a imediata reação dos povos, a
jornalista Cecília Toledo escreveu: “O maior significado do 11 de setembro não
reside em ter sido o estopim de uma guerra contra o terrorismo, mas sim uma
demonstração de até que ponto o imperialismo pode chegar na sua ânsia de
controlar partes cada vez maiores do mundo. Essa política colonizadora
enfrentava resistências cada vez maiores das massas dos países oprimidos,
obrigadas a viver num processo crescente de miséria e opressão, assistindo
impassíveis à espoliação desenfreada de suas riquezas. E isso impulsionou os
movimentos nacionalistas e fundamentalistas, entre eles o Talibã, acirrando o
ódio das massas contra o imperialismo”.
Mas não podemos nos esquecer que toda
essa história do atentando de “11 de setembro”, guarda também, uma dicotomia
que coloca o EUA como algoz e vítima. Foi exatamente no dia 11 de setembro de
1973, que ocorreu um dos mais terríveis golpes de Estado da América Latina, e
que teve como principal articulador e algoz, os EUA. Essa subversão militar
aconteceu no Chile e teve como conseqüência uma das maiores atrocidades que
aquele povo já enfrentou. Logo após o golpe, o General Pinochet depôs o
Presidente Socialista, Salvador Allende. Em seguida iniciou um genocídio e uma
brutal covardia contra o povo Chileno. Mais de 28 mil cidadãos foram
barbaramente torturados, 2.300 pessoas executadas, 1.250 Chilenos
desaparecidos, e mais de 200 mil exilados. E tudo isso aconteceu na mesma data:
11 de setembro, porém, mesmo com as grandes manifestações do povo Chileno, a
mídia teima em esconder esse terrível “11 de setembro”.
Somada
a essa barbárie do Chile, há que se recordar também, outras atrocidades
cometidas pelos EUA, mas que por motivos óbvios, não são rotuladas pela mídia
como atos terroristas. Assim, perguntamos: será que não foi terrorismo a guerra
do Vietnã com a utilização de armas químicas (agente laranja)? E a bomba
atômica lançada sobre Nagasaki e Hiroshima? Será que não caracteriza terrorismo
esse desmedido e cruel embargo econômico a Cuba? E o assassinato de Osama Bin
Laden, que se encontrava desarmado e já rendido, não foi um ato de terrorismo?
Claro que todas essas ações são atos de terrorismo de Estado, e o pior: com a complacência
das grandes potências, inclusive, com a devida bênção da desacreditada e omissa
ONU.
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